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Diário das Srtiõet do Senado

Outro dia, quando me reforia à apresentação do Governo do Sr. Rodrigues Gaspar, um Sr. Senador, que se me afi-/ gura ser o chefe dos independentes, protestou contra a minha atitude; hoje foi secundado pelo seu lugar-tenente mais moderno nesta casa, que veio empunhar o pendão para me censurar pela atitude que tenho tomado. S. Ex.a, porém, fé Io em termos correctos e cordiais que lhe agradeço.

Não tem o Sr. Serra e Moura razão para criticar, sequer, a minha atitude como filiado num partido porque, desde o primeiro dia em que foi apresentado o nome do Sr. Rodrigues Gaspar para constituir Governo, me declarei contra a escolha.

Sou, portanto, coerente e muito desejaria que o Sr. Serra e Moura tomasse a minha coerência como exemplo e modelo para contrariar a indisciplina que bá-de certamente lavrar .no seio do Grupo Parlamentar Independente.

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Pereira Osório:—É realmente costume nesta Câmara, quando se trata de versar qualquer assunto em cuja discussão um Sr. Senador tenha entrado, dando o seu parecer, aguardar-se, (mando esteja ausente, a sua vinda.

Mas, pregunto, essa praxe pode e deve aplicar-se ao caso presente?

O Sr. Ribeiro de Melo, quando foi da recepção do Ministério, apresentou uraa moção e, longamente, num discurso que demorou muito tempo, S. Ex.a desenvolveu-a conforme quis, e justificou-a»

Deu-se até o caso, quê surpreendeu a Câmara, de S. Ex.a, que parecia que ia fazer inn grande combate ao Governo, começar a tecer elogios a cada um dos Ministros, indicando-lhes até o trabalho a fazer manifestando a esperança cie que eles fariam qualquer cousa de útil para o País.

Desde que assim é, pregunto se havia alguma cousa que justificasse, depois de longos dias de debate político, que já tra-ziii mal humorado o Parlamento e até a opinião pública, não se terminar ontem, esse debate.

Todos preguntariam a razão de tal demora.

^Então S. Ex.a apresenta a sua moção, justifica-a, e depois disso ainda teria de dizer mais alguma cousa sobro ela?

£ Não seria no momento de a apresentar que S. Ex.a teria de produzir a sua argumentação, tendente a defendê-la?

Era natural. Portanto, não houve a menor desconsideração, e se S. Ex.a voltasse a usar da palavra, naturalmente faria o mesmo que fizeram os outros Srs. Parlamentares, que responderam ao Sr. Presidente do Ministério, o que não fizeram mais que repetir o que já tinham dito.

Por consequência, o que ó que S. Ex.a poderia dizer de novo?

Nada, naturalmente. v

Eu supus até, e disse-o ontem, justificando a ausência de S. Ex.a, que provavelmente o Sr, Ribeiro de Melo teria reconhecido a contradição que havia entro o seu discurso, o elogio dos Ministros e a sua moção de desconfiança e por esse motivo não comparecera.

Esperava até que S. Ex.a, no fim do seu discurso, retirasse essa moção.

O Sr. Ribeiro de Melo (interrompendo}:— ,/V. Ex.a supõe-me capaz de fazer uma cousa dessas?

£ Apresentar uma moção e retirá-la?

Eu já respondo a V. Ex.a

O Orador:—Mas fique V. Ex.a certo de que julguei que V. Ex.a se tinha desinteressado da moção e que fosse essa a razão de V. Ex.a não ter comparecido ontem.

Longe de mim a idea de que V. Ex.a não tivesse vindo por ter perdido o comboio ou por outro qualquer motivo.

O orador não reviu.

O Sr. Ribeiro de Melo: —Sr. Presidente: o Sr. Pereira Osório estranhou a minha atitude por, quando falei sobre a declaração ministerial, ter começado por abrir guerra ao Governo do Sr. Rodrigues Gaspar e terminar por um largo elogio aos Ministros que compõem o Gabinete de S. Ex.a