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Seisão de 24 de Maio de 1921

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Eu vou pôr à votação o parecer da comissão, se ele for aprovado não é discutido o projecto.

Posto à votação foi aprovado o parecer da comissão de instrução.

O Sr. . Presidente : — Deviam entrar agora em discussão as propostas de lei n.os 151 e 835.

Para a primeira é precisa a presença do Sr. Ministro das Finanças, conforme ó do Regimento, e para a segunda a Câmara já resolveu que não se discutisse sem estarem presentes os Srs. Ministros das Finanças e da Instrução.

Não havendo mais projectos para discussão está esgotada a ordem do dia.

Antes de se encerrar a sessão

O Sr. Travassos Valdês: — Sr. Presidente: eu vou ser breve, porque, além de dispormos já de pouco teuipo, sei perfeitamente que os meus fracos recursos oratórios me não permitiriam dar o necessário relevo e colorido à descrição e crítica que vou fazer dum assunto importantíssimo.

Pedi a palavra porque a minha dignidade me impõe também o fazer algumas considerações sobre os últimos acontecimentos.

Aqui dentro desta casa do Parlamento, Sr. Presidente, eu não sou apenas o Senador representante do povo que me elegeu — e que, por sinal, bem longe está; neste momento, de pensar no grave perigo que a República correu e está correndo— mas sou também oficial da armada, e como tal, não ficaria bem com a minha consciência nem com a minha dignidade se, aqui no Senado, não fizesse notar o procedimento insólito e censurável de um Ministro do Governo transacto, o Sr. Júlio Martins.

Sabe-se, e os jornais o disseram, que o Sr. Júlio Martins partindo da hipótese de que a República estava em perigo porque havia forças do exército nas ruas, houve por bem, passando por cima do Ministro da Marinha, que era do seu partido, dirigir-se para bordo dum navio de guerra, e aí estabelecer o seu quartel general.

Isto ó grave, ineus senhores, visto que esse senhor era apenas Ministro da Ins-

trução. Mas o mais grave, o mais afrontoso para a corporação da armada está em que S» Ex.% armando em ditador, começou dando ordens para todos os navios, determinando que os oficiais da armada não pudessem regressar a bordo, permitindo apenas a entrada às praças e sargentos !

Isto é infame, Sr. Presidente. Só num país inteiramente perdido, como o nossOj, poderia alguém de representação, um Ministro, ter um procedimento semelhante ! . . o (Apoiados).

Dizia-se, era voz corrente, que lavrava o bolchevismo entre as praças da armada. Pois bem, meus senhores, se alguma cousa de aproveitável ficou do gesto do Sr. Júlio Martins foi a convicção, para todos nós, de que era falsa essa afirmação. (Apoiados).

As praçaa da armada provaram exuberantemente quanto são disciplinadas, quanto são devotadas à República, e quanto ó sincero e apaixonado o amor que têm pelas instituições, que elas, juntamente com os seus oficiais, ajudaram a implantar em 5 de Outubro.

O Sr. Júlio Martins, que ó um homem inteligente, devia saber perfeitamente que não pode vingar movimento algum sem que ao lado das praças se encontrem os oficiais.

Em todas as revoluções que temos tido, e infelizmente tantas são, tivemos sempre ocasião de ver que as praças eram encaminhadas pelos seus legítimos superiores hierárquicos.

Apenas houve uma ocasião, depois do 5 de Dezembro, em que os marinheiros se lembraram de sair sozinhos com o Vasco da Gama para fora do dique.

Apenas dessa vez o facto se deu; e, Sr. Presidente, resultou dai que esse movimento, como não podia deixar de ser, abortou, não foi bem sucedido, j Pois oe nele não entravam oficiais! . . .

Sabendo isto, e não podia ignorá-lo o Sr. Júlio Martins, e dizendo que ia para bordo para defender o bom nome do Poder Executivo, para defender a Constituição e ainda, para defender a República, a ordem e o direito, começou por praticar um acto atentatório da disciplina e da boa legalidade!