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6 Diário das Sessões do Senado

Com honra entrámos, com honra havemos de sair.

Ouvi as declarações que o Sr. Presidente do Ministério deu à Câmara, e a leitura dos telegramas, e ainda bem que tenham passado essas nuvens de tristeza e que possamos viver caqui por diante com ordem, sem paixões políticas, num tampo em que iodos possam trabalhar com patriotismo e com benefício para o país. Termino exclamando: Viva e, Pátria!

O Sr. Machado Santos: — Depois da leitura dos documentos que o Sr. José Relvas trouxe à Câmara e depois das declarações de S. Exa., temos o dever do saudar o Govêrno - e de saudar todos aqueles que concorreram para levar a República à vitória, vitória que fácilmente se obteve desde que se estabeleceu a harmonia entre os republicanos.

Sr. Presidente: depois cãs palavras de S. Exa., que devem ser apoiadas per todos aqueles que tem responsabilidades dirigentes, depois dos movimentos que se tem dado no país, eu estou convencido que será bem melhor que vamos ao encontro das aspirações nacionais do que deixar que os acontecimentos galguem por cima de nós.

É um facto que precisamos da máxima reflexão e tranquilidade, terminando com as dissenções políticas que tem havido.

É uma cousa curiosa: É que, para o público, eu sou como que o empresário de todas as revoluções. Mas eu posso garantir a V. Exa. e à Câmara que apenas capitaniei uma revolução: a de 5 de Outubro do 1910.

Quando foi preciso fazer com que um Govêrno abandonasse as cadeiras do poder, eu provoquei uma grande manifestação da opinião pública sem barulhos, sem tiros. Foi o que se chamou a «archotada de Belém».

Mais tarde, perante uma conspiração que outros organizaram e que nos caria a restauração da monarquia, resolvi intervir e colocar-me à frente ao movimento para que êle fôsse acentuadamente nacional e republicano. Eu sabia que, no fundo, havia um grande desejo de Dão sã ir para a guerra. Se o e 13 de Dezembro houvesse triunfado, o país teria ido para a guerra, porque assim o queria eu
e os demais republicanos que nesse movimento tambêm entraram.

Não organizei êsse movimento — comandei-o. E comandei-o para não desviar a nação do caminho que lhe havia traçado, ao declarar-se a guerra europeia. O fracasso dêsse movimento foi um desastre não para mim, mas para o meu cúmplice.

No «5 de Dezembro» realizei a aspiração de um preso: a conquista da liberdade. Mas conquistei-a por minhas próprias mãos, para não ficar devendo favores a ninguêm.

Se o «5 de Dezembro» tivesse seguido outra política, aquela que eu lhe quis imprimir, outro teria sido o rumo e nós não teríamos passado por êste transe aflitivo.

Aludiu V. Exa., Sr. Presidente do Ministério, à dissolução parlamentar. Plenamente de acordo. Eu, se o Senado tivesse a iniciativa da revisão constitucional, teria já apresentado um projecto em que se introduzisse tal principio na Constituição.

Mas, parece-me, que soou já para todos a hora da justiça e da verdade. O Parlamento tem, realmente, de se ir embora. Devemos, todavia, fazer-lhe justiça. Durante largo tempo pairou sôbre êle a ameaça da dissolução violenta, o que deu lugar ao adiamento dos seus trabalhos. E a prova de patriotismo dos homens, que se sentavam nas duas casas do Parlamento, foi dada quando da morte trágica do Sr. Sidónio Pais. Foi o Parlamento quem restabeleceu a normalidade constitucional, elegendo um novo presidente sem uma nota discordante.

Realmente a opinião exige que se faça uma consulta ao eleitorado. Estou certo de que não haverá, dentro desta sala, uma nota discordante a tal respeito. (Apoiados gerais).

Quando transitar da outra Câmara para aqui o projecto da dissolução, não se erguerá contra êle uma voz; será votado por unanimidade, dando assim o Senado mais uma prova do patriotismo que o anima.

O Sr. Tiago Sales: — Do coração mo congratulo com a boa comunicação feita ao Senado pelo ilustre Presidente do Ministério o Sr. José Relvas.

Tam vivamente sinto o prazer dessa comunicação, quanto é certo que, em pó-