O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

16

Diário das Sessões ao Senado

Os Governos anteriores traziam como seu elixir as tais medidas de compressão de despesas e criação de receitas que, afinal, ninguém viu e que 'parece terem dado um resultado bem singular.

Ao que se diz, o Sr. António Maria da Silva,, em fervoroso recolhimento, fazia preces em casa para que continuasse no Poder, porque a estabilidade ministerial era condição para valorizar o escudo e extinguir o déficit j afinal, S. Ex.a ao cabo de dois anos vai-se embora e deixa-nos um déficit orçamental de 400 inil contos, a circulação fiduciária aumentada em 1.500:000 contos, a libra por um preço descomunal e a crise da alimentação em estado de s@ morrer asfixiado.

O Sr. Álvaro de Castro veio também com várias propostas de finanças, de aumento nas contribuições e impostos, de' redução dos juros do empréstimo Vito-rino Guimarães, etc., etc., e 3 vezes 9 27, noves íora nada.

O resultado, Sr. Presidente, viu-se, foi deixar-nos a libra a 157$ e os preços dos géneros de primeira necessidade num tal ponto, que a miséria do funcionário público já não pode suportar.

Sr. Presidente:

Que política é esta, económica e financeira, que o Sr. Daniel Rodrigues se propõe seguir, que fica a nacionalidade portuguesa de «boca aberta», perante a audácia dos Ministros das Finanças, rasgo de audácia tam grande, mas tam grande, que é preciso que a nacionalidade portuguesa tenha pordido toda a sua sensibilidade para a poder suportar, que depois de tantos enganos aiuda. apareça na declaração ministerial a promessa de que o Sr. Daniel Rodrigues vai continuar a política económica e financeira do seu antecessor.

(fPara onde vamos nós e a quanto subirá a libra?

£ Deixá-la há o Sr. Ministro das Finanças, quando abandonar o Governo, ao preço actual, ou ainda o escudo sofrerá maior desvalorização?

É natural que ela aumente mais ainda.

<_ que='que' económica='económica' a='a' segue='segue' seu='seu' cono='cono' e='e' é='é' ex.a='ex.a' do='do' sr.='sr.' o='o' p='p' sucessor='sucessor' se='se' financeira='financeira' ministério='ministério' política='política' que-='que-' s.='s.' presidente='presidente'>

re ocorrer à fome e à miséria que-já envolvem o lar do funcionalismo publico?

Foi aquela proposta de lei que o Sr. Álvaro de Castro deixou na outra Câmara, quando já estava em crise, que serviu de espantalho e que fez com que o Sr. Dr. Afonso Costa não viesse tomar conta do Governo.

Foi essa proposta de aumento nos vencimentos do funcionalismo público, bem como essa outra proposta de finanças, que afirmava a extinção do déficit, que fizeram com que o Sr. Afonso Costa não viesse tomar conta do Governo, como tantos republicanos desejavam.

Em vez do Sr. Afonso Costa, esse homem de especiais qualidades de inteligência e trabalho, saiu da grande montanha o rato que actualmente preside ao Governo.

Sr. Presidente: quando a nação está à beira do abismo, quando a libra está a 1'57$, quando a carestia da vida é tam insuportável, que já não há massos de notas que sejam capazes de garantir uma • vida desafogada, quando o funcionalismo público morre de fome, quando as colónias se desadministram, quando são necessárias medidas de salvação, praticadas e dirigidas, patriótica e inteligentemente, por um espírito forte, é que se lembram de armar ao Sr. Afonso Costa essa traiçoeira ratoeira, de esperteza saloia, armada por quem tinha o dever de ser leal.

Dos bastidores da política não saiu está comunicação ao povo republicano.

Que a imprensa tome bem conta dela, que a imprensa comunique ao povo republicano que se o Sr. Afonso Costa não é hoje Presidente do Ministério é porque houve traição, apresentando ao Parlamento uma proposta de lei extinguindo o dejicit .e outra permitindo, pela cobrança de novos impostos, o aumento das melhorias ao funcionalismo público que, efectivamente, precisa de ser aumentado nos vencimentos, porque, com licença do Sr. cónego Dias de Andrade, cabe aqui citar aq.iela frase latina Ubi pannes, non laborandum est, que quere dizer: «sem papança não há trabalhança», ou «quem não manduca não trabuca».