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o de 2 de Julho de Í920

as cadeiras do Poder solucionar os problemas que nos assoberbam , Não se fez o que preconizei, mas não é agora meu in-tuitp censurar ninguém por tal não se ter conseguido.

O Ministério da presidência do. Sr. António Maria da Silva constituíu-se como está, mas ele não pode de modo algum viver sem o apoio dó Parlamento e o Parlamento tem a sua representação legítima nas duas Câmaras — Senado e Câmara dos Deputados — e sem à confiança de qualquer delas não há Governo, que sem violência possa viver. (Muitos apoiados}.

Poderá discutir-se a atitude do Senado, poderá alguém censurá-la. Eu não o censuro nem o discuto, porque o Senado é uma Câmara soberana e tem, por consequência, o direito de proceder p«la forma que julgar mais conveniente e patriótica. Pois hem : o Senado fez saber ao Governo que ele não lhe merece a sua confiança. ' Já por duas vezes tive a infelicidade de formar Ministério, sem que jamais tivesse . resistido sequer à má disposição revelada 'de uma das Câmaras para com o Governo, e, se estivesse na situação do Sr. António Maria da Silva, a quem presto as minhas homenagens como republicano, como pá-' 1 triota e como homem de valor, teria imediatamente apresentado o meu pedido de demissão ao Sr. Presidente da República-(Muitos apoiados)

Não tenho; Sr. Presidente, absolutamente nenhum desejo -de que o Governo caia, pois, como português e como republicano estou farto de verificar as deploráveis • consequências que para a Nação e para a República resultam da queda sucessiva de gabinetes. Estive naquelas cadeiras como solução última, depois de terem sido degoladas -todas as tentativas ; estive ali obrigado pelas circunstâncias pré- ; cisamente nas condições em que o Sr. Júlio Martins disse, encontrar-se hoje o Sr. António Maria da Silva e, todavia, foi o próprio Sr. Júlio Martins quem me atacou no dia em que ao Parlamento se apresentou o Governo a que eu presidi, simplesmente por não ter concordado com a sua constituição e apesar de saber muito bem as razões por que aceitei a encargo

de formar gabinete.

O Sr. Júlio Martins: Ex.a

Não ataquei V.

O Orada?:—No dia em que fb a apresentação do Governo na Câmara dos Deputados V. Ex.a atacou a sua constituição e, no emtanto, V. Ex/"1 estava inteiramente ao facto de que Osso Governo representava a .última tentativa que naquelas circunstâncias podia ter sido feita consti-tucianalmente.

O Sr. Júlio Martins:—V. Ex.a labora num equívoco. Declar"ei oposição ao Governo, mas não lhe apresentei nenhrçma moção de desconfiança e, pelo contrário, disse até que, muito embora estivesse em oposição ao seu Governo, era pelos seus actos que o haveria de julgar.

O Orador: — Sr. Presidente: se â proposta de aditamento tivesse surgido na Câmara dos Deputados no mesmo dia em que o .Governo só apresentou, não faria hesitação alguma em a aceitar (Apoiados), porque reconheceria que o Governo devia ter razões fortes e decisivas para a apresentar; todavia, não se poderia, dizer que tal atitude fosse despida de alguma generosidade, de algum patriotismo, de alguma intenção de apoiar o Governo, visto .que fora votada creio que há apenas dezassete dias — eu estava ausente — uma proposta de prorrogação dos trabalhos parlamentares até 15 de Agosto. Se esta proposta de prorrogação foi considerada indispensável para que se votassem os orçamentos e medidas de finanças ou quaisquer outras reputadas urgentes para a administração pública, não fazia realmente sentido que logo a seguir se viesse fazer um adiamento das Câmaras por oito dias. As duas propostas são contraditórias, mas, no emtanto, eu votaria a, do adiamento se ela, de facto, tivesse sido apresentada no dia em que o Governo tomou conta das pastas da governação pública. Depois, porém, de ter surgido o actual conflito, depois de o Senado ter recusado ao Governo a sua confiança, não caberia no espírito de ninguém que esta proposta não trouxesse dentro de si, flagrante e iniludível, um significado político.