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Diário da» Sessões do Conyresso

porque alguns de nós defendemos o princípio do intervencionalismo, ap passo que outros o combatem, mas o que entendem todos os parlamentares socialistas é que é preciso apoiar o Governo, se ele trouxer à Câmara medidas úteis ao País.

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Deixemos que o Governo se pronuncie; deixemos que o Governo se justifique.

A atitude da minoria socialista será portanto de espectativa.

Se efectivamente o Governo for um Governo das esquerdas, se o Governo for efectivamente de soluções radicais, poderá contar com o apoio da minoria socialista, mas se o Governo enveredar por caminho diverso, se titubear, se hesitar, nós diremos ao representante do nosso partido no Governo, isto é, ao Ministro do Trabalho, que saia.

Nada mais é preciso acrescentar, e apenas outra vez eu apelo para os republicanos deste País^ pára que se compenetrem do momento grave que passa, a fim de resolverem qual o melhor procedimento que devem adoptar; para que, em suma, sejam dignos do povo que fez a República em 1910, do povo que salvou a República na escalada de Monsanto.

O Sr. 'Albino Pinto da Fonseca:—Re-queiro que seja prorrogada a sessão até a votação da proposta que se discute.

Consultada a Câmara, foi aprovado.

O Sr. Hermano de Medeiros:—Requeiro a contraprova.

O Sr. Presidente:— Vai proceder-se à contraprova.

O Sr. Hermano de Medeiros:—Desisto do requerimento.

. O Sr. Álvaro de Castro:—Antes de iniciar as rainhas considerações, tendo o Sr. Cunha Liai chamado a minha atenção para as palavras proferidas pelo Sr. António , Granjo, eu mesmo, sem essa referência, teria dito que p Sr. Cunha Liai foi no Parlamento dezembrista a ligação constante com os elementos da República, que foi o audaz lutador que mesmo dentro

desse Parlamento soube criar uma atmosfera favorável aos defensores dá República.

Não podia eu deixar de prestar esta homenagem às qualidades do Sr. Cunha Liai, como republicano convicto.

Não discutindo agora as responsabili-dades que teve no Governo dezembrista; sei de facto que S. Ex.a lutou contra os dezembristas e, na hora em que muitos recuaram, o Sr. Cunha Liai lutou com alma e com toda a valentia.

Feitas estas, considerações e ditas estas palavras de justiça, eu vou-me referir propriamente ao problema que chama hoje a atenção do Congresso.

Sr. .Presidente: as actas das sessões e os Diários das Câmaras registam unicamente as palavras pronunciadas pelos oradores das duas casas do Parlamento, mas não registam a atmosfera particular, a mentalidade dalgum as- das passagens que revestem esta assarublea quando se discutem problemas que, parecendo restritos, alcançam, atingem, quási se pode dizer, o fundamento da própria República.

Se, efectivamente, esses documentos escritos reflectissem as impressões, a atmosfera particular duma certa sessão'que houve neste Congresso, nós poderíamos agora avaliar também da existência do mesmo estado de espírito, da mesma tenebrosa interrogação, das dificuldades que para nós reveste a situação actual.

Se eu pudesse íazer a evocação'do passado, não restritamente no campo jurídico, para avaliar a situação política qm 1913,. quando se pretendia sofismar a interpretação do artigo 13.° da Constituição, e revelasse tudo o que então se passou nos bastidores da política, talvez pudesse pôr uma situação idêntica, que reveste, nas palavras de todos os oradores, e nas minhas mais do que nenhum outro, o receio que podia advir do acto que não sendo restritamente constitucional, se pretende tornar constitucional pela adopção duma medida que está contida dentro da faculdade do Congresso da República.