O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

18

Diário das Sessões do Senado

ta própria, que chegaram a abranger 30 por cento depois de intensificada a batalha dos submarinos, os quais trouxeram largos lucros à exploração da frota.

A frota mercante chegou a ter como devedores o Ministério da Guerra, o Ministério das Colónias e as Companhias Reunidas Gás e Electricidade, ao que rtie consta.

Quere dizer, era o Estado e uma companhia privilegiada que o Estado auxilia não obstante a sua propaganda do tempo da monarquia, em que todos nós republicanos dacuela data ouvíamos apregoar que seriam condenados os monopólios na hora em cue triunfasse a República. E, afinal não só se mantêm aquelos que havia no tempo da monarquia orno ainda se tem permitido mais e hão-de continuar a ser aumentados até que chegue um dia o alto minuto em que a voz do novo culto e patriótico brade com justa indignação:

«Bastíi de monopólios e cumpra-só o programa do velho partido republicano».

Há um caso interessante e já largamente debatido na famosa qvestao Jo? Transportes Marítimos do Estudo, que envolve traços diplomáticos ajustados entre o nosso Grovêrno e a Chancelaria .Britânica. Refiro-mo à cedência de alguns navios ao Governo de S. M. Britânica.

Foram fornecidos por um contrato, ao Governo Inglês 50 navios, cujo frete seria à razão de 14 xelins e 3 dinheiros por tonelada, importância que devia ser entregue ao Ministério das Finanças, sem que interviesse nisso a administração cios Transportes Marítimos do Estido polo seu conselho ou mesmo pelo director da frota que, como sabem, era, é preciso não esquecer, o Sr. Nunes Ribeiro.

O Sr. Artur Costa (interrompendo]: — V. Ex.a dá-me licença? Os navios foram fretados ao Governo Inglês e o Governo Inglês, por sou turno, é que ccr.cedc'a à casaFurness a sua administração.

O Orador: — Agradeço a .V. Ex.1' a explicação qii3 acaba de dar, o que só por lapso incorri nessa falta, mencionala aliás por mim já por diferentes vezes.

A importância do fretamento dêssos navios era entregue em cheque ao Minis-

tério das Finanças à inodida que ia sendo recebida, sem que a comissão dirigente tives.se a menor interferência nisso.

Ainda os primeiros diligentes dos Transportes Marítimos do Es:;ado procuraram, em princípio, fazer uma honesta administração dos serviços do listado, porquanto não se fizeram nenhuns contratos para aquisição de material sein prévio despa-clio ministerial, e todas as contas de pa-pagmentos eram, portanto, aprovadas por despacho ministerial, e assim é que estava certo. Já havia, então, quem não concordasse com este sistema estabelecido na Administração dos Transportes Marítimos do Estado e, quando se mobilizou a Empresa Insulana do Navegação, criou--30 uma situação especial de direcção para a q-ial foi nomeado o Sr. Protugal Durão.

S. Ex.a afirmou-se nesse lugar, como aliás já era conhecido de sobejo, um administrador zelozo, cauteloso, digno e hon-rudc, que merece ser distinguido nas considerações dolorosas cm que o meu patriotismo se empenha em nome da moral republicana.

Sr. Presidente : tam grande era a certeza de que os homens que então estavam à frente dos Transportes Marítimos do Estado mereciam pública confiança que, tendo eles por vezes solicitado um exame à sua escrita assim foi autorizado por portaria do Sr. Ministro do Comércio e nomeados peritos os Srs. Malheiros, di-rectoi geral da contabilidade, e Ortigão Peres, chofe da contabilidade do Ministério do Comércio, os quais foram de parecer final que a escrita estava em boa ordem. Por:anto, tudo muito bem até 5 de Dezembro, dia em que triunfou a ditadura de Sidónio Pais, ditadura, Sr. Presidente, de terrível.memória para todos nós que éramos então, como hoje, republicanos sinceros o não facciosos como os seus apaniguados e cúmplices espalharam aos quatro cantos do país, explorando miseravelmente com o sectarismo de todos acueles que estavam filiados no Partido Democrático.