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Sessão de 18 de Fevereiro de 1919 7

lítica, nunca fui senão republicano, e é desde os bancos das escolas que me tenho dedicado a servir a idea republicana.

Teve V. Exa. razão nas considerações que fez sôbre os actuais partidos políticos e sua acção prejudicial.

Sempre tive no meu espírito a convicção de que os partidos, tal qual eram organizados, podiam ser um grave prejuízo à marcha da nossa República que eu, muito modestamente, é certo, mas muito firmemente, tenho servido.

Nunca me filiei em partido algum, embora tivesse tido várias vezes a honra de ser convidado para neles ingressar. Sempre disse desde a primeira hora, que a República tinha tomado tam grandes compromissos e tam sérias responsabilidades perante o país que todas as inteligências, energias o melhores vontades eram poucas, para que ela pudesse ter êxito na missão- patriótica que se propunha desempenhar, encarando de frente a resolução dos problemas, que interessam à vida de Portugal.

Sempre me opus com a minha palavra e acção, embora modestas, à maneira como os partidos se estavam organizando e ainda mais à maneira como êsses partidos agiam dentro da República.

Sr. Presidente: soou a hora da verdade e é preciso que todos tenhamos a coragem moral de a declarar, sempre que seja necessário.

A responsabilidade da gravíssima crise que tem atravessado a nossa República compete inteira às lutas partidárias, compete àqueles que não tiveram, a energia moral bastante para pôr, acima das suas pessoas, das suas vaidades, das suas paixões e dos seus caprichos, o ideal da República, o bem estar da Pátria e o benefício colectivo. (Apoiados).

Todos devemos aspirar a honrar o 5 de Outubro e os altos sacrifícios que milhares de cidadãos fizeram para erguer Portugal acima da má situação em que se encontrava sob qualquer aspecto que se considerasse.

Pode dizer-se, neste país, nesta terra de intrigas e de insinuações tudo é presumível, que eu tomei esta atitude porque obedecia à preocupação doentia de pôr a minha pobre individualidade em destaque.

Como isso é possível, declaro à Câmara e ao país que nunca, fiz imposições a Govêrno algum, nem qualquer pedido que pudessem significar interêsse pessoal.

Não há um único homem que se tenha sentado naquelas cadeiras do poder que possa dizer que Tiago Sales lhe fizera tal pedido para satisfação de qualquer vaidade ou interêsse pessoal, demonstrando assim a sinceridade de minhas palavras e autoridade moral para as pronunciar.

Tendo-me convencido de que um dos grandes males do nosso país estava na falta de organização das classes para o estudo, do que mais interessa à vida do país, e na falta de disciplina social, desvalorizadamente é certo, mas com muita persistência, muito boa vontade e muita dedicação mo entreguei, nos concelhos onde tenho alguma influência, à organização da instrução militar preparatória, procurando assim contribuir para melhorar as condições militares do país sob os vários aspectos que essa instrução encerra.

Lancei-me tambêm na organização da classe agrícola e todos sabem quanto é difícil essa organização pela sua falta de espírito associativo e compreensão dos benefícios, resultantes da solidariedade perante interêsses comuns.

Apesar disso, Sr. Presidente, tive a honra de ver coroados dalgum êxito êsses meus modestos esforços.

Tive a honra de ver que uma sociedade de instrução militar preparatória, organizada por mim na Lourinhã, era louvada pelo Ministério da Guerra e pelo Ministério da Instrução, não só pela forma como os seus alunos se apresentavam sob o ponto de vista militar, mas pelos esforços, que fiz em lhes ser proporcionada a primeira instrução, entrando muitos dêsses alunos nos quartéis com os primeiros conhecimentos de leitura e escrita, ministrados nas escolas nocturnas que a aludida sociedade patrocinava.

Disse, Sr. Presidente, que me dedicara tambêm à organização da classe agrícola.

É sabido que isso tenho tentado, promovendo a constituição dalguns sindicatos Agrícolas e caixas de crédito agrícolas, a princípio pequenos núcleos de lavradores, hoje já fortes agregados agrícolas com milhares de sócios, cônscios da utilidade económica de tais organismos que por si têm feito a melhor propaganda da sua existência.