O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

4 Diário das Sessões do Senado

dêste país tenham sido os que se deram agora no norte.

Tenho dito.

Vozes: — Muito bem.

O orador não reviu.

O Sr. Carneiro de Moura: — Sr. Presidente: começo por apresentar os meus cumprimentos ao Sr. Presidente ao Ministério e Ministro do Interior.

S. Exa. acabou de ler à Câmara documentos, pelos quais o Sr. Ministro da Justiça lhe comunica que o Norte da Re-pública está neste momento em completa tranquilidade, excepção feita de Bragança.

A Câmara, pois, não pode deixar neste momento de se congratular com ta! notícia, tam agradável, não só pelo que diz respeito à ordem pública, como pelo que diz respeito á circulação fiduciária, que, diz o Sr. Ministra da Justiça, vai em,caminho de rápido normalização.

É para o Senado motivo de regozijo a noticia trazida à Câmara pelo Sr. Presidente do Ministério.

O Sr. Presidente do Ministério, pele seu prestígio e pela sua fé republicana, tem a facilidade de concorrer para a obra de restauração económica em que carecemos de entrar.

Esta vamos fazê-la numa época em que já não é possível o regionalismo ou bairrismo.

Nem o mundo moderno é propício a bairrismos, sobretudo quando em Paris os da Conferência da Paz tratam de fazer uma como que Confederação de Estados do mundo culto.

Não poderemos insistir no mesmo bairrismo, não poderemos transformar o Estado Português numa desordenada feira de brigões sem ideal e sem o culto do Direito e da Liberdade.

O Sr. Presidente do Ministério falou na dissolução do Poder Legislativo. Não há ninguêm que não deseje, dos que estão aqui, dar lugar a todos os que queiram colaborar a favor de República. Nunca a República teve um Parlamento tam desinteressado como o actual. Queremos a dissolução como princípio constitucional, e vamos votá-la dentro de poucos dias.

Nós não estamos presos a estas cadeiras. Não há um só Senador que não queira sair daqui, mas com honra, para nós e para a própria República, que só se pode dignificar pelo respeito intelectual da lei.

O Sr. Presidente do Ministério disse que a agitação dos últimos dias tem complicado muito o problema político.

Eu bem sei que S. Exa., querendo desenvolver a tese, teria muito que nos dizer.

Mas nós que somos mais responsáveis que ninguêm, bem conhecedores do que se passa, sabemos o que à República e à nossa própria dignidade devemos.

Temos o maior desejo, até porque temos a maior responsabilidade, de defender, a República (Apoiados gerais).

É possível que alguém pense em resolver anormalmente sôbre os direitos dos membros desta casa do Parlamento. Mas eu creio que todos os meus colegas do Senado — faça-se justiça ao seu carácter — estão aqui sem facciosismo político, estão aqui simplesmente porque os levaram a constituir o Senado, em nome dos altos interêsses da Pátria e da República, e ou tenho a certeza de que, afirmando a isenção política dos Senadores, os posso abranger a todos.

Ninguêm me pode acusar a mim de conservador, e sinto até que tenho sido no Senado um pouco perturbador do conservantismo, mas posso afirmar, e tenho o dever de dizer, que o conservantismo do Senado tem sido bem correcto, porquanto, apesar do meu radicalismo, tenho sido tratado com respeito por toda a Câmara.

Eu sou conhecido como radical. Não tenho receio de me declarar como tal.

Disse o Sr. Presidente do Ministério que os partidos políticos não tinham podido realizar uma obra tam concreta e benéfica para a República como seria para desejar. Por que não o dizer?

Se êles apenas têm sido formados por simpatias pessoais, simplesmente para satisfação de interêsses da facção... Assim, nunca poderiam os partidos fazer qualquer obra útil a favor do país. Disse o Sr. Presidente do Ministério, e muito bem, que os partidos estão em crise. Não há dúvida que estão, e tanto em crise estão, que têm pôsto em crise até a própria Republica.