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DIÁRIO DAS SESSÕES — N.° 165
José Teodoro dos Santos Formosinho Sanches.
Júlio César de Andrade Freire.
Juvenal Henriques de Araújo.
Luiz de Arriaga de Sá Linhares.
Luiz Cincinato Cabral da Costa.
Luiz da Cunha Gonçalves.
Luiz Lopes Vieira de Castro.
Luiz Maria Lopes da Fonseca.
Manuel da Cunha e Costa Marques Mano.
Manuel Joaquim da Conceição e Silva.
Manuel José Ribeiro Ferreira.
Manuel Maria Múrias Júnior.
D. Maria Baptista dos Santos Guardiola.
Pedro Inácio Álvares Ribeiro.
Rui Pereira da Cunha.
Salvador Nunes Teixeira.
Sebastião Garcia Ramires.
Ulisses Cruz de Aguiar Cortês.
O Sr. Presidente: — Estão presentes 53 Srs. Deputados.
Está aberta a sessão.
Eram 15 horas e 40 minutos.
Antes da ordem do dia
O Sr. Presidente: — Estão em reclamação os Diários das duas últimas sessões.
Pausa.
O Sr. Presidente: — Como nenhum Sr. Deputado deseja usar da palavra, considero-os aprovados.
Pausa.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra antes da ordem do dia o Sr. Deputado Antunes Guimarãis.
O Sr. Antunes Guimarãis: — Sr. Presidente: não são boas as notícias que trago do norte. Se é certo que as chuvas recentes têm suprido, até certo ponto, a falta de água nos poços, fontes e ribeiras na rega dos milharais, sendo de esperar que, com mais umas chuvadas em Junho e Julho, o trabalho da lavoura venha a ser recompensado com regular colheita da preciosa gramínea que, durante todo o ciclo vegetativo, vai alimentando o gado bovino, mercê da monda e da desbandeira e, depois, fornece fartura de palha para o alimentar durante parte do inverno e abastece os celeiros do grão que, misturado com centeio, constituo as broas deliciosas indispensáveis à alimentação do povo nortenho (como oportuna e muito inteligentemente aqui foi dito na sessão de sexta-feira pelo ilustre Deputado minhoto Sr. Dr. Rocha Páris, ao qual agradeço as generosas palavras da sua valiosa concordância); se é certo, vinha eu dizendo, serem favoráveis as perspectivas da colheita de milho, já o mesmo não se verifica com o centeio, cuja ceifa se precipitou devido às irregularidades climáticas, mas com resultados geralmente medíocres.
Os batatais temporãos não têm recompensado e são geralmente pouco prometedores os plantados mais tarde.
A falta de adubos, as geadas, alguns estragos do míldio e, por último, o maldito escaravelho têm semeado o desânimo entre lavradores que tentaram aquela cultura, caríssima devido ao preço incomportável da batata-semente, dos adubos, insecticidas e fungicidas e, ainda, à alta considerável de salários.
E os vinhedos, cuja abundantíssima nascença serviu de pretexto a uma injustificada especulação para provocar a baixa desmedida de preços dos vinhos verdes, têm sido muito prejudicados, em certos pontos, pelas geadas e, geralmente, pelo desavinho resultante das chuvas, dos nevoeiros e do frio; e já se registam invasões de míldio, tudo contribuindo para deminuir as probabilidades de uma grande colheita vinícola, como as duas últimas.
Se, infelizmente, é precária a defesa contra as intempéries, nunca serão demais os louvores e agradecimentos a todos os que perseverantemente vêm contribuindo para as descobertas de insecticidas e fungicidas, e respectivo emprêgo, a fim de combater as pragas que teimosamente infestam as culturas.
Dissera eu há dias, nesta Assemblea, não haver razões para a injustificada baixa de preços de vinhos verdes ùltimamente registada porque ainda nos separam da próxima colheita justamente os quatro meses em que se verifica maior consumo, e também porque o Govêrno autorizou a destilação de 50:000 pipas de vinho verde, ao preço de $13 o grau-litro, o que garante cêrca de 600$ por pipa nos vinhos de graduação à volta de 10 graus, e ainda em conseqüência da elevação do poder de compra da maioria dos consumidores, mercê da alta de salários.
Àquelas razões juntam-se agora, infelizmente, os estragos verificados nos vinhedos a que venho de aludir.
E digo infelizmente porque está demonstrado haver consumo garantido para as maiores colheitas de vinho verde, isto a bem de produtores e consumidores.
Vozes: — Muito bem!
O Orador: — Orçara por 601:000 pipas a produção de vinho verde no ano de 1943 (a maior até aí registada), e as adegas estavam pràticamente vazias no S. Miguel seguinte, prontas a receber todo o vinho novo.
A colheita de 1944 excedera a anterior apenas em cêrca de 13:000 pipas. Mas há quem duvide de tam elevados números, dizendo que alguns lavradores, para se garantirem maior cota no rateio de sulfato de cobre indispensável ao tratamento das vinhas, aumentaram os números da respectiva produção nas declarações feitas.
Seja como fôr, há todas as razões para afirmar que em Setembro, quando as uvas entrarem nos lagares, estarão as vasilhas vazias e em condições de armazenarem toda a futura colheita.
Sr. Presidente: a cultura vitivinícola na região minhota não é feita com sacrifício de outras culturas fundamentais, como deploràvelmente se verifica noutras regiões.
Vozes: — Muito bem!
O Orador: — Salvo casos raríssimos de vinhos que fogem dos moldes da zona dos vinhos verdes, as videiras frutificam na borda dos campos onde se cultivam cereais e das hortas que produzem legumes, bem como ao longo de caminhos e de cursos de água.
Trata-se de uma cultura complementar, mas absolutamente indispensável, que não prejudica, antes melhora, as condições do casal agrícola minhoto, que eu considero, pelo seu equilíbrio económico, como verdadeira obra prima.
Vozes: — Muito bem!
O Orador: — Em geral, a um determinado número de pipas de vinho corresponde número igual de carros de milho, devendo registar-se ainda que, além de cereais, êsses mesmos terrenos produzem frutos e pastagens abundantes, que são a garantia de grande riqueza pecuária.