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DIÁRIO DAS SESSÕES — N.º 170
caminho de ferro um esfôrço com que não podia, um esfôrço que todos os anos punha em crise a lavoura da região.
Devo acrescentar que o caminho de ferro era nesta safra coadjuvado pela camionagem, então no seu apogeu de desenvolvimento, e nem ambos eram capazes de convenientemente satisfazerem as necessidades.
Tal estado de cousas levou-me a, ponderando o assunto, apresentar ao último Congresso Transmontano uma tese em que preconizava, como meio para atenuar a crise, lançar mão in loco da indústria transformadora para o aproveitamento de amidos.
A guerra, com todas as suas conseqüências, veio alterar a ordem natural das cousas, e a crise, que até então se apresentava como de superprodução, passou a deficitária, o que fez suspender ou excluir o remédio anteriormente previsto.
De facto, com a guerra o produto rareou e o tabelamento, fixando um preço que, contra a ordem natural, quási se mantém uniforme para toda a campanha, inverteu o problema, compreendendo-se fàcilmente que quem mais tarde vender mais perde, pelo que a todos veio o desejo e a aspiração de vender quanto antes.
Como o mercado por sua vez recebe desde logo o produto, as condições de transporte melhoraram porque, em vez de ao caminho de ferro se exigir todo o esfôrço entre Dezembro e Abril, como era tradicional, passou a exigir-se-lhe êsse esfôrço num período muito mais largo, êste ano entre Julho e Maio, o que conseqüentemente lhe devia dar possibilidade de melhor suportar o encargo.
Além disso, Montalegre, centro produtor por excelência, que até aqui fazia o transporte pela linha do Corgo, de onde dista cêrca de 40 quilómetros, reconhecendo esta incapaz de satisfazer as suas necessidades, desviou-o para Braga, de onde dista 112 quilómetros.
Chaves, por sua vez, para descongestionar, já êste ano se viu na necessidade de desviar parte do seu movimento para Mirandela e Vila Pouca de Aguiar, com pesado encargo de camionagem.
Pois nem assim o caminho de ferro foi capaz de suportar o esfôrço que se lhe exigia, o que se reflectiu em enormes prejuízos, verificando-se o contra-senso de quási no fim da época, isto é, no período da maior escassez, o preço se aviltar na origem.
Quere dizer: olhado o problema através dos factos, deparamos com êste dilema: antes da guerra, como era curto o período para o transporte, o caminho de ferro não lhe dava vazão; durante a guerra, e apesar de muito alongado e aliviado o período de transporte, o caminho de ferro continua a não lhe dar vazão.
Mais algumas explicações acabarão de pôr o quadro no seu verdadeiro lugar.
A região está em franco e entusiasta desenvolvimento agrícola, o que fàcilmente se alcança pondo em destaque os dados já esboçados e outros que ainda é conveniente evidenciar.
Não obstante a linha do Corgo ter sido aliviada em relação ao escoamento da batata de Montalegre, região que normalmente devia servir, visto dela distar apenas 40 quilómetros, emquanto que Braga dista 112; não obstante Chaves ter desviado algum movimento para Mirandela e Vila Pouca de Aguiar; não obstante, para esgotar os produtos colhidos, se ter gasto na safra finda mais do dôbro do tempo que normalmente se gastava (antes da guerra Dezembro-Abril, na safra finda Julho-Maio), a linha continua insuficiente, o que equivale a dizer que foi nítido o progresso agrícola da região, a qual se debate apenas com uma pavorosa crise de transportes.
Se, por outro lado, ponderarmos que na região que tem por centro Chaves em 1943 se colheram 400:000 quilogramas de batata-semente, em 1944 cêrca de 2.000:000 e para o ano presente se presumem 4.000:000; se ponderarmos ainda que a área reservada às restantes culturas foi também largamente aumentada, ficamos de sobreaviso e a conjecturar larguíssimas dificuldades para o escoamento dêstes produtos.
Se, finalmente, ponderarmos que na província está previsto um largo plano de colonização, pelo aproveitamento de baldios, e em estudo no distrito de Bragança um largo plano de aproveitamentos mineiros, completa-se o quadro da dificuldade de transportes, o qual, para ficar perfeito, deve ainda elucidar-se com os números que a seguir se publicam.