O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

Diário das Sessões do Senado

O Sr. Hercuiano Galhardo:—Sr. Presidente: pedi a palavra para fazer uma pregunta ao Sr. Ministro do Interior, como representante do Governo.

Quando se tratou dos funerais de Guerra Junqueiro, também aqui foi votada uma lei. Guerra Junqueiro foi recebido nos Jeróniinos; foi fazer companhia aos restos de outras glórias da nossa Pátria.

Agora trata-se de Teófilo Braga, Bom será que o Sr. Ministro do Interior, representando o Governo, diga ao Senado, visto que se trata de colocar os restos dum grande português nos Jerónimos, onde é que vai colocar o cadáver de Teófilo Braga.

Era um livre-pensador Teófílo Braga. Esse é um aspecto da questão que eu não quero abordar. Mas tenho outro. E se pedi a palavra, é porque tenho um dever de consciência a cumprir.

Quando foi do funeral de Guerra Junqueiro, ao chegar o corpo aos Jerónimoa ainda se não sabia onde ele seria colocado e à ultima hora resolveu-se que o cadáver fosse posto no monumento doutro grande português — Alexandre Hercnlano.

Sr. Presidente e Sr. Ministro: eu sou filho dum bom português, daqueles que muito admiraram Hercuiano e que pertencem ao número dos portugueses que sabem venerar devidamente a memória dos mortos gloriosos e que sabem tratar essa memória com o devido respeito. Pertenceu meu pai à grande comissão do monumento de Alexandre Hercuiano, comissão que teve sempre no pensamento que tinha um alto e grandioso dever a cumprir; nunca se esqueceu de que era inuito grave o problema que tinha entre mãos..

Agora sucede a mesma cousa e por cuja solução nós vamos prestar a devida homenagem aos mortos do nosso tempo.

Mas como ia dizendo, essa grande comissão composta de portugueses e bons portugueses pensou no monumento que mais convinha erigir à memória de Alexandre Hercuiano e não lhe escapou nenhum ponto de vista, obtendo das Cortes uma lei pela qual foi dada à comissão a capela do Capítulo para fazer parte do monumento a Alexandre Hercuiano. A comissão recebeu a capela do Capítulo, fez à custa da subscrição nacional as obras dessa capela, colocou nela o monumento a Hercuiano e, emfim, procurou re-

solver o problema por forma a que o conjunto estivesse em harmonia com o que tinha sido a vida do glorioso morto.

Não se esquoceu a grande comissão, Sr. Presidente, de que Alexandre Hercuiano fora toda a sua vida um crente, toda a sua vida cristão, e por isso a capela é uma capela cristã.

Sr. Presidente: eu estou bem poi\falar assim, a mim que toda a gente me aponta, ou por outra, todos não, mas que a imprensa conservadora me aponta, querendo-me atirar às feras como extremista jacobino, serei extremista jacobino. Serei extremista jacobino mas tenho pelas crenças dos outros um enorme respeito.

Sr. Presidente: na capela que ó monumento de Alexandre Hercuiano está a imagem de Cristo, por tal sinal uma obra de arte; a capela que foi feita só para depositar o corpo de Alexandre Hercuiano contudo contra o facto expresso entre a comissão e o Governo, está-se fazendo da capela depósito, casa de arrumação, para vergonha nossa, e assim colocámos numa situação imerecida de inferioridade grandes glórias como fora Guerra Junqueiro.

Um estrangeiro que entre na sala onde está o monumento de Alexandre Hercuiano verá um grande monumento no centro e preguntará em seguida quem está ali; dir-lhe hão: é Guerra Junqueiro.

Isto não pode tolerar-se.

Não se sentem mal., se porventura estão-em. condições de sentir, nem Guerra Junqueiro nem Hercuiano; mas não é disso que se trata; trata-se de nós, da nossa honra.

Sr. Presidente : vai agora outro grande português para os Jerónimos;

Eu permito-me ler à Câmara e ao Sr. Ministro do Interior a seguinte portaria:

Leu.