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Sessão de 3 de Dezembro de 1920

t.-ini nas cadeiras do poder, V. Ex.a Sr. Presidente, há de ver que, de facto, todos eles têm atrás de si um passado de dedicação pela República, e de provas de competência e de saber.

A frente do Governo aparece o Sr. Li-berato Pinto. É um homem, na verdadeira acepção da palavra, sabe querer, tem vontade, sabe por onde caminha e caminha sempre com segurança. Não são para desprezar as qualidades do Sr. Ministro da Justiça, hábil jurisconsulto e pessoa ponderada.

O Sr. Álvaro de Castro tem um nome conquistado pela sua inteligência e pelos assinalados serviços e sacrifícios ii República, e tem a sua obra de governador geral da província de Moçambique onde mostrou as suas altas qualidades de organizador e administrador.

Olhando para a bancada ministerial, eu vejo agora o meu querido amigo, Sr. Júlio Martins. S. Ex.a é um espírito scinti-lante, uma inteligência robusta, exteriorizando o seu pensamento, sempre profundo, com o brilho da sua palavra fácil e verdadeiramente tribunícia.

O Sr. Domingos Pereira é um gentle-man político. É um parlamentar interessante, um homem público de qualidades. A pasta dos Negócios Estrangeiros está realmente sobraçada por quem pode desempenhar se dignamente de tal encargo.

O velho parlamentar qus ali se senta, o Sr. Ferreira da Fonseca, é também um espírito brilhante, marcou sempre no Parlamento um lugar de destaque. Desde as Constituintes, desde a discussão da Constituição da República, apesar de muito jovem ainda, alcançou uma posição que tem sabido manter, revelando profundos conhecimentos de direito público.

O Sr. Paiva Gomes é um colonial distinto, homem de espírito criterioso, e conhecendo as colónias, como conhece, deve assinalar a sua passagem por aquela pasta.

O Sr. Augusto Nobre é um lente de ensino superior, um naturalista distinto, tendo todos os requisitos para ocupar a pasta da Instrução.

No Ministério do Trabalho já fez as suas provas o Sr. Domingues dos Santos.

O Sr. João Gonçalves é meu companheiro desde as bancadas da Escola Politécnica. Sempre muito estudioso, tem-se dedicado bastante a estudos de agricul-

tura, sendo, por isso, preciso que mostre agora, praticamente, o valor dos seus conhecimentos.

Como V. Ex.11, Sr. Presidente, viu, eu dei um salto sobre o Sr. Ministro das Finanças, mas fi-lo propositadamente.

Como acabei de mostrar, o Governo é um baluarte forte, ma^ já há quem pretenda abrir lhe brecha, e por onde? Pelo bastião ocupado pelo Sr. Cunha Leal. S. Ex.a é um terror, fazem-no passar como sondo uma, espécie de Moloch, de fauces hiantes, pronto a eugulir de um trago todos os argentários do país e a digeri-lo^ prontamente em contracções peristálíicas de Pantagruel.

O Sr. Cunha Leal é assim como que um Siva destruidor do budismo financeiro, é um raio de Júpiter, é a condensação das sete pragas do Egipto, o há até quem afirme que quando passa pela Rua dos Capelistas, em vez do seu banalíssimo chapéu mole e do seu casacão burguês, ele arrasta o manto roçagante negro-rubro do próprio Satanaz.

Mas S. Ex.a é, simplesmente, afinal, uma pessoa de muito talento, tendo apenas o mau sestro de querer dar a César o que a César pertence.

Discutem-no muito, mas ninguém se atreve a discutir-lhe o talento, porque o talento do Sr. Cunha Leal é indiscutível.

Uma vez que se vê organizado um Governo nestas condieõos, supérfluo A di:" r que o meu partido Jau ao Ministério que. acima de u. d o -M. -samos de um Governo que goveiue. , v -verne, pois, o Governo!

Tenho dito.

O Sr. Celestino de Almeida: — A fi^ i; rou --se-me, Sr. Presidente, que não e^tavu para falar nesta altura da iuscriçãu, só assim não era, que V. Ex.a me desculpe.

Ao Governo que se apresenta, saúdo-o em nome dos Senadores Liberais e no meu próprio, e desejo-lhe bonne chance e rr-nl êxito nos. propósitos de que se diz animado, qualquer que seja, em minha consciência, a previsão que se me impõe sobre o destino da aventura govcrnativa.