O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

Sessão de 2 de Julho de 1920

que também .é certo é que os políticos têm feito política demais e República de menos.

Se após Monsanto se tivesse limpado a República do escalraeho que para aí anda, - se tivéssemos feito o saneamento do exército, n^o consentindo que os homens que estiveram em Monsanto estejam hoje com os galões no braço ocupando altas situações da República; se não tivesse havido, da parte dos republicanos, os atestados de bons republicanos passados a favor de reaccionários, a nossa vida política seria completamente diferente, a nossa vida política de certo não se debatia nas míseras paixões mesquinhas que nos separam, e haviam de unir-se numa obra estruturalmente re-publicana e earacteri-zadamente patriótica.

É por isso que eu digo ao Governo que ele pode contar com o nosso desinteressado apoio até o dia, que oxalá não apareça, em que deixe de se exprimir a vontade das ideas que defendemos.

Logo que tal sucedesse eu daqui lhe diria franca e lialmente, frente a frente, que não mais contasse com. o nosso apoio. . ,

O Governo que temos na nossa presença é aquele que foi possível organizar constitucionalmente, e nele se encontram verdadeiras competências, como já aqui foi reconhecido por todos. Assim, eu pre-gunto às oposições do meu país: £ Porque há-de tal Governo abandonar o Poder?

Disse o Sr. António Granjo: os Governos precisam viver com o Parlamento e com a opinião pública.

De íacto assim é. Isso mesmo afirmei eu eni 1913, e, como então, afirmo ainda hoje.

Mas o Governo acaba de fazer a sua apresentação; não teve ainda tempo de trazer às Câmaras quaisquer propostas que, uma vez conhecidas, levassem a opinião pública a manifestar-se pela saída do Ministério das cadeiras do Poder. Portanto, não compreendo como se fala na opinião pública para dizer que ela não quere este Governo.

j Estranha política esta, Sr. Presidente!

A opinião pública o que quere neste momento é que arranquemos o país da miserável situação em que se encontra. Quere um Governo que faça pagar quem deve e que não se curve nem perante os de cima, nem perante os debaixo." •

Não quero, nem compreende, uma política de oposição sistemática ao Governo que vem de se apresentar.

O Sr. Sá Cardoso não pôde constituir Governo.

O Sr. Brito Camacho não quis organizar Governo.

O Sr. Presidente do Senado não pôde também formar Governo.

Então eu pregunto: ,; Porque tanta luta contra esto Governo que afinal foi a única solução a que se pôde chegar?

í Isto é que a opinião pública não aceita bem! (Apoiados).

O Governo esperando, nos termos da moção, que o Parlamento lhe dê o adiamento de dez dias, tem a confiança do Parlamento. (Apoiados).

Trabalhe, organize, trate da questão financeira e económica, coloque a situação do país de maneira a que possamos ter confiança, e qualquer cousa mais que lutas intestinas, abramos sobre pontos concretos do problema uma larga discussão, e então, se o Governo estiver à altura da sua missão, eu, e o meu partido, continuaremos a nosso apoio, e a estar a seu lado. (Apoiados).

Vozes: — Muito bem.

O Orador: — Continuaremos a ter pelos homens que ali estão o máximo respeito, e diremos que souberam realizar o desi-deratum que se lhe impôs.

Se assim não for não podem contar com a nossa confiança.

O Sr. António Granjo: — Não quero abusar da concessão que me permite dar estas explicações. ,

Sabe V. Ex.a muito bem que não fiz acusações ao Sr. Júlio Martins, mas dei conselhos amigos, apenas.

A situação política tem analogias com casos concretos inteiramente como estes.

(Não apoiados) (Apoiados).