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ítiário das Sessões do Senado

AçOres», de que é director o Br. José Bruno, iniciador da missão intelectual dos continentais ao arquipélago, fazia o Sr. Dr. Aristides Mota afirmações de carácter político, que feriram, nem podiam deixar de ferir, os sentimentos republicanos do distrito de Ponta Delgada e, nomeadamente, dos que assistiram —e muitos foram— à conferência do Dr. Luís de Magalhães, que, é de absoluta justiça dizer--86^ foi o mais correcto possível na exposição do seu trabalho literário, como, aliás, correctos foram'todos os que realizaram conferências naquela cidade.

Creio que esse relatório veiu acompanhado de documentos e jornais de S. Miguel, pelos quais o Governo poderia avaliar da natureza dos factos apontados, e nele lembrava o Sr. Governador Civil a conveniência de se apreciarem esses factos com toda a imparcialidade e serenidade, como de resto deve proceder sempre um Governo inteligente e honesto, sensato e... republicano.

O Governo, em face do relatório e dos documentos que o acompanhavam, resolveu tomar as providências que melhor entendeu, não podendo, legitimamente, imputar-se ao Governador Civil, substituto, a responsabilidade de actos que só ao Governo competem.

Apoiados.

E para que os ilustres Senadores que me ouvem façam juízo seguro do valor político e moral das afirmações do Sr. Aristides Moreira da Mota, peço a V. Êx.a, Sr. Presidente, licença para ler alguns trechos do seu discurso.

Fazendo à apresentação do Ilustre conferente Dr. Luís de Magalhães, o Sr. Dr-. Aristides Mota recorda a velha e longa amizade que o liga ao conferente, de quem tece o elogio.

Refere-se com palavras de saudade ao seu passado de estudante, durante o qual conviveu estreitamente com o amigo, e às suas qualidades morais, intelectuais e políticas. E acrescenta:

«Sabido ó que o nosso amigo —referia-se ao Dr. Magalhães— é-uri político, e que na política tem ocupado lugares da mais onerosa responsabilidade.

Na chamada Monarquia do Norte, foi Ministro dos Estangeiros. Com a sua opinião e assentamento foram tomadas todas

as resoluções do Governo dessa monarquia, v

Efémero foi esse Governo, mas não foi efémera a atitude que, perante as suas responsabilidades, tomou Luís de Magalhães. Assumiu-as por inteiro^ e voluntariamente se apresentou a responder por elas».

Depois de se referir ao julgamento do ex-Mini&tro dos'Estrangeiros da Monarquia do Norte, e de pôr em relevo a íor-ma como a sentença apreciou os' factos, diz:

«Foram, porém, condenados pelo crime de rebelião a 15 anos do degredo.

A rebelião vencedora castigou assim a rebelião \rencida».

Estas e outras frases, .Sr. Presidente, proferidas por um funcionário público, educador das gerações a quem, n o. futuro, se hão-de entregai: os destinos da Nação, não podiam deixar de merecer certos reparos por parte de quem tem por obrigação defender, no exercício do seu cargo, a integridade moral da República.

Apoiados.

O Sr. Dr. Aristides Mota, que é considerado como um distinto homem de letras, deveria limitar-se, na apresentação do ilustre conferente, a apreciá-lo sob o ponto de vista literário, e nunca sob o aspecto político, pois de política, diziam, se não devia tratar com a visita da missão — tanto mais que a maior parte dos que constituíam a embaixada intelectual dos continentais aos Açores era declarada-mente , monárquica, acentuâdamente monárquica, parece mesmo que propositadamente escolhida como monárquica.

^Foi imprudente o Sr. Aristides Mota?

Não quero procunciar-me sobre a sua atitude, nem dar às minhas palavras o significado duma censura. • Esse funcionário público, que foi meu professor e a quem devo muitas provas de atenção durante a minha vida de estudante, e já depois da minha iniciação na vida pública, tem inteligência de sobra para saber medir todas as responsabilidades dos seus actos.