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Sessão de 7 de Dezembro de 1920

Aproveito estar na uso da palavra para produzir algumas considerações que lhe foram sugeridas pelo discurso do Sr. Ber-nardino Machado, no final da última sessão, em que o ilustre Senador, com a sua autoridade de sempre, fez referência a assuntos sobre os quais ôle, orador, se julga no dever de prestar esclarecimentos, dada a situação especial que ocupou ato há duas semanas.

Foi S. Ex.a brilhante, como de costume, mas nem sempre terá sido absolutamente justo, na sua crítica.

Assim, por exemplo, referiu-se com pá-'' lavras de censura, à deficiência dos elementos de propaganda no estrangeiro.

Ninguém mais do que ele, orador,'reconhece essa deficiência que, aliás, tem sido suprida, em larga escala, pela acção pessoal dos nossos representantes, a quem presto a devida homenagem, mas ela é resultante da falta de recursos financeiros.

É preciso dizer as cousas como elas são, sem hesitações nem ambages.

Uma propaganda de imprensa no estrangeiro não se realiza sem dinheiro.

E o Ministério dos Negócios Estrangeiros não tem à sua disposição os fundos necessários para subsidiar, no estrangeiro, a propagonda intensa de que o país carece.

Era seu propósito pedir ao Parlamento, como Ministro, por ocasião da discussão do orçamento respectivo, uma verba exclusivamente destinada a esse fira, e não se dispensaria de o fazer, como Senador, se ali estivesse no dia em qne se operasse o prodígio constitucional de aparecer um Orçamento no Senado da República.

Mas o Parlamento há muito qne se desinteressa do exame orçamental, problema mínimo, em face das lutas da política interna.

E sem orçamento votado não há maneira de resolver, dentro da lei, assuntos como aquele.

Não há pequena república tcheque ou arménia que não tenha um bureau.depres-se em Paris.

E indispensável criar em Paris um centro oficial de propaganda, irradiando esta dali para Inglaterra, Itália, Bélgica e Suíça, com o concurso dos correspondentes dos jornais desses países, naquela cidade.

Esse centro deve dispor dos fundos necessários para subvencionar publicações (livros, brochuras, revistas e jornais), organizando um serviço regular de informações, capaz de interessar a opinião euro-pea, por Portugal.

A Polónia é uma nacionalidade que ro-surgiu da história há pouco mais de dois anos.

Pois a Polónia, por intermédio de comités de publicidade, em França, na Suíça e na América do Norte, organizou um serviço de propaganda que lhe permite espalhar pelo mundo, publicações admiráveis, como algumas que tenho aqui à disposição dos meus colegas.

Em Paris, fundou até uma revista intitulada La Pologne Politique, économique, litteraire et artistique, que começou a publicar-se no dia l de Fevereiro do corrente ano e que é verdadeiramente modelar.

Uma das nações da América latina paga, só a um jornal de Paris, 25:000 francos por mês, para ele inserir as comunicações que lho interessam.

Sem recursos financeiros, legalmente autorizados, para acompanhar as outras nações na sua acção de propaganda, Portugal, por intermédio dos homens públicos que, acidental ou permanentemente o representam perante o estrangeiro, teia feito verdadeiros prodígios.

A acção particular desses homens — especialmente a de Teixeira Gomes e a de João Chagas—a sua situação pessoal, as suas relações, têm prestado à propaganda portuguesa altíssimos serviços.

Não me refiro aos simples desmentidos oficiosos das legações — que de rosto não podem ser empregados como sistema, a propósito de todos os assuntos — mas à influência indiscutível desses ilustres diplomatas junto, dalguns dos m;;is notáveis escritores e jornalistas estrangeiros.

Campanhas de descrédito ?

Convórn não exagerar.