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Diário das Sessões do Senado

administração pública tam importantes e dê tamanha gravidade, que prendam a atenção dcs Srs. Ministros, e os obriguem a trabalhar nos seus gabinetes, impedindo-os de comparecer às sessões. Mas, nesso caso, esses Srs. Ministros :levem usar da delicadeza de o comunicar aos Presidentes das dnas Câmaras.

Está ocupando a pasta da Agricultara uma pessoa que me merece a maior simpatia.

O S:1. Ezequiel de Campos é um homem de valor afirmado e comprovado e, por conseguinte, mais mo ofende e preocupa o S3TL procedimento.

Não se: justificar à priori a razão como S. Ex.a procede, quais os seus pensamentos a respeito da carestia dt. vida. O facto é que tal problema é agravado com a ínlta de trabalho, o que lha dá uma importância muito superior àquela que tinha há seis meses, porque aqueles que trabalhavam sabiam que podiam conseguir elevar os salários para poderem fazer face às suas despesas. Hoje há dificuldade, ou absoluta impossibilidade de adquirir os meios para tal fim. Portanto, o problema da carestia da vida é agravado pelo que exponho.

Diz-se cue o Governo do Sr. José Do-mingues dos Santos tem f. seu favor a opinião pública, porque, sendo da esquerda, está integrado com as justas aspira-"ções do povo. Talvez assim se~a em teoria^, filosoficamente, metafisicamente, mas nr. realidade não o é.

ó Que tem feito o Governo para rosol-vor os dois magnos problemas da falia de trabalho e carestia da vida?

Em matéria de trabalho o Governo ainda não procurou um úcico níeio de atender à situação dos desemprega dês. Parece que apenas forneceu umas 7õ guias a operários que não tinham onde empregar a sua actividade.

^ Será isto resolver o problema da falta de trabalho?

Está pendente de discussão numa das Secções um projecto tendente a abrir um crédito £- favor da continuação das obras 'do Manlcómio Bombarda.

fíPor? será com 4:000 contos que se vai resolver um problema de tal importância ?

Sr. Presidente: V. Ex.a sabe melhor do que eu que o Governo não tem ener-

gia, nem iniciativa para resolver ôste gravíssimo problema.

Era para desejar que os Srs. Ministros, cada um pela sua respectiva pasta, porque o problema da falta de trabalho não se resolve por uma única pasta, é um problema de conjunto que diz respeito tanto à pasta do Comércio, como à do Trabalho, como à das Finanças, procura-sem resolver o problema dos desempregados, o que seria fácil num país em que não há grande massa de operários como no estrangeiro que, duma hora para a outra, se vêem a braços com a fome e com a miséria. O nosso operariado é es-sencialmente agrícola, e essa é a faculdade essencial e fundamental para se conseguir a solução do problema; basta para isso desenvolver ~a produção agrícola aproveitando todas as outras fun-' coes, que lhe estão anexas, e o problema transforma-se-ia completam ente.

Diz-se que em um projecto apresentado pelo Sr. Ministro da Agricultura se facilita a solução desse problema.

Se porventura as medidas que o Sr. Ministro da Agricultura concebeu numa hora feliz da sua vida, mais empíricas do cue reais, mais imaginárias o fictícias do cue concretas, pudessem ter execução, era num país diverso do nosso, com condições diversas daquelas que possuímos, porque, no estado do nosso povo, com os seus usos, costumes e tradições, jamais se poderá pôr em execução o pensamento do Sr. Ministro da Agricultura, jamais conseguiremos obter em poucos dias. me-sés ou anos o que S. Èx.a imagina.

Não quero, dizer com isto que o problema se agravasse, mas o que pos=so garantir é que ele estr.cionaria precisamente na mesma.

Não é de uma hora para outra que se consegue convencer o nosso povo, perfeitamente arreigado às suas tradições de emigrar paro o Brasil e para a'América do Norte, a que vá estabelecer-se nas nossas regiões alentejanas, cultivar extensões mais ou menos largas de terrenos e que viverá aí com um certo bem-estar.