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18 DE FEVEREIRO DE 1972 1217

Parece que já no século XIII existia na Região o Ramisco, introduzido no reinado de D. Afonso III e proveniente da Franca.
A primeira delimitação da Região data de 1908, tendo conhecido a máxima prosperidade quando Portugal continental foi invadido pela filoxera, pois as vinhas cultivadas em areias resistiam à sua acção devastadora.
Assim, quando, com o emprego dos porta-enxertos, se fez a reposição dos vinhedos por todo o Pais, terminou a era de prosperidade de Colares.
Em 1868, Ferreira Lapa, num relatório apresentado ao Governo, escrevia que "a altitude e a proximidade do oceano dão a Colares o frio e a humidade do Minho. E é pelos extensos desvelos da cultura que a uva consegue chegar em Colares a uma grande maturação superior a que produz o vinho verde. Resulta daqui que os vinhos de Colares são intermediários aos vinhos maduros e aos vinhos verdes, possuindo daqueles a suavidade e o grato paladar, e destes a viveza e o aroma aldeico e tartaroso".76
Mais recentemente falou-se do vinho genuíno de Colares como "um vinho tinto, maduro, muito seco, com 11° a 12° de riqueza alcoólica, elevado teor em acido málico e proporção invulgarmente alta de cloretos. A cor vermelha, a principio muito viva, tende para o acastanhado após alguns anos; o sabor, sui generis como talvez o de nenhum outro vinho terá o seu que de amargo e adstringente)77.
Em 1938 a superfície ocupada por vinhas em chão de areia era aproximadamente de 250 ha e em chão rijo de pouco mais de 300 ha.
Em 1955 a área de vinha era de 719 ha, dos quais 402 ha em terrenos arenosos de duna (chão de areia) e 317 ha em terrenos argilosos ou arenosos fixos (chão rijo).
A região é atravessada por pequenos cursos de agua que vão desaguar no Atlântico, na Praia das Maças, Azenhas do Mar e Magoito. Por sua vez, o maciço montanhoso da serra de Sintra, a sul, exerce acentuada influência nas suas características fisiográficas.
Dado que, nos termos do artigo 2.° do Decreto n.° 31 540, se tem direito a designação de origem os vinhos produzidos na Adega Regional de Colares, esta assim mais ressalvada a possibilidade de fraude.

28. Carcavelos e uma "microrregião" era vias de desaparecimento para a produção vinícola. A sua localização, na área da chamada Costa do Sol (entre Carcavelos e S. Martinho de Rana), sacrificara o vinhedo a expansão urbanística.
0 Decreto n.° 23 763, de 12 de Abril de 1934, promulgou o Regulamento da Produção e Comércio dos Vinhos Licorosos de Carcarvelos.
Já por alturas de 195I5 apenas 20 ha produziam 100 hl deste vinho tinto regional, caracterizado como generoso e portador de "qualidades especiais de aveludado, aroma e sabor inconfundíveis".

29. 0 Decreto n.° 23 734, de 2 de Abril de 1934, define o vinho moscatel de Setúbal como "o vinho licoroso produzido na região demarcada do vinho generoso moscatel de Setúbal, feito em conformidade com os usos ali tradicionais e caracterizado pelas suas qualidades especiais, que lhe imprimem fragrância sabor peculiares e inconfundíveis, resultantes das castas, terreno, exposição e condições climáticas da região".
Este vinho é feito de uvas moscatéis e de uvas brancas da região, entrando estas ultimas no seu fabrico numa proporção, em peso, não superior a um terço das primeiras.
A sua cor, dourada, apresenta tonalidades que vão do topázio-claro ao topázio-queimado.
As castas consagradas são todos os moscatéis e em especial o de Setúbal, e as brancas: Amarês, Malvasia, Boais, Arinto, Fernando Pires, Manteudo e Branquete.
A graduação alcoólica do vinho é de 18° a 22° centesimais e a sua percentagem de açucar não poderá ser superior a 20 g.
A área vitícola foi demarcada pelo Decreto de 1 de Outubro de 1908 (§ 2.° do artigo 1.º)78. Abrange a totalidade dos concelhos de Setúbal e de Palmela (63 715 ha). Embora a vinha ocupe nesta zona uma relevante percentagem de terreno, a parte que cabe ao moscatel é relativamente insignificante. A produção de vinhos de pasto tem representado a volta de 97 por cento do total da produção regional.
Já se distinguiram três subtipos de moscatel:
0 moscatel de Setúbal, pròpriamente dito, que se produz na zona mais acidentada, com solos fortemente argilosos e calcários. Baseia-se na casta do mesmo nome e é de todos os vinhos da região o mais perfumado e fresco. 0 segundo subtipo provem das planícies arenosas. Trata-se de um vinho muito licoroso, considerado por alguns demasiadamente doce, espesso e com um sabor nítido a passas. 0 moscatel tinto constitui o terceiro subtipo, fabricado exclusivamente .com castas deste nome.
As condições ecológicas óptimas para a produção do moscatel tradicional ocorrem praticamente no sopa da serra da Arrábida, freguesias de S. Lourenço e S. Simão, do termo de Azeitão.

30. Para fins de "planificação de uma rede de adegas cooperativas na área de influencia da Junta Nacional do Vinho", os engenheiros agrónomos Américo Miguel e Rogério de Oliveira estabeleceram a divisão desta área em catorze zonas diferentes.
Tal divisão ganhou, em certo sentido, consagração oficial, na medida em que a Junta Nacional do Vinho dela se utilizou para efectivamente programar a organização destas adegas.
Será aqui utilizada para uma ligeira analise da repartição da vinha em tão vastas regiões 79.
Antes dessa analise e para se ter uma ideia da sua importância no conjunto da produção vinícola do continente, insere-se o quadro XXVI. Revela, pois, a produção vinícola manifestada nos anos de 1961 a 1971 nas referidas áreas de intervenção da Junta Nacional do Vinho.
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76 Cit. em "A região de Colares e a sua delimitação através doe índices e características dos vinhos", Caetano Vieira de Campos, Jornadas Vinícolas -1962, vol. IV, pp. 159 e segs.
77 Anuário da Junta Nacional do Vinho, 1956, cit., p. 101.
78 0 legislador "ao demarcar esta região tinta em vista defender pela consagração oficial um tipo bem definido, original e desde ha muito celebre: o vinho licoroso de cor dourada, com inconfundível sabor sui generis, obtido a partir da fermentação abafada de uvas de castas moscatéis particularmente doces e aromáticas plantada em terrenos argilo-calcários, in Anuário, 1956, cit., p.96.
Sobre o moscatel de Setúbal existe uma monografia de António Porto Soares Franco, intitulada precisamente de Moscatel de Setúbal.
A produção total dos concelhos de Palmela e de Setúbal no ano de 1970 (equivalente a vinho comum) foi, segundo elementos da Junta Nacional do Vinho, respectivamente de 35 241 3341 e 2 168 664 l. A produção do concelho de Palmela é, pois, assinalável mesmo quando comparada com os concelhos produtores do Oeste e do Ribatejo.
79 "Planificação do uma rede de adegas cooperativas, já citado, Anuário da Junta Nacional do Vinho, 1952, pp. 166 e segs.