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DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 151 580

públicas, aspiração de sempre, mas imprevisível meses, semanas ou dias antes, tornou-se a melhor das realidades.
A mística do Sr. Presidente do Conselho fez adeptos. O levantamento moral e material do Pais esboçou os primeiros movimentos.
Portugal, adormecido por dois séculos de insânias, regressou à vida.
Senhores: espraiai a vista do norte ao sul do País. Olhai e vede!
Mas, apenas se ensaiava o abrir das asas para mais largos voos, logo o Mundo estremeceu perante a tragédia da segunda Grande Guerra.
Disse alguém, não me recordo nem quando nem onde, que a Alemanha, precisamente quando dir-se-ia caminhar para a conquista pacífica do Mundo mercê da superioridade da sua ciência, do seu comércio e indústria, das suas belas-artes, quis a guerra.
A guerra, que é a fatalidade do génio alemão ...
A velha Europa convulsionou-se no fragor trovejante das batalhas.
Na nossa terra foram muitos os portugueses que, esquecidos dos desenganos de 1914-1918, cantaram de novo a ária de uma intervenção ostensiva no conflito, em holocausto - diziam - aos deveres de uma aliança algumas vezes centenária.
Salazar preferiu a neutralidade; manteve-a com dignidade e intransigência inquebrantáveis.
Houve ainda quem se arrojasse a insinuar estranhos ajustes de contas ... ao acabar a guerra.
O engano foi retumbante.
Depostas as armas, logo os valores mais representativos das nações aliadas destacaram o mérito da política defendida pelo Sr. Presidente do Conselho e, exaltando-a, reconheceram que a neutralidade portuguesa fora um dos mais valiosos contributos para o triunfo da sua causa.
À sensibilidade política, ao maravilhoso poder de previsão do Sr. Presidente do Conselho devemos o distinto conceito internacional que nos envolve.

Vozes: - Muito bem!

O Orador:-Homens e mulheres de Portugal, ricos ou pobres, operários ou capitalistas, todos têm de curvar-se perante a genialidade deste português que nos salvou dos horrores da guerra, da ocupação e da perda de valores morais e materiais que, nesta altura, representam a garantia certa de um futuro melhor!.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Mais!
Quando as perturbações trazidas à nossa balança económica, como consequência fatal, inexorável, do estado de guerra e a projecção desta e a extensão e magnitude dos sucessos bélicos de um dos contendores deveriam induzir em erro o mais sagaz, o Sr. Presidente do Conselho marcou com clareza e exactidão o rumo salvador.

Vozes: - Muito bem!

O Orador:-As nossas disponibilidades ou coberturas-ouro ao terminar o conflito armado comprovam-no. E -detalhe impressionante!-, quando há dois anos nos demorámos a verificar as moedas em que se haviam fixado as cambiais do Governo da Nação não descobrimos escudos perdidos pela sua inversão em divisas das potências a final vencidas!
A guerra aproximou-se do fim...
Foi essa a fase em que, aquém e além fronteiras, ouvíamos lamentações, críticas -porque não dizê-lo?-, censuras ao erro cometido no não reatamento oportuno das nossas relações com os sovietes.
Molotov passeava a sua impertinência pelas embaixadas dos aliados de momento. Os jornais cobriam-se de fotografias que fixavam para a História os sorrisos trocados com os mais graduados representantes das Nações Unidas.
Salazar errara! Salazar impelira-nos para ... um beco sem saída. Não seria tarde para remediar equívoco tão grave?
Pouco tardou que os sorrisos se desvanecessem para se substituírem por esgares e que as palavras blandiciosas dessem lugar ao ranger de dentes nas fúrias irreprimíveis, mas perdoáveis, dos ludibriados por uma política de meras aparências conciliatórias, disfarçada do maior imperialismo de todos os tempos!

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Salazar triunfou!
Nas atitudes da carreira política do Sr. Presidente do Conselho como que se divisa sempre o sentido de orientação dos portugueses de Quinhentos.
Sr. Presidente: destaquei dois ou três factos de um rosário onde só a dificuldade da escolha poderia fazer hesitar.
Comentá-los? Para quê?
Adjectivá-los? Onde há palavras que correspondam à magnitude e projecção dos resultados obtidos?
Da Europa à América os chefes do governo e os estadistas chegaram em fins de 1947 ao convencimento das realidades que Salazar presumira dois ou três anos antes. Nada mais.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Na bruma imensa, convulsa e prenhe de cataclismos que se aproximava, S. Ex.ª foi dos raros que conseguiram ver!

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Sr. Presidente: vinte anos de trabalho insano, noites e dias queimados ao serviço da Nação, davam ao Sr. Doutor Oliveira Salazar o direito de exigir que o deixassem fruir o repouso indispensável.
Mais do que nunca, porém, Portugal reclama o sacrifício integral da pessoa do Chefe do Governo.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Nuvens negras, pesadas como chumbo, acastelam-se mais uma vez no horizonte... No ar passam rajadas prenunciadoras de que o mau tempo se aproxima...
Que os resultados das eleições na Itália não exagerem os optimismos fáceis dos burgueses do Ocidente: se é certo que o triunfo comunista significaria a derrota total e inevitável do regime democrático naquela nação, não o é menos que o triunfo do Governo moderado está longe de implicar a derrota total e inevitável do comunismo.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Na melhor das hipóteses, os que servem Estaline perderam uma ocasião, ficam-se a aguardar... melhor oportunidade. Nem por isso o perigo se desfez...
Quanto a nós, só a persistência na continuidade governativa, a ordem e a recuperação pelo trabalho, de que Salazar é a melhor garantia, podem salvar a terra onde nascemos.
É supremo egoísmo dos homens! - sabemos e sentimos que o seu sacrifício continuará! Porque, muito além das satisfações inerentes a uma popularidade que não cultiva e acima da doação incon-