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de 2 de Julho de 19210

Nada mais quero acrescentar para definir o meu ponto de vista, de que não concordo com a proposta de adiamento, e apenas, para concluir me cumpre afirmar mais uma vez que não venho aqui com o propósito de levantar dificuldades ao Governo. -

Se faço estas declaraçáes e falo desta maneira, ó porque assim penso e mais nada. (Muitos apoiados).

O orador não reviu.

O Sr. Cunha Liai : — Sr. Presidente : já sabia de antemão que todas as vezes que se tocasse, o mais ligeiramente possível, no calo de qualquer dos ilustres correligionários do Sr. António Granjo, o meu nome viria à discussão.

Antes mesmo de ouvir as palavras do Sr. António Granjo, eu já sabia que o inevitável paralelo com o Cunha Liai devia constar do discurso de S. Ex.a

Estou acostumado a paralelos com a minha humilde pessoa aqui dentro e lá fora. Sem que V. Ex.as vejam nas minhas palavras qualquer motivo de retaliação, permita-me o Congresso que eu lhe diga que há criaturas que resgatam os seus erros duma forma tam formidável que merecem que não se lhes toque, e eu quero invocar os nom.es dos meus coToipanhei-ros da Câmara dos Deputados dezembris-ta Srs. Celorico Gil e Adelino Mendes, qi.e comigo combateram sempre pelos princípios republicanos, com tanta energia, tam galhardamente, como eu não posso admiti? que sejam suplantados por qualquer dos Srs. Congressistas presentes.

Não estabeleçamos paralelos. Se eu quisesse recordar a atitude de uns e doutros, apelaria para o testemunho do Sr. Álvaro de Castro : nos momentos em que era precisa a união dos republicanos é que eles desertavam. -

Se eu não entrei na revolução contra o dezembrismo foi porque nessa época estava eu em França, donde regressei só em Março ; de contrário teria entrado nela. Eu, que não sou jurista, não me importaria em rasgar alguma das páginas da Constituição, se visse que a República ia por mau caminho, visto que o meu sonho é torná-la mais*pura e mais elevada.

Parece-me, pois, que a evocação do meu nome feita peío Sr. António Granjo foi mal cabida. Não queira S. Ex.a con-

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fundir o nome dum soldado humilde e i obscuro da República com o nome dum partido.

Deixando, pois, o incidente, que, repito, me não magoou, devo declarar a V. Ex.a e ao Congresso que concordo em absoluto, como não podia deixar de ser, .com a proposta de adiamento dos trabalhos legislativos. Parece-me que esta questão se tem discutido com muita aridez. Estamos a discutir como se o país não estivesse à beira duma catástrofe; estamos a discutir como se dentro da situação dolorosa em que nos encontramos houvesse alguma cousa que valesse mais que os sagrados interesses da República. (Muitos apoiados).

No momento em que eu vejo a República, numa louca cavalgada, caminhar para o abismo, não quero entrar na apreciação de forma jurídica, o que quero é encarar a situação tal qual ela era antes da constituição do Ministério e ver se ó Presidente da iíepública tinha outro caminho a seguir.

Apelam os partidos para o respeito dos princípios constitucionais. O Partido Liberal diz que a formação deste gabinete ó inconstitucional por não ter maioria nas duas casas do Parlamento, mas esquecendo que também já ocupou o Poderem ter maioria em nenhuma delas. O Ministério Fernandes Costa não dispunha de maioria na Câmara dos Deputados/como não dispunha de maioria no Senado, prestando-se, no emtanto, a governar,, porque admitia a possibilidade da dissolução. Pregunto então?: £ porque é que admitindo o Partido Liberal a possibilidade da dissolução não põe hoje o problema com franqueza?