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28 DE ABRIL DE 1948 577

poucos meses antes, a um pedido de empréstimo feito através da Sociedade das Nações, responderam-nos com uma exigência de fiscalização que abalava profundamente o prestígio da própria independência nacional.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Isto sabiam todos os portugueses, isto sentia e melhor conhecia o Prof. Doutor Oliveira Salazar, que da sua cátedra de Coimbra há muitos anos seguia com tristeza a evolução política e administrativa do País.
O exército saiu dos quartéis em 28 de Maio de 1926 para acabar com a desordem política e restabelecer a moral na administração pública, então entregue à incompetência anónima dos partidos políticos, e impor de novo ao Mundo o prestígio de Portugal, tão seriamente abalado.
Restaurou a ordem, evitou a derrocada, que parecia certa, abriu uma clareira de esperança na população portuguesa.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: -Isso porém não era bastante; havia uma imperiosa necessidade de ir mais longe.
Se parasse, tudo teria soçobrado, o exército saia aniquilado e, com ele, o Pais teria perdido a última esperança de salvação.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador:-Tinham de se criar os fundamentos de uma nova época na vida nacional.
Era preciso dar forma a essa patriótica aspiração, entregando a administração do País a quem lhe garantisse uma obra de verdadeiro ressurgimento nacional, baseado no estabelecimento de uma administração honesta e patriótica.
Com este pensamento, que era afinal o pensamento, embora vago, de todos os portugueses, o exército "entregou a administração financeira ao Homem que já provara na cátedra, em livros e artigos na imprensa conhecer a extensão e profundidade do mal e a forma de o combater, com segurança e certeza na vitória.
Não se buscava um homem desconhecido, nem se obedecia, como até então acontecera, às indicações de partidos. Intérprete das aspirações do País, o exército procurava o homem à altura da rude e perigosa tarefa.
Não havia recursos, nem crédito, nem confiança, nem fé na maioria dos portugueses, e este último aspecto do problema não era menos grave que os primeiros.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Mas - viu-se depois - era a Providência que levava o exército junto de Salazar; a mesma boa estrela que o guiou em 28 de Maio de 1926 e lhe deu a vitória rápida, impressionante, sem sangue e sem violências.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Foi essa mesma boa estrela que o levou a Coimbra até junto do Homem.
Aceitou Salazar o enorme encargo. E em 27 de Abril de 1928, na sede do Conselho do Estado, ao tomar posse, declarou, dirigindo-se ao Chefe do Governo: "Agradeço a V. Ex.ª o convite que me fez para sobraçar a pasta das Finanças, firmado no voto do Conselho de Ministros, .e as palavras amáveis que me dirigiu.
Não tem de agradecer-me ter aceitado o encargo, porque representa para mim tão grande sacrifício que
por favor ou amabilidade o não faria a ninguém. Faço-o ao meu País como dever de consciência, friamente, serenamente cumprido".
E mais adiante afirmou:
"Sei muito bem o que quero e para onde vou, mas não se me exija que chegue ao fim em poucos meses.
No mais, que o País estude, reclame, discuta, mas que obedeça quando se chegar à altura de mandar".
Um mês depois, a 9 de Junho, no quartel general do Governo Militar de Lisboa, ao agradecer os cumprimentos dos oficiais representantes das guarnições militares do País, disse " novo Ministro das Finanças:
"Queria dizer a VV. Ex.ªs que foi singularmente grata a homenagem de simpatia que quiseram tributar-me. Não por aquilo que ela represente de motivo de vaidade para mim, mas pelo que traduz de apoio necessário à obra que todos desejam ver realizada.
É natural, também, que muitos de VV. Ex.ªs tivessem curiosidade de conhecer o Ministro das Finanças.
Aqui está, e é, como vêem, uma bem modesta pessoa. Tem uma saúde precária e nunca está doente. Tem uma capacidade limitada de trabalho e trabalha sem descanso.
Represento neste lugar determinado princípio. Represento uma política de verdade e de sinceridade, contraposta a uma política de mentira e de segredo.
Advoguei sempre que se fizesse a política de verdade, dizendo-se directamente ao povo a situação do Pais...
Sr. Presidente: pertencia ao número de oficiais que estavam presentes junto do Prof. Salazar quando os dois discursos foram pronunciados, e a impressão que me causaram mantém-se viva e dominadora hoje, como nesses dias já tão distantes.
O País não estava habituado a essa linguagem simples, que revelava honestidade e firmeza-

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Mas reconheceu-se logo que era uma voz de comando que nos mostrava seriedade, segurança, fé e confiança absoluta no futuro.
Reconhecemos todos que estávamos em presença de um Hpmem excepcional, que havia de ser, não só o restaurador da administração pública, mas o construtor firme e tenaz de uma doutrina de Governo, de uma nova época brilhante na história de Portugal.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Passaram vinte anos e, agora, em 27 de Abril de 1948, eu repito o que aqui ouvi, deste mesmo lugar, a um ilustre colega, ao dirigir-se ao Prof. Doutor Salazar, Presidente do Conselho: "Dizem que as posições queimam os homens; V. Ex.ª, Sr. Presidente do Conselho, pertence à categoria dos raros que conquistam a posição depois de instalados nela".

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Sr. Presidente: a vida pública do Prof. Doutor Salazar não se descreve apenas em momentos especiais de comemorações de um ou outro facto importante.
Escreve-se todos os dias, por esse País fora, no continente, nas ilhas, no ultramar,- em realizações surpreendentes e extraordinárias que abarcam o espírito e o moral das populações, o fomento constante dos territórios do Império, o crédito interno e externo, o prestígio, que só encontra expressão aproximada ou igual em recuados tempos.
Com a sua obra notabilíssima, Salazar não é hoje somente uma grande figura portuguesa e europeia: é uma