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-Sessão de 4 de Ayosto de 1920

telado, e por não ter estudado bem os assuntos, e levado pelas ideas quo acompanham os pedidos sem ver o seu alcance.

Todo o cuidado é pouco para quem está nas cadeiras do Poder.

As circunstâncias actuais sào do molde a levar os governos a dar certas concessões que podem ser um perigo para o país.

Eu concordo que quando aparecem destas maravilhas nada deve impedir que o Executivo, pelas estações competentes, fa-•ça o estudo completo do assunto e depois o traga ao Parlamento.

É aqui, por uma larga discussão que é pública, podendo, por conseguinte chegar ao conhecimento de todos qualquer irregularidade, que estes assuntos devem «debater-se.

Desta maneira ninguém, poderá acusar os governos de qualquer suspeição, que com tanta facilidade se lança sobre os homens públicos.

O Sr. Presidente:—V. Ex.a está quá-si a acabar os 25 minutos.

Vozes: — Fale, fale.

O Orador: — Sr.- Presidente: eu sou d«3 opinião de que o Poder Executivo deve ser o primeiro a afastar-se de situações que possam dar lugar a suspeitas, as quais se levantam em toda a parte sobre tudo e sobre todos.

' Eu lembro me muito bem do pedido de •concessão para se estabelecer um grande hotel no Castelo de S. Jorge.

A idea era maravilhosa, tanto mais que não temos condições para receber os estrangeiros ricos.

O projecto era admirável e os peticionários nada mais pediam do que licença para construir o hotel, construindo previamente os estabelecimentos para substituir os que lá estão.

Tudo simplesmente em troca de 75 anos de exploração, findos os quais o hotel passaria para o Estado.

Não havia questão financeira nem embaraços de qualquer ordem para o Estado. Apresentada a questão em Conselho de Ministros, om resposta ao chefe do Governo disse eu que o plano era admirável e que o assunto devia ser estudado pelas repartições competentes, não devendo o

Governo fazer a concessão mas sim levá-la ao Parlamento para este resolver.

Cito este facto para mostrar a minha revolta, se assim se pode chamar, contra a concessão do porto do Montijo.

Trata-se duma questão de princípios. O Poder Executivo não deve fazer concessões des*a natureza, que são graves, mormente para todos nós que estamos a ver como correm as administrações municipais e do Estado. Está-se vendo o resultado do privilégio concedido à Companhia dos Eléctricos.

Não era este o momento para se fazerem concessões por 75 anos a empresas que amanhã podem desaparecer transformando-se em entidades estrangeiras.

Toda a cautela é pouca.

Hoje, em virtude de diversas circunstâncias, a alta finança e os altos interesses penetram em toda a parte. Tudo se consegue com dinheiro e a acção deste manifesta-se nas repartições públicas.

Nós vimos como desapareceram coutas do Ministério dos Abastecimentos, e, para esse desaparecimento, com certeza que se fez girar o dinheiro.

E precisa toda a cautela, tanto mais que a desorganização nos Ministérios é grande.

Por vezes cada estação emite a sua opinião aparecendo processos com opiniões favoráveis quando tais processos não foram lidos devidamente.

Em 11 de Junho um jornal dava notícia de que se projectava construir o porto comercial do Montijo; uma nota oficiosa veio logo esclarecer o caso.

Eu devo dar uma explicação à Câmara, qual é a de que o Sr. Lúcio de Azevedo é nxeu correligionário, e que a ele me ligam relações de amizade. Mas isto nada tem com a boa administração do Estado. Eu não faço politiquice nom trato de pessoas.

Entendo que todos devem concorrer para que não se cometam os mesmos erros que se praticavam na monarquia.

Erros todos os homens os podem cometer, e, por isso mesmo, é indispensável a fiscalização parlamentar.