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Sessão de 2 de Julho de 1920

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glória (Apoiados). Não o vejo — e S. Ex.a não pertence ao partido em que eu ini-lito— mas isto vem para mostrar única: mente a sinceridade e a justiça que têm as minhas palavras, mesmo referidas a qualquer dos membros do Governo actual, e para significar que nelas não se pode ver senão a discordância de processos, que, eu sei, estão no seu próprio íntimo, que não são modificáveis à vontade de cada um, que representam, tradições, que são pontos de vistas assentes, pouco fáceis de modificar, a não ser quê na sua produção eles tenham um reflexo exterior tal,, que nós possamos ver neles uma nova corrente de opiniões.

Assim terminarei as minhas considerações,, dizendo que espero que o Congresso por um voto expresso da maioria represente não uma confiança ao Governo, mias uma confiança à República e uma demonstração de conformidade com a Constituição.

O orador não reviu.

O Sr. Bernardino Machado: — Sr. Presidente : perante o facto do conflito entre a> Câmara dos Deputados e o Senado, não se pode levantar a questão de proeminência duma sobre a outra das duas Câmaras.

Embora a Câmara dos Deputados seja naturalmente pela Constituição a Câmara mais política, estou certo, fíiço essa justiça a esta Câmara, ela não pensou nunca em impor o seu voto à Câmara dos Senadores.

Não se trata, por consequência, aqui de imposições; do que- se trata ó, perante o facto do conflito, perante esta anormalidade, achar uma solução.

^Pode ser a solução, a substituição, do .actual Governo?

Sr. Presidente : todos desejariam, efectivamente, por maior que seja a conside-ção que prestam aos Ministros que ali se sentam, todos desejariam ver um Governo que reunisse os republicanos todos, que congregasse os esforços que por toda a parte a Nação está fazendo pára o seu ressurgimento, esforços que, infelizmente, nem todos têm acompanhado; de facto, assim, mas a verdade é que todos têm vindo aqui dizer que não foi possível, que não é possível organizar esse-Governo Nacional, que seria incontestável-

; mente a aspiração de todos os republicanos, que é a aspiração da Nação.

Há um ano que sé salvou a República pelas armas, é necessário que agora se procure nobilitá-la pelas leis, mas, para isso, é preciso que todos os republicanos se congracem, que à frente da Nação es-tej-i um Governo só republicano, sem cores partidárias, um Governo Nacional.

Mas, se todos reconhecem que não é possível esse Governo, £ qual é então o Governo que se deseja?

E um outro Governo que inverta a situação, um Governo, porventura, que obtenha uma moção de confiança no Senado e uma moção de desconfiança na Câmara dos Deputados?

De mais soaram já as palavras de direita e esquerda, e eu pregunto se depois ila guerra os grandes problemas da democracia podem ser resolvidos pelas direitas.

£ Podem as direitas actuar em matéria administrativa, num país que tem a presidência dos seus municípios entregue, não só ao presidente da Câmara, mas ainda a um'administrador do concelho?

Precisamos fazer uma larga reforma administrativa, precisamos extinguir os administradores de concelho, precisamos acabar com os chamados agentes eleitorais, precisamos acabar com os governadores civis, precisa-mos criar em Portugal o regionalismo, essa aspiração que palpita por toda a parte.

(»Todas essas aspirações, que são radicais, vão ser satisfeitas pelas direitas?

Nós precisamos fazer uma política financeira absolutamente democrática, precisamos lançar impostos .sobre as fortunas, sobre os rendimentos, sobre as sucessões ; acabar tanto quanto possível com a desigualdade dos impostos, acabando com os impostos indirectos que pesam sobre as classes mais desprotegidas r

Todas estas reformas são indispensáveis 'e em pregunto: