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Sessão de 18 de Fevereiro de 1919 11

há em que se obriga o consumidor a comprar por cada quilograma de açúcar amarelo, meio quilograma ou 250 gramas do branco.

Para prova da verdade, é que eu colhi a informação de que a Sociedade Portuguesa de Açúcares, Limitada, só fornece açúcar da seguinte forma: por cada dez sacas de açúcar amarelo 5 de açúcar branco. Notando que os sacos de açúcar amarelo tem 60 quilogramas e os de açúcar branco 75 quilogramas.

Por aqui se vê que o monopólio do açúcar continua, porque as fábricas mandam duas qualidades de açúcar quando lhe é requisitado só uma, vendo-se as mercearias obrigadas a impor ao público a compra dêsses dois açúcares.

Quem sofre mais são as classes médias, que se vêem obrigadas a fazer enormes sacrifícios na sua vida para apresentarem-se pela forma que a sociedade lhes exige.

Chamo a atenção de V. Exa. para que seja comunicado ao Sr. Ministro dos Abastecimentos êste assunto que é importante.

O Sr. Presidente:— O Sr. Zeferino Falcão pediu a renúncia do seu mandato.

Ontem, logo após a sessão, tive ocasião de o procurar juntamente com os Srs. Secretários e outros Srs. Senadores, para ver se conseguíamos dissuadi-lo do seu intento.

Foi absolutamente impossível. Nestas condições pregunto à Câmara se aceita a renúncia do Sr. Zeferino Falcão.

O Sr. Castro Lopes: — Soube ontem da resolução do Sr. Zeferino Falcão, que vi ser inabalável, e, tive um grande pesar como o deve ter tido toda a Câmara ao ter conhecimento de tal deliberação.

O ilustre Presidente do Senado, a quem me ligam as melhores relações de amizade há muitos anos, a quem presto a homenagem do meu maior respeito e admiração pelas suas grandes qualidades, creio que foi precipitado nesta resolução; (Apoiados) e é para mim duma grande amargura que não quisesse retirar o pedido feito ao Senado, quando todos estamos perfeitamente na mesma orientação.

Não compreendo que, depois do que aqui se tem passado, se possam fazer «afirmações em resultado contrário.

Sr. Presidente: lamento a forma como S. Exa. procedeu porque o ilustre Presidente do Senado podia ter deixado de colocar os seus colegas numa situação que êles não merecem.

É isto profundamente triste; mas é profundamente verdadeiro. (Apoiados).

Quando nós todos estamos perfeitamente de acôrdo com o que acabamos dê ouvir da boca do Sr. Carneiro de Moura, a Câmara tem que aceitar essa renúncia e proceder à eleição do Presidente do Senado. (Apoiados).

O orador não reviu.

O Sr. Tiago Sales: — Sr. Presidente: com pezar ouvi a informação de V. Exa. de que o Sr. Dr. Zeferino Falcão tinha renunciado o seu mandato.

Acostumámo-nos a ver no Sr. Dr. Zeferino Falcão um Presidente cumpridor, desejando sempre interpretar a lei à risca, tendo o maior respeito pelas disposições regulamentares e pelos direitos de todos nós. É um facto que eu lembro neste momento com satisfação; mas, Sr. Presidente, eu faltaria à sinceridade que devo a mim próprio, se não dissesse que não concordava com o procedimento de S. Exa.

Sr. Presidente: veio em vários jornais publicada a carta do Sr. Dr. Zeferino Falcão, na qual declarava que renunciava o seu mandato, e, se se desse o caso de ontem não ter havido sessão, nós seríamos os últimos a ter dela conhecimento oficial.

Isto já significa uma diminuição de atenção para connosco, que julgo em minha consciência não o merecer, visto que a S. Exa. tive sempre o prazer de prestar a homenagem da minha sinceridade.

Mas, se eu não concordo com esta maneira de proceder do Sr. Zeferino Falcão, muito menos concordo com a doutrina da sua carta.

Diz S. Exa. que abandona o Senado porque julga que, neste momento, se deve proceder à dissolução do Parlamento; mas nós nunca esboçamos o mais pequeno gesto nem proferimos qualquer palavra, donde se pudesse deduzir que não aprovaríamos a dissolução parlamentar.

Ainda V. Exa. ouviu há pouco os discursos pronunciados perante o Sr. Presi-