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Sessão de 18 de Fevereiro de 1919 13

masse a resolução que tomou sem nos ouvir, sem vir aqui, ainda que fôsse inabalável a sua resolução.

Eram estas as considerações que tinha a fazer.

O orador não reviu.

O Sr. Machado Santos: — Pedia ao Sr. Júlio Dantes que me esclarecesse sôbre se as suas palavras, acêrca do incidente Zeferino Falcão, se referiram a mim.

Poderia ter-me expressado mal, mas não tive o intuito de ofender a pessoa daquele meu amigo, tanto mais que êle não estava presente.

O Sr. Júlio Dantas: — Não se trata de qualquer ofensa ao Sr. Dr. Zeferino Falcão.

Nenhum dos Senadores presentes seria capaz de o fazer.

E se por impossível o fizesse, era ao Sr. Dr. Falcão que competiria adoptar, nessa emergência, o procedimento que entendesse conveniente.

Trata-se apenas duma suspeita de incorrecção, formulada por alguns Srs. Senadores, e em especial pelo meu ilustre colega Dr. Tiago Sales, acêrca do procedimento do nobre Presidente do Senado.

Êle não está aqui, e não pode defender-se.

Julguei eu do meu dever fazê-lo.

O Sr. Dr. Zeferino Falcão renunciou o seu mandato, com o mesmo direito com que tantos outros parlamentares o tem renunciado tambêm.

Fê-lo quando em consciência julgue inútil a sua permanência no Senado.

E julgou-a inútil, desde que o Sr. Presidente do Ministério lhe declarou que não tinha elementos para manter a ordem, se o Parlamento continuasse aberto.

A oportunidade da renúncia do Sr. Dr. Falcão imprimiu ao seu acto um aspecto político.

Estão V. Exas., e está o país, no pleno direito de o discutir.

Mas o que eu posso afirmar a V. Exas. é que nem sequer passou pelo espírito do ilustre parlamentar qualquer intenção de desprimor para com o Senado.

Podemos lamentar o facto de S. Exa. abandonar um cargo que serviu com tanto zêlo e tam nobre espírito de imparcialidade; mas, por muito que alguém possa discordar do seu acto político, há pelo menos o dever de respeitar a sua resolução e de fazer justiça à sua correcção pessoal e às suas intenções patrióticas.

O Orador: — O Sr. Júlio Dantas deu uma interpretação às suas palavras que a todos satisfaz.

Eu tive uma profunda mágoa, ao saber que o Sr. Zeferino Falcão abandonava os trabalhos parlamentares e o ter procedido da forma por que o fez, até nos tirou o direito de satisfazer o nosso desejo de ir a sua casa pedir-lhe que voltasse a ocupar a cadeira presidencial.

Tomámos conhecimento da sua carta pelos jornais.

Por êste facto é que eu lamentava o procedimento do Sr. Dr. Zeferino Falcão.

E nestas palavras não vai a menor ofensa a S. Exa.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Tiago Sales: — Quando o meu ilustre colega nesta casa, Sr. Dr. Júlio Dantas, cujo elevado espírito e brilhante cultura várias vezes nos tem encantado com a sua palavra eloquente e fluente, terminou o seu discurso, eu pedi a palavra para dar a S. Exa. as explicações a que julgo tem direito, não só pela amizade, mas pela elevação do seu espírito.

Não desejo que no espírito de S. Exa. fique qualquer impressão desagradável.

O Sr. Dr. Júlio Dantas falou como amigo.

Tambêm eu me honro de ser amigo e antigo discípulo do Sr. Dr. Zeferino Falcão.

Da minha parte não pôde haver o menor intuito de ferir, embora ao de leve, as susceptibilidades de S. Exa.

Eu comecei as minhas considerações por prestar homenagem à rectidão e espírito elevado do Sr. Zeferino Falcão.

O que ninguêm pode, é coartar-me o direito de apreciar factos que são públicos, e de apreciar êsses factos através do meu critério, pobre, sim, mas que é manifestado com o maior desejo de ser justo e recto.