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Sessão de 12 de Fevereiro de 1924

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Hoje, numa casa bancária da baixa, tive conhecimento de haver alarme enorme na praça, mas o fenómeno mais grave, já alguém me procurou aqui para o confirmar, foi o de se saber, ou constar, terem os corpos administrativos do Banco de Portugal estado reunidos em conferência e tomado a resolução de pedirem a demissão em globo.

Mas há outro fenómeno decorrente e paralelo, com grandíssima gravidade também.

Parece terem grandes estabelecimentos bancários-, ou como mostra de solidarie-de com a Direcção do Banco de Portugal, ou por quererem acautelar os seus cofres de qualquer surpresa resolvido fazer saques de quantias importantes.

Foi-me apontado suponho o informe verdadeiro mas não posso garanti-lo com aquela segurança com que se deve falar destes lugares—que um dos principais bancos com fundamentos estrangeiros tinha feito um levantamento no Banco de Portugal de uni milhar de contos.

Para estes factos chamo a atenção do Sr. Ministro do Interior, pedindo-lhe o favor de os transmitir ao Sr. Presidente do Ministério e Ministro das Finanças, para S. Ex.a tomar na devida conta o aviso, se o julgar conveniente.

Quanto ao empréstimo, continuo a julgar-me roubado, roubado, roubado!

O Sr. Presidente do Ministério e Ministro do Interior (António Maria da Silva):— Sr. Presidente: o assunto que acaba de ser versado é um assunto de que eu sou pouco conhecedor.

S. Ex.a, depois de ter feito várias considerações, pediu que eu as transmitisse aorneu-ilustre colega da pasta das Finanças. Transmiti-las hei tan-to quanto possível integralmente.

Mas, deixe-me S. Ex.a dizer que a expressão de se julgar roubado, com o que se acaba de passar, não é justa.

Eu tenho esperança que ainda S. Ex.a e todos aqueles que se julgam presentemente prejudicados, dirão dentro em pouco, pensando bem, que mais vale receber agora menos e ter a certeza de que se recebe, do que deixar alimentar a esperança de que é possível continuar indefinidamente a especular com o juro, mercê de alguns anti-patriotas e até talvez de alguns portadores de título do empréstimo, que se comprazam em agravar o câmbio, por ser esse o seu interesse.

O Sr. Querubim Guimarães (interrompendo):— V. Ex.as transgredira a lei. Isso é uma ofensa a um contrato público. Sob o ponto de vista moral, foi um péssimo acto.

O Orador: — O Sr. Ministro das Finanças não me deu procuração para tratar deste assunto, mas devo dizer bem alto: o que se estava fazendo em Portugal era um grande crime.

Muitos apoiados.

O que se.está fazendo agora no Banco de Portugal, se as informações dadas por V. Ex.a são exactas, ó um crime também Aqueles que praticam esses actos praticam um acto contra a Pátria.

E possível é que até mesmo dentro desses decretos haja meio de meter na ordem esses senhores.

Vozes: — Muito bem, muito bem.

O Sr. Presidente: — A próxima sessão é amanhã à hora regimental, com a seguinte ordem do dia:

Projectos n.os 568 e 537.

Interpelação do Sr. Alves dos Santos ao Sr. Ministro da Agricultura.

Projectos n.os 136, 501, 256, 303, 496, 342, 482, 440, 420, 10, 360, 368, 455, 247, 332 e 534.

Está encorrada a sessão.

Eram 19 horas.