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Sessão de 25 de Junho de 1925 7

forma como notícias alarmantes tem sido muitas vezes publicadas em Portugal, agitando o espírito anti-estrangeiro dos chineses na China.

Sei também, Sr. Presidente, que o actual governador interino de Macau, homem de extraordinária prudência e profundo conhecimento dos assuntos da colónia, reúne à sua coerência e valor militar, a ponderação e a diplomacia suficientes para poder levar a bom cabo a vida da colónia durante esta crise.

No emtanto, quero dizer ao Sr. Ministro das Colónias que não deve hesitar em pedir ao Parlamento os créditos necessários para fornecer à colónia de Macau todos os meios indispensáveis para a sua conservação e prestígio.

Apoiados.

Eu creio bom que ninguém recusará ao Govêrno os meios precisos para ocorrer à defesa dos habitantes portugueses de Macau e das comunidades portuguesas no Extremo Oriento.

Creio que o Sr. Ministro das Colónias virá a reconhecer essa necessidade.

É preciso, porém, que quando o reconhecer, não hesito em o declarar.

Sr. Presidente: quero também chamar ainda a atenção do Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros para o problema que se debate, porque êle pode vir a ser mais de ordem diplomática do que militar.

Apesar de ser um conflito armado, a intervenção diplomática há-de ser a mais importante na resolução da questão. E, também não é menos verdade que os portugueses só aparecem nessas conferências já tarde, desconhecedores do assunto e perfeitamente desligados de todos os pormenores que lhes podem, dalguma forma, fornecer elementos para a defesa dos interêsses de Portugal.

Apoiados.

No momento actual nem sequer há Ministro de Portugal em Pequim.

O Sr. Batalha de Freitas, cujos serviços são de extraordinário valor, e que tem na China uma posição excepcional de destaque entre todos os diplomatas europeus, (Apoiados) não está já na China, porque, por legítimo direito de promoção, foi para Bruxelas.

Infelizmente, não nos podemos, por isso, utilizar, agora dos seus serviços, e o que é facto é que não temos actualmente nenhum representante em Pequim. Tenho, além disso, a impressão de que o Ministro que está nomeado, desconhecendo o meio em que tem de exercer a sua acção, pouco poderá fazer.

Já os jornais portugueses, e principalmente os ingleses, dizem que em Inglaterra se estabeleceu uma corrente de transigência, permitindo resolver o problema da China pelos meios diplomáticos.

Daqueles jornais também consta que delegados vão já a caminho da China para estudar o problema das concessões. Receio bem que os portugueses se não preparem e se não ocupem do assunto senão no próprio dia em que o problema tiver de ser resolvido.

É indispensável exercer uma diplomacia de acção conjunta com a Inglaterra, a fim de podermos saber o que ela pretende resolver, o vermos assim qual o papel que deveremos tomar e a melhor maneira de procedermos.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Jaime de Sousa (para explicações): - Em primeiro lugar agradeço ao Sr. Ministro das Colónias as explicações que S. Exa. deu à Câmara.

Em segundo, registo que, das afirmações de S. Exa., resulta que, até o momento presente, nenhum facto atentatório da integridade dos direitos dos portugueses no Oriente foi praticado.

Êste facto é muito importante para nós, e, em parte, tranquilizador.

Ainda, Sr. Presidente, é também interessante o ponto de vista do ilustre Ministro, chamando a atenção da Câmara para o melindre que revestem as afirmações que aqui, ou lá fora na imprensa, se possam produzir sôbre esta questão.

É certo, Sr. Presidente, mas até agora também da parte do Govêrno nenhum facto há de que, bem ou mal interpretado, possa resultar qualquer desproveito para as negociações diplomáticas possíveis.

A situação em si própria, o envio de um navio de guerra português e de um outro transporte ao Extremo Oriente, não representam senão medidas de prevenção, destinadas a estabelecer uma defesa e uma conveniente preparação para qualquer acontecimento.