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12 Diário das Sessões do Senado

dente do Ministério, e todos estão dispostos a cumprir com hombridade e desinterêsse êsse dever, que nos é imposto pela actual situação política.

Por consequência, parece-me que era dever de S. Exa. acompanhai até final os trabalhos desta Câmara.

O Sr. Machado Santos: — Tive já ontem conhecimento, e com mágoa que o nosso ilustre colega e amigo, Sr. Zeferino Falcão, pedira a renúncia do seu mandato.

S. Exa. foi um dirigente dos trabalhos desta Câmara, e a forma como sempre: o fez, aumenta a mágua de nós todos, por o vermos abandonar os nossos trabalhos. S. Exa. sem o querer, infringiu um preceito constitucional, pois que se esqueceu de que os membros do Congrego não podem aceitar mandatos imperativos.

O facto de em três comícios e ter votado a dissolução do Parlamento não é caso que a ninguêm obrigue, salvo se se reconhecer que o país cabe todo em três salas de espectáculos.

O Parlamento tem de dissolver-se. Mas que se dissolva por uma deliberação própria, sem imposições de nenhuma natureza.

Lamento que o Sr. Zeferino Falcão abandonasse esta Câmara e lamento ainda mais que o fizesse pela forma por que o fez.

O Sr. Júlio Dantas: — Sr. Presidente: entre as referências que acabo do ouvir fazer ao antigo Presidente co Senado, Sr. Dr. Zeferino Falcão, algumas palavras se pronunciaram que me parece que elevem ser levantadas. Embora S. Exa. me não dêsse procuração para o fazer, eu julgo-me no dever, como seu amigo pessoal, de afirmar à Câmara o seguinte: o Sr. Dr. Zeferino Falcão, renunciando o seu mandato e publicando nos jornais uma carta em que expõe os motivos da sua renúncia, praticou um acto de natureza política. Êsse acto pode, evidentemente, ser discutido; mas o que não me parece lícito nem justo é que se ponha em duvide, a correcção primorosa de S. Exa., a cujo carácter e a cujos serviços à República se devem as maiores homenagens. O antigo Presidente do Senado nunca nos deu, pelo seu procedimento modelar, o direito de pôr em dúvida a sua correcção pessoal e política. O Sr. Dr. Zeferino Falcão entende que o Parlamento deve ser dissolvido, porque não representa as correntes de opinião dominantes no actual momento político. Tambêm é essa a minha, opinião e tem sido a opinião expressa por todo o Senado. Mas S. Exa. não se manifestou, nem podia manifestar-se, no sentido duma dissolução violenta e inconstitucional. Quanto à carta que o Sr. Dr. Zeferino Falcão publicou nos jornais, posso afirmar que ela foi remetida simultaneamente ao Sr. vice-presidente do Senado e h imprensa, não cabendo a S. Exa. qualquer responsabilidade pelo facto de não ter sido feita oportunamente à Câmara a leitura dêsse documento. A atitude do Sr. Dr. Zeferino Falcão podia não ser poética, mas foi rigorosamente correcta, como é próprio da sua educação primorosa.

Tenho dito.

O Sr. Presidente: — Devo dizer que não ouvi qualquer referência à personalidade do Sr. Dr. Zeferino Falcão que me obrigasse a chamar a atenção do ilustre Senador Sr. Tiago Sales.

Vozes: — Muito bem.

O Sr. Júlio Dantas: — Eu não me lembro de que qualquer nosso colega tivesse sido menos correcto nas suas palavras.

O Sr. Castro Lopes: — Sr. Presidente: eu pedi novamente a palavra sôbre este incidente — que eu todavia não desejava que se prolongasse, tal é a amargura que êle me causou, tal é o sentimento disto tudo — porque o Sr. Júlio Dantas fez umas considerações que a isso entendi me obrigavam.

Eu queria fazer notar a S. Exa. não ter interpretado bem o nosso sentimento.

O Sr. Júlio Dantas (interrompendo): — Eu não me referi às palavras de V. Exa.

O Orador: — Muito bem.

Foi-me muito agradável ouvir as explicações de V. Exa. Mas eu só desejaria que o Sr. Dr. Zeferino Falcão, pelas relações de estima que tinha com S. Exa. e pelas saudades que nos deixou, não to-