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Diário das Sessões do Senado

prorrogada por mais tempo a estadia desses funcionários. Disse.

O Sr. Joaquim Crisóstomo : — Sr. Presidente : na penúltima sessão tive a honra de chamar a atenção de V. Ex.a, e pedi-lho a fineza de comunicar ao Sr. Ministro do Comercio as minhas considerações acerca do Instituto Comercial e Industrial do Porto.

Ontem recebi um telegrama e algumas cartas dos . pais dos alunos do referido Instituto, em que me diziam que ainda não haviam sidp tomadas quaisquer providências no sentido de se modificar a ordem dada pelo ex-Ministro do Comércio, para que os referidos alunos fossem fazer exames a Coimbra.

Francamente, nunca me habituei a subir as escadas dos Ministérios, nem a frequentar os gabinetes dos Ministros, e por essa razão não queria abrir agora um precedente.

Por isso esperava que V. Ex.a repetisse as minhas considerações ao Sr. Ministro, e lhe fizesse saber a conveniência que há em S. Ex.a não protelar por mais tempo a solução do caso, porque estou bem convencido de que o Sr. Ministro do Comércio não deixará de atender ao meu pedido, tal é a justiça, como já-tive ensejo de demonstrar, que assiste aos inte-teressados, os quais serão obrigados, ou a deixar de prestar provas ou sacrificarem-se a fazer despesas avultadas, que vão muito além das suas condições de fortuna.

Embora não esteja na alçada do Governo nem tampouco do Parlamento providenciar sobre o caso a que vou referir--me, é certo que a sua importância merece ter eco no Parlamento.

Há dois dias manifestou-se em Coimbra um pavoroso incêndio, do qual resultaram prejuízos colossais e que ia pondo em risco a vida e os haveres de multas famílias, fazendo-se sentir, ou por outra, dando origem a que esse incêndio tivesse incremento, a falta de água.

Ora, Sr. Presidente, é preciso que as corporações administrativas se convençam de que a autonomia que a República lhes concedeu não ó de molde a permitir-se que descurem os serviços a seu cargo.

Se eu sou partidário das liberdades e prerrogativas municipais, ao mesmo tempo exijo que as câmaras tomem na devida conta as suas obrigações,

Este caso, que à primeira vista parece duma grande simplicidade, ia dando lugar a perturbações da ordem pública.

O povo de Coimbra, ao ter conhecimento de que o fogo se desenvolveu em resultado da falta de água, aglomerou-se em frente da Câmara, e numa manifestação de desagrado pretendeu invadir os Paços do Concelho, invectivando a municipalidade daquela cidade.

Claro, que, com estas minhas palavras, não tenho o propósito nem o fim de reclamar providências imediatas e prontas, por parte dos poderes do Estado, porque o assunto não se pode dizer que esteja propriamente na alçada do Poder Executivo. Em todo o caso, isso não impede que eu proteste e que manifeste o meu desagrado e a minha indignação perante o desinteresse com que a Câmara duma das principais cidades do país abandona um assunto que lhe devia merecer os maiores cuidados e atenções.

O jornal A Tarde, de ontem, publicou uma entrevista que lhe foi concedida pelo nosso Ministro em Berlim, Sr. Veiga Simões, na qual se faziam revelações importantes, para não dizer sensacionais, quanto à marcha dos negócios públicos de carácter externo.

Ouvido sobre a prorrogação do acordo comercial com a Alemanha, o Sr. Veiga Simões manifestou-se duma forma clara e terminante contra essa prorrogação.

Diz S. Ex.a que em vários relatórios que enviou para o Ministério dos Negócios Estrangeiros ponderou a conveniência de o acordo comerciai com aquele país não ser prorrogado, e que as instâncias oficiais a que ele chama «as Necessidades», antepondo-se às suas opiniões e às suas indicações, que ele julgava baseadas em razões poderosas, foram do encontro à sua opinião, realizando-se um acordo qne 6le reputa prejudicial aos interesses do país.

Invoca como razão a circunstância de terem mudado consideràvelmente as condições e a situação que havia ao tempo em qae foi realizado o primeiro acordo.