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Diário das Sessões do Senado

Há pormenores que o mais elementar bom senso manda repelir, mas o triste íacto pede um inquérito severo, rigoroso, imediato e exacto quanto possível, de modo a poder-se punir quem' haja de ser punido e fazer-se justiça a quem haja de ser feita.

Dizem os jornais que há oito mortos e dezasseis feridos, alguns gravemente.

Tudo isso é lamentável, e dá-se este facto curioso: num simples motim de feira morre mais gente que numa revolução para implantar um regime novo.

Estou convencido de que em todas as revoluções de carácter político que tem havido neste desgraçado país não tem corrido sangue que proporcionalmente se compare com aquele que correu ontem eutre dois grupos reduzidos, num& simples desordem de feira.

Um jornal chega a avançar que um oficial, para se fazer obedecer dos seus soldados, arrancou os galões da sua farda e lhos atirou dizendo que não se julgava obedecido, e, portanto, preferia tirar, os galões a ser desrespeitado.

É um rasgo que o simples bom senso repele, porque não é fácil arrancar instantaneamente galões que estão bem cosidos, nem isto é processo de usar para manter a disciplina.

O Sr. Augusto de Vasconcelos: — Apoiado !

O Orador: — Outros jornais dizem que um oficial—não sei se se referem ao mesmo, se a -outro — tinha intimado o chefe da polícia a fazê-la entrar no aquar-telamento respectivo, uma simples barraca de madeira, e em seguida mandou fuzilar a polícia.

Também não acredito; mas desde que se aventam pormenores tam contraditórios é necessário que se faça um inquérito rigoroso, a fim de se averiguar a quem cabem as responsabilidades.

Não podendo aqui fazer mais que protestar e lamentar o desgraçado facto que se deu, visto não estar presente o Governo, não quero alongar-me em mais considerações, e peço simplesmente a V. Ex.a, Sr. Presidente, que, caso o Governo não venha hoje a esta Câmara, transmita os meus reparos ao Sr. Ministro do Interior, para este, por seu lado, os trans-

mitir aos Srs. comandante da polícia e comandante da guarda republicana, sob a dependência desse Ministério, e ainda, possivelmente, ao Sr. Ministro da Guerra, se ele têm intervenção ua anormalidade dos factos para os quais chamei a atenção de V. Ex.a e da Câmara, contando antecipadamente com os bons ofícios de V. Ex.a a fim de lhes fazer chegar estas observações, o que rendidamente lhe agradeço.

O Sr. Presidente::—Transmitirei ao Sr. Ministro do Interior as considerações de V. Ex.a

O Sr. Costa Júnior (para um requerimento)'.— Sr. Presidente: peço a V. Ex.a que consulte a Câmara se consente que entre já em discussão a proposta de lei regulando a apresentação ao serviço dos empregados dos correios e telégrafos, com preferência sobre os projectos que já estão marcados para discussão antes da ordem do dia.

O Sr. Herculano Galhardo (sobre o modo de votar): — Sr. Presidente: assuntos desta ordem não podem ser postos de repente à discussão.

Este assunto carece de ser examinado por nós todos muito atentamente.

Essa proposta ó das tais que, a meu ver, não podem ser discutidas sem estar impressas e distribuídas.

Vamos, porventura, aprovar uma iniquidade, sem termos um perfeito conhecimento do que contém a proposta.

Por isso entendo que não é de aprovar o requerimento feito pelo Sr. Costa Júnior.

O orador não reviu.

O Sr. Silva Barreto (sobre o modo de votar): — Parece-me que só ontem, segundo ouvi há pouco, a Secção discutiu e aprovou a proposta de lei para a qual o Sr. Costa Júnior pediu urgência e dispensa do Regimento a fim de entrar imediatamente em • discussão.

Sr. Presidente: voto o requerimento porque este assunto já devia ter sido tratado há mais tempo.