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Sessões ao Senado

. O Sr. Ribeiro (Je Mela:— Sr. Presidente : há uma semana que esperava com verdadeiro interesse que a Comissão In-ter-Parlamentar do Comércio, -que foi a Bruxelas representar a nação portuguesa, dissesse, alguma cousa sobre a sua acção nessa conferência.

POÍÍS, Sr. presidente, apenas um jornal, O Século, que cUz ser o de maior circulação em Portugal, em correspondência de um seu colaborador de Paris, faz a história dessa Conferência, nomeadamente pelo que respeita à representação portuguesa.

Sr. Presidente : entre os que fizeram parte dessa missão há uma pessoa que, sobretudo, me merece a maior das considerações, e eu sinto-me tanto mais á vontade para fazer estas referências elogiosas, porquanto nem sequer sou correligionário de S. Ex.a

Trata-se de um velho republicano; e por isso e ainda pela sua inteligência estou certo de que esse nosso representante havia de só ter desempenhado com brilho, do encargo que recebeu.

Q,uero referir-me ao Sr. Augusto de Vasconcelos.

Jíão é impunemente que se foi Presidente do Ministério, Ministro dos Negócios Estrangeiros e se é Ministro Plenipotenciário, o Sr. Augusto de Vasconcelos é já um diplomata 4© carreira, que na sua qualidade de parlamentar, foi representar o Estado Português na Conferência Iqter-Parlamentar do Comércio, da qual deveriam resulta.!", pá opinião de S. Ex.a, a que se quere referir, uns dias antes de seguir para Bruxelas., os mais vantajosos resultado^ para o progresso comercial do país.

Não é decerto agradável discutir uma missão que se compunha/de pessoas que nos são caras.

Mas O Século fazia uma charge humorística à nossa representação parlamentar do comércio, e dizia aquilo 'que era conhecido de todos: que o tempo s.e passara em banquetes, passeatas e nada mais.

E todavia lá fora devem ser bem conhecidos os trabalhos financeiros do Sr...

O Sr. Augusto de Vasconcelos:—O Sr. Belchior de Figueiredo.

O Orador: — Exactamente; costuma-me esquecer do nome de S. Éx.a,masdo que

não me esqueço é de que foi ele o autor da prisão do Sr. Afonso Costa, no Porto, quando S. Ex.a ainda queria resistir à ditadura de Sidónio Pais.

O Sr. Augusto de Vasconcelos:—V.Ex.a esqueceu-se do discurso que S. Ex.a proferiu na Câmara dos Deputados, em resposta a essa acusação e na qual demonstrou qual tinha sido a sua acção junto do Sr. Afonso Costa,

Disso é que V. Ex.a também se esqueceu.

O Orador:— Não esqueci esse discurso; comparei-o com outros proferido.1» por S. Ex.a, quando administrador de concelho, no tempo da monarquia, nos quais defendia os progressistas contra os. regeneradores', aparecendo mais tarde a defender os regeneradores contra os progressistas.

E assim, S. Ex.a fazia propaganda a favor dum partido ou doutro, conforme o que estava no. poder.

O Sr. Augusto de Vasconcelos : — Esses discursos não conheço eu.

O Orador:—Se V. Ex.a, Sr. Augusto* de Vasconcelos, fizesse aquilo que prometeu na propaganda, tivesse esquecido retaliações e tivesse esquecido pequenos agravos, tenho a certeza de que V, Ex.a não estaria a invocar um discurso republicano do Sr. Belchior de Figueiredo, nem eu teria de lembrar a V. Ex.a as afirmações feitas noutros tempos, quando o Sr. Figueiredo foi administrador do concelho da Guarda, em dois Governos diferentes.

Mas não, Sr.' Presidente, as dissidências continuam entre republicanos, e continuamos a ver, como os mais simples espectadores, os monárquicos a serem os usufrutuários da Eepública implantada em 5 de Outubro de 1910.

São cousas estas. Sr. Presidente, passageiras, pois o que interessa conhecer são as vantagens que ocorreram para Portugal da nossa representação na Conferência Inter-Parlamentar" do Comércio.