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tfessãò de 17 de. Fevereiro de 1921

negar o direito e o dever de -tratar aqui desse assunto que muito interessa ao país e, sobretudo, às instituições militares.

Sjrá desnecessário declarar previamente que não ó como membro de um partido que vou fazer referências a esse assunto, mas simplesmente porque o considero de certa gravidade e podendo dele resultar para os republicanos, de facto, quaisquer juízos menos exactos porventura provenientes de quaisquer pontos nebulosos das declarações daquele cx-Mi-nistro.

Era meu dever, visto conhecer mais de porto as condições do meio onde se produziram esses factos, esclarecer os que estão afastados da vida militar a tini do se poder formar, sobro o assunto, um juízo seguro.

O que se passa nos meios políticos facilmente chega ao domínio público e, assim, não é de extranhar que na armada também se saiba o que se passa nos meios políticos. Soube-se que o Sr. Dr. Júlio Martins mostrava certo desejo de ser Ministro da Marinha, soube-se que S. Ex.a, que todos conhecemos como orador fogoso que faz vibrar o coração das massas populares, mostrava um grande amor o dedicação pela marinha, e eis que S. Ex.a se apresenta corno Ministro da Marinha; e ó também do domínio público, eu devo falar a verdade, o pesar, a tristeza da oficialidade da armada por ver o modo como a República tam poucos cuidados tem tido om dar à marinha o material indispensável para bem cumprir a sua missão.

Todos têm sentido este facto, mas também não desconhece a marinha que as circumstâncias do Tesouro não tem permitido dar-lhe o material indispensável.

Sabe ela também, e não desconhece que muitas vezes os políticos não cuidam dos interesses do Estado, e que muitas vezes fazem reformas só para anichar amigos, amigos que às vezes não têm condições necessárias para bem desempenhar os cargos para que são nomeados. (Apoiados). Muitas vezes até esses amigos não têm as qualidades morais indispensáveis para serem funcionários públicos.

Sabe bem isto a marinha, como também sabe que certos politiqueiros não se importam para nada com a situação triste e séria do nosso país, e que fazem propa-

ganda com muita vivacidade, para que se promova a -revolta na ocasião em que ó mais necessária a união de todos para salvar o país.

Sabe bem a marinha, e se cito este facto é porque ninguém pode duvidar do espírito republicano da marinha do guerra, que nunca faltou nas horas aflitivas, não para se colocar ao lado de qualquer partido, mas skn na defesa da Republica.

Nisto está todo o seu valor.

Sr. Presidente: dizia eu, bem sabe a marinha a situação do Tesouro, mas ao ver apresentar-se como sou Ministro o Sr. Júlio Martins, que mostrava sempre uma dedicação e muito boa vontade pelo engrandecimento da marinha, vendo nas suas palavras, nos seus discursos uma demonstração de toda esta boa vontade, deu-se um caso que eu, apesar de não ser novo, não me recorda que se tenha dado qualquer outro nestas circunstâncias.

Vários oficiais promoveram no Clube Naval uma, assembléa geral, porque vendo a boa vontade do Ministro, que não era da arma, e que por consequência não conhecia as necessidades da marinha, resolverem nessa assembléa geral nomear uma comissão composta de muitos oficiais para estudarem diversos assuntos de marinha, de modo que pudessem ser tomadas medidas, algumas ato de diminuição de ' despesa, podendo assim propor ou apresentar a S. Ex.a o Ministro meios de alguma cousa realizar, para engrandecimento da marinha.

Este acto classifico-o eu de muito digno, e até demonstrativo da vontade de uma classe cm dedicar as horas do descanso ao estudo de assuntos, donde proviesse o bem geral. E devo frisar que essa orientação não obedecia a estudar qualquer assunto relativo a melhoria de vencimentos, o que não quere dizer que isso não tivesse cabimento, mas únicamentej como disse, ao bem geral.

Sr. Presidente: como V. Ex.a vê, eu estou serenamente narrando factos, para que o Senado possa fazer um juízo seguro das circunstâncias em que eles se deram.

Vê-se, pois, como a corporação da armada recebera muito bem um ministro que mostrava vontade de promover o engrandecimento da marinha de guerra, pelo menos do material naval.