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Sessão de 6 de Maio de 1924

Declaro que protesto contra qualquer transcrição, na acta, desse bilhete.

O Sr. Presidente:—Não tinha ouvido bem a proposta do Sr. Afonso de Lemos, senão tinha consultado o Senado, o qne irei fazer.

O Sr. Machado Serpa: — Folguei imenso em ver que um Senador categorizado se opõe a que na acta só transcreva um bilhete postal do Sr. Jacinto Nunes.

Eu compreendo que este senhor, como qualquer outro cidadão, se permita discutir as deliberações da Câmara em bilhetes postais, cartas e telegramas.

Agora o que não'compreendo é quo se peça que fique consignado na acta um bilhete quo estava muito bem nas mãos do Sr. Afonso do Lemos.

O Sr. Jacinto Nunes pode dizer aquilo que disse nesse bilhete, visto que o dirigiu a um amigo, e o Senado nada tom com a correspondência particular entre um ex-Scnador e um Senador actual, tanto mais que nesse bilhete se passa um diploma de ignorante ao Senado.

Por mim, posso ser ignorante; não posso proibir que mo chamem, mas concordar em que na acta se consigne esse bilhete, com apoio meu, que sou ignorante, nem a minha bondade, nem a minha ingenuidade chegam a esse ponto.

Já compreendia quo se consignasse na acta que o Sr. Afonso de Lemos declarara ter recebido um bilhete postal do Sr. Jacinto Nunes, dizendo não concordar com a deliberação do Senado. Agora com que fique consignado na acta o bilhete é que não posso concordar, por sor um acto que importa menos apreço para o Senado.

Mas, prcguntará V. Ex.a

Falo desta maneira acerca do bilhete do Sr. Jacinto Nunes, como falaria se, eni vez do ver S. Ex.a rc tratado na linguagem do bilhete, o visse aqui presente em vera efígie.

Ninguém, absolutamente ninguém, presta mais homenagem, mais devoção, mais culto, se me é permitido empregar Gsto termo, ao Sr. Jacinto Nunes, do que eu. Também nunca houve Senador que fosse tratado mais nas p alminhas, com mais carinho e respeito do que S. Ex.a

E por isso que eu não estranho que haja amigos do diabo e qne o Sr. Afonso de Lemos trouxesse ôsse bilhete a esta Câmara.

Com certeza qne o Sr. Jacinto Nunes, cm post scriptum, não autorizou a leitura desse bilhete à Câmara.

E por agora, Sr. Presidente, fico por-íiqui.

Tenho dib.

O orador não reviu.

O Sr. Ferraz Chaves: — Sr. Presidente: creio que o Sr. Afonso do Lemos, quando pediu que fosse transcrito na acta Csse bilhete do Sr. Jacinto Nunes, não teve a intenção de prestar a S. Ex.a alguma homenagem.

Parece me, portanto, que esto assunto se reduz a uma discussão regimental, em virtude da qual, os próprios Senadores, os que tom assunto nesta casa do Parlamento, não têm senão o direito de fazer a sua declaração do voto, não tendo o direito do fazer nenhuma censura às deliberações desta Câmara.

Por muita consideração quo tenhamos polo Sr. Jacinto Nunes, o quo não podemos é ir além cia consideração pelo cargo que aqui exercemos, e além das disposições Regimentais.

Q. Sr. Afonso de Lemos:—As minhas primeiras palavras foram que eu n3o podia tratar de um assunto que já estava resolvido pelo Senado, o que portanto podia simplesmente ler o bilhete postal do Sr. Jacinto' Nunes, em que ele se mostrava plenamente de acordo com. a questão prévia que eu aqui levantei na penúltima sessão; longe de mim procurar qualquer situação que seja desagradável para o Senado; e, portanto, lendo Csse bilhete não julguei que podia envolver qualquer dcs-pretígio para o Senado, quis simplesmente mostrar que a grande autoridade do Sr. Jacinto Nunes vinha pôr-se a meu la°do numa questão que eu tinha aqui levantado e em que tinha absoluta razão.

Contento-mo com a opinião do Sr. Jacinto Nunes; não insisto para quo seja exarada na acta; todavia, embora não íi-quo exarada na acta por ser contra o Regimento, alguma cousa há que referir.