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Diário aos Sessões do Senado

tido resolver a carestia da vida, e nada terem resolvido?

Portanto, Sr. Presidente, com que serenidade podemos nós encarar esta situação de vermos um Governo morto, e bem morto, ocupando as cadeiras do Poder?

E não há um grupo de parlamentares com & energia necessária para o resolver a sair, se porventura ele não tem a coragem de abandonar às cadeiras do Poder, embora o Parlamento lhe tenha feito sentir que chegou esse momento?

Estas questões são muito mais graves do que muita gente imagina, .porque vão formando um ambiente de revolta, de indisciplina que pode dar origem a acontecimentos gravíssimos, como sucedeu em 19 de Outubro.

É preciso que o Governo refiita sobre a sua situação, sobre a situação do país, porque cada um, como particular, pode usar as penas de pavão que quiser, mas nenhum homem público pode andar a enfeitar com penas que de direito lhe não pertencem.

.ainda hoje vi publicado um decreto pela pasta da Agricultura, em que se eleva o preço do pão de l.a classe de 1$80 para 3$20, isto é um aumento de LHO! E isso depois de no domingo passado se haver publicado um decreto elevando esse preço a 2$80! Quere dizer, de domingo até hoje subiu o pão de l.a qualidade 040.

Isto será honesto ?

/, Onde está o critério dum Ministro que diz hoje que o preço do pão é tal e amanhã diz que já não é esse o preço, mas outro mais elevado?

Isto só demonstra que os homens que ocupam as cadeiras do Poder n3o têm a competência necessária para as ocupar.

Não se administra um país-que teve no número dos seus homens grandes celebridades com o desplante que se está vendo em Portugal.

Dizem que os políticos estão aguardando a chegada do Sr. Afonso Costa para a chefia do Governo.

Ninguém mais admira esse homem público, esse grande estadista, do que eu, mas. por maior que seja essa admiração, não posso tolerar esse compasso de espera em que nos encontramos, na administração pública, porque parar em certa matéria é retrogradar.

Ainda há dias era da máxima conveniência que o Sr. Presidente do Ministério viesse aqui com a assiduidade com que um bom Ministro deve assistir às sessões do Parlamento, para explicar ou defender-se das acusações que lhe fazem, e S. Ex.a não veio.

Um jornal, órgão do Partido Nacionalista, o segundo partido da Eepública, faz acusações gravíssimas a S. Ex.a Não sei o que há de verdade a esse respeito.

Diz no seu artigo editorial, O Jornal, que o Sr. Álvaro de Castro, na sua qualidade de Presidente do Ministério, consentiu que fossem levantadas da Alfândega do Porto algumas toneladas de açúcar, que nos termos da lei deviam ser apreendidas e dadas à Assistêneia Pública, mandando-as entregar à firma que as importara.

O Sr. Ribeiro de Melo (interrompendo):— Sabe V. Ex.a quem é o Director Geral das Alfândegas e donde veio?

E um conselheiro e veio da monarquia.

O Orador:—Vi hoje também, e com profundo desgosto, que se pensa em mandar os sindicalistas, a quem são atribuídos atentados pessoais, para a Madeira, para ali serem julgados.

Eu não posso acreditar que um Ministro da República pratique uma violência desta natureza, que daria lugar não só a protestos como a represálias, que são vulgares nas classes menos inteligentes que se inclinam sempre para o crime-.

Mesmo a Constituição e a Novíssima Reforma 'Judiciária determinam que os réus serão julgados na jurisdição onde cometeram o crime.

Estimava bastante que estivessem presentes os Srs. Ministros da Justiça e do Interior, para dizerem o que há a esse respeito.

Sr. Presidente: eu peço a atenção da Câmara para o que vou dizer.

Mais duma vez me tenho revoltado contra o caso das libras, para que o assunto seja tratado de forma a que sejam defendidos os interesses do País.