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4 Diário da Câmara dos Deputados

Telegramas

Do professorado do concelho de Olhão, pedindo a revogação dos decretos n.ºs 10:729 e 10:776.

Para a Secretaria.

Dos aspirantes de finanças e chefes fiscais dos concelhos de Óbidos e da Batalha contra o projecto de lei do Sr. Vergílio Saque.

Para a Secretaria.

Antes da ordem do dia

O Sr. Presidente: - Vai entrar-se no período de antes da ordem do dia.

O Sr. Jaime de Sousa: - Sr. Presidente: tinha ontem pedido a palavra para quando estivessem presentes ou o Sr. Ministro das Colónias ou o Sr. Ministro dos Estrangeiros, para tratar da situação em que se encontram neste momento a nossa colónia de Macau e os portugueses no Extremo Oriento, em face da agitação revolucionária que tende a generalizar-se na China.

Sr. Presidente: sabe V. Exa. o sabe toda a Câmara que um movimento de carácter revolucionário se está desenvolvendo na China contra os estrangeiros, começando em Cantão, onde só deram encontros entre a polícia chinesa e os grevistas revolucionários, intervindo os elementos estrangeiros que desembarcaram fôrças dos navios de guerra.

O ponto que mais nos interessa, é que em Cantão, às portas de Macau, onde a população portuguesa é numerosa, a agitação tomou um carácter mais grave, porque se declarou abertamente com carácter bolchevista, dirigida como está verificado, por oficiais russos.

E, se é certo que na manifestação de Xangai, já se havia verificado que existia dinheiro russo impulsionando êsse movimento revolucionário, em Cantão, além dêsses elementos demonstrativos, apareceram oficiais russos comandando os revoltosos.

Sr. Presidente: o facto concreto é que neste momento quem está senhor da situação em Cantão é justamente a facção bolchevista, a mesma que, impulsionada pelo dinheiro russo, bateu o venceu as tropas legais.

Os telegramas que têm chegado a Lisboa são alarmantes, porque noticiam o> ataque directo a estrangeiros, como por exemplo à missão britânica, em que houve mortos e feridos, e referem-se à fuga do estrangeiros para Hong-Kong e Macau.

Sr. Presidente: em tudo isto há um ponto do interrogação, qual é não sabermos nada acêrca do que só passa em Cantão e Macau, relativamente aos súbditos, portugueses.

Sabemos, apenas, que o nosso consulado tem à sua disposição um navio de guerra, mas não sabemos mais nada.

Numa entrevista publicada ontem num jornal da tarde, o Sr. Ministro das Colónias dá alguns esclarecimentos sôbre a situação, mas um ponto há que não pode deixar do interessar a Câmara, e êsse é a notícia de que vão seguir em breve" dias navios para o Extremo Oriento, a fim do socorrer as nossas posições na China, um navio do guerra e um transporte com tropas.

Sr. Presidente: esta mobilização mostra, que o Govêrno está vigilante, mas todavia não impede que se lhe peça informações para tranquilizar e elucidar a Câmara e o País acerca do uma questão que, por ora, está ainda muito confusa.

E natural que o Govêrno esteja recebendo, a curtos intervalos, notícias telográficas sôbre a situação da China, e é por êste motivo que ou peço ao Sr. Ministro das Colónias que diga a Câmara, tanto quanto o andamento das negociações e o procedimento do Govêrno o permitam, algumas informações que nos tranquilizem.

Se o Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros estivesse presente, desejaria preguntar a S. Exa. o que se passa, no campo das negociações diplomáticas, com o Govêrno de Pequim, porquanto sei que foi entregue uma nota cominatória pelas potências que têm interêsses na China, o eu desejaria saber se o Govêrno Português foi oportunamente ouvido, se assinou a referida nota, o finalmente, se o nosso. Ministro em Pequim está atento o se tem colocado a nossa posição no pé de igualdade com as outras potências.

Espero, pois, que o Sr. Ministro das Colónias dê as informações que julgar convenientes.

Tenho dito.

O orador não reviu.