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de 22 de Julho de 1924

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ro haviam de entrar nos cofres,do Estado ; quando os arautos do Sr. Álvaro de Castro diziam que o, contrato próximo a fazer coui a majestática companhia detentora do monopólio dos tabacos fatalmente havia de satisfazer as aspirações do povo republicano, que não quere mais monopólios, que reclama o cumprimento do programa do velho Partido Republicano Português, e estão aqui propagandistas desse glorioso tempo que podem asseverar o que eu afirmo ter ouvido nos comícios, como condição de moralidade, de defesa do público e garantia do consumidor, pregar a guerra aos monopólios; quando o Ministro das Finanças Sr. Álvaro de Castro jurava- ter metido na ordem a alta finança, os Bancos e banqueiros da Rua dos Capelistas, o povo, na sua simplicidade, aplaudia e aguardava os acontecimentos. Mas.essas promessas não se cumpriram e. nunca serão cumpridas emquanto perdurar esta política de campanário e de conveniências. •

Sr. Presidonfe: andou o Governo do Sr. Álvaro de Castro a afirmar que fazia parte do seu programa aplicar sanções aqueles que prevaricaram, que roubarem vilmente a nação e prejudicaram o Estado republicano. Todavia, arrastam-se ainda as sindicâncias aos serviços da Exposição de Portugal no Rio de Janeiro e dos Transportes Marítimos, do Lazareto, Bairros Sociais, etc., e- até hoje só há uma vítima, que é a nação; é a nação roubada, vilipendiada e espoliada, e o Governo do Sr. Álvaro de Castro, como todos os Governos anteriores, e como será o Governo do Sr. Rodrigues Gaspar, se continuar a ser Presidenta do Ministério, a falsearem a verdade dos íactos, a encobrirem latrocínios, crimes e- erros de ofício praticados por uma malta que só juntou para assaltar os cofres do Estado e prejudicar as instituições.

Pois até à data ninguém foi castigado, porque outro cantar niais alto se levanta, e esse outro cantar tem' muitíssima força para que se continue afrontando a opi nião republicana do país,

Sr. Presidente: as crises ministeriais em Portugal resolvem-se em virtude do conluio de meia dúzia de pessoas que se julgam eleitos da nação e mandatários do povo.

Já chego a ter arrepios de ódio contra

a história política do meu país quando, porventura, me recordo daqueles rasgos de inteligência, lances de valor patriótico manifestados por tantos homens que tiveram nas suas mãos as rédeas do Poder. Parece, Sr. Presidente, que a história portuguesa foi feita para nos enganar, pois que nenhum daqueles pigmeus, como João' das Regras, Pombal, Costa Cabral. Mousinho da Silveira, Palmeia, José Lu-ciano, Fontes e Hintze Ribeiro, por exemplo, se pareciam com os estadistas de 1924, que têm a sorte de satisfazer a sua vaidade deixando-se elevar à dignidade de Presidente do Ministério.

Ainda se estas reviravoltas se dessem para satisfazer a nossa forte corrente de opinião pública que preconisa a inaugu • ração da política radical, a política chamada das esquerdas, à semelhança do que se tem feito em Inglaterra, do que se está fazendo na França e do que se há-de fazer em Itália em muito próximos dias, nós seríamos os primeiros a receber o actual Governo com uma espectativa benévola, desejosos de assistir à prática de actos que redimissem dos enormes erros esta República que sabemos amar desin-tercssadamente e pelo coração.'

Sr. Presidente: ^que democracia é esta se não permite a um membro dum partido, que também o é desta casa do Parlamento, que está aqui como representante da nação, e não como representante do Partido Republicano Português, criticar a pessoa política do actual Presidente do Ministério? £ Porque devo eu calar o meu protesto? ^Por mera disciplina? E pouco para a minha "natural rebeldia.

Sr. Presidente : eu digo aquilo que sinto, e julgo ser o modesto intérprete da opinião pública, e, sendo assim, eu continuo com a minha opinião insubmissa, talvez irreverente para os zoilos que não têm a sua cabeça para os dirigir^ mas as dos compadres dos directórios, a que obedecem cegamente.