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Diário dag Sessões do Senado

que possa haver independência do Poder Judicial para nos atender.

É sempre desagradável estarmo-nos a •ocudar dêstos assuntos e a fazer reclamações que bem podiam ser decentemente evitadas.

Pode V. Ex.a ficar convencido e toda a Câmara de não ser este protesto, provocado por qualquer interesse pessoal. Não tenho empenho algum em exercer estas funções, muitas vezes fatigantes para mím, •estando bem convencido da inutilidade do meu esforço.

O Sr. D. Tomás de Vilhena: — Não

apoiado.

O Orador: — Não tenho ambição de voltar a este lugar; pelo contrário espero ainda que cfuem de direito tenha o bom senso de não me mandar para aqui. ' O que me faz tomar um certo calor neste assunto ó ver praticar actos com que ninguém lucra, nem mesmo o re-.gime; é ver estar a fazer violências saltando-se por cima do direitos reconhecidos explicitamente no estatuto a que chamam fundamental e é constantemente violado!

Feito assim o meu protesto, quero chamar também a atenção do Sr. Ministro da Justiça para um outro caso interessante e curioso, relatado numa outra local.

Como V.. Ex.a sabe, naturalmente por ser público e todos os jornais se terem ocupado disso, deu-se ultimamente em Lisboa, no consultório de um médico distintíssimo, o Sr. Dr. Roberto de Almeida, especialista de doenças da garganta e passando pela pessoa mais categorizada da sua especialidade actualmente no corpo médico de Lisboa, sem melindre para ninguém, o facto de um audacioso gatuno, quo em tempos fora criado de S. Ex.a, de pistola aperrada lhe exigir a entrega de 10 contos de réis.

O gatuno pôde-se saber quem era.

Era fácil de identificar, visto ter sido serventuário desse médico, e foi preso pela polícia, que lhe prendeu também a mulher e não sei se um cunhado ou cunhada, logo soltos no dia seguinte, tendo depois vindo a público a afirmação de nenhuma culpabilidade se lhes ter encon-irado.

.Acontece porém que, volvidas mais vin-

te e quatro horas, são de novo recapturados a mulher e o cunhado ou cunhada, e é capturado também um homem que livremente tinha ido entregar um pacote quo lhe tinha sido confiado para guardar, dizendo à polícia que em faço das notícias dos jornais vinha dizer que esse pacote lhe tinha sido entregue pelo preso tal, e que o entregava para a polícia ver o que continha.

Verificou-se que o pacote vinha com os 10 contos de réis completos, o vinte e quatro horas depois eram recapturados a mulher e o cunhado o mais Gsto homem que tinha ido entregar o dinheiro.

Fica-se assim intrigadíssimo, no desconhecimento dos pormenores que teriam feito recapturar toda esta gente que na véspera tinha sido posta em liberdade.

Vem hoje uma notícia explicando o caso, que é de extrema gravidado.

Parece quo o chefe do polícia encarregado destas averiguações, e que deve ser uma pessoa muito talentosa, tinha pedido segredo sobro o caso a êssò homem que foi entregar o pacote com os 10 contos de réis, mas este não esteve resolvido a guardar segredo e foi prevenir o ilustre médico de estar o dinheiro entregue à polícia.

Parece que como revindicta, por vingança, reveladora de ser um espírito absolutamente inferior, o agente da autoridade encarregado das investigações mandou prender esto homem como receptador!

Este homem veio dizer à autoridade competente: «aqui está o pacote que me entregaram, vejam os Srs. o quo ele contém», e vendo-se que não-falta vá nada, tendo-o íeito livremente, essa mesma autoridade prende-o de novo e quere fazê-lo remeter para juízo como receptador!

Se se provar quo esse homem pode ser considerado receptador está bem, mas vejo num jornal, o Correio da Manhã, palavras que reputo gravíssimas.

^Pode lá estar a circular uma cousa destas em relação à polícia encarregada de investigações, e que perturba imediatamente o equilíbrio moral de quem for dar informações?