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28 DE ABRIL DE 1948 579

blema tem uma importância primordial, pois só são perduráveis as reformas sociais e políticas que assentam e correspondem a uma verdadeira revolução nas almas.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Sr. Presidente: é como Deputado que estou falando, mas não esqueço, não posso esquecer, que sou oficial da armada.
Como então não recordar, embora com mágoa, que anteriormente ao 28 de Maio a marinha de guerra portuguesa, de passado tão glorioso que remonta às descobertas, muitas vezes se via desvirtuada nas suas funções, levada como era a intervir, com paixão, na guerra civil que a todos nos dividia!
As suas virtudes fundamentais mantinham-se intangíveis e o heroísmo e a generosidade continuavam a ser apanágio da corporação, como atestam dezenas de exemplos, conhecidos de todos nós.
Mas o que conta e vale o nosso esforço, sacrifício e abnegação não são os partidos, nem as lutas estéreis em que eles se digladiam, mas sim o conjunto de todos os portugueses: esta realidade luminosa e tangível que é o País!

Vozes: - Muito bem! .

O Orador: - Parece-me, portanto, dever indeclinável prestar as mais calorosas e agradecidas homenagens ao homem de Estado que tornou possível & reintegração da marinha na sua verdadeira missão!
Mas há mais!
Consequência lógica do descalabro financeiro em que caíramos, a nossa esquadra podia considerar-se verdadeiramente desmantelada.
Foi a política financeira de Salazar que deu origem à ressurreição material da marinha portuguesa.
Com que sentida emoção recordo a chegada ao Tejo do Gonçalo Velho (o folclore poético e musical fará perdurar este acontecimento através dos tempos), do Vouga, do Dão e os discursos admiráveis que a esse propósito proferiu o Sr. Dr. Oliveira Salazar!
E foram outros navios, e foi o Arsenal, e foi toda uma política de valorização e engrandecimento que me deslumbrou e para sempre me amarrou, com elos de ferro, à posição que ocupo como defensor do regime!
Que extraordinário, que genial político o Doutor António de Oliveira Salazar, e o que ele tem feito nestes quatro lustres!
Que admirável formação ideológica a do regime (obra sua!), que tão maravilhosamente tem servido os interesses superiores da Nação nestes perturbadíssimos anos que vamos atravessando!
Que dignidade, que altivez, que independência, tem Salazar posto na condução da nossa política internacional, sem prejuízo das obrigações assumidas pelos tratados e dos princípios de moral internacional que a nossa Constituição consigna!

Vozes: - Muito bem!

O Orador: -E que dizer do pensador profundo, revelado através de três volumes de Discursos, que, pela elevação dos conceitos e pelo seu altíssimo significado, guindam Salazar a alturas poucas vezes atingidas!
Gostaria ainda, se para tal tivesse competência, de falar sobre a originalidade, a elegância, o aticismo do estilo de Salazar, o qual, me parece, poderia servir de modelo a quantos falam e escrevem este querido idioma português.

Vozes: - Muito bem!

O Orador:-Não me perdoaria nunca, também, de não aproveitar esta oportunidade para render a Salazar o tributo da minha rasgada admiração pelas suas virtudes morais, pelo ascetismo da sua vida, pela humanidade cristã que os seus actos traduzem, pelo desinteresse absoluto com que se deu a todos nós, portugueses!

Vozes: - Muito bem!

O Orador:-Sr. Presidente: a poucos passos de terminar, vou fazer em voz alta uma pergunta, que a mim próprio tenho feito, muitas vezes, em voz baixa:
O País merece Salazar?
Sempre que neste sentido me tenho interrogado, nunca deixei de concluir pela afirmativa.
Sim, o País merece bem Salazar.
Portugal - que vai desde Caminha até Díli, com escala pelas ilhas do Atlântico, pelas duas costas de África e pela índia- é digno do sacrifício de todos os portugueses, dos mais humildes aos mais poderosos!
Portugal não é um país pequeno, como, erradamente, muitas vezes se afirma!
A pátria que foi berço de Salazar, e cujo destino ele genialmente conduz, vale tanto como as maiores nações do Mundo, porque tem a animá-la uma alma imortal e heróica, enrijecida e sublimada pelos vendavais através de oito séculos de história!
Disse.

Vozes:-Muito bem, muito bem!
O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Bustorff da Silva: -Sr. Presidente: quero associar-me de todo o coração às palavras de homenagem ao Sr. Presidente do Conselho que acabam de ser pronunciadas nesta Assembleia.
Não o faço só por mim; antes me considero representante daquela grande maioria de portugueses que, tendo-se abstido de inscrições nos registos da política partidária ou propondo-se mesmo restaurar fórmulas políticas tradicionais, opostas às consignadas na Constituição que nos rege, entende, todavia, obedecer a um imperativo de sensibilidade moral quando manifesta a gratidão que deve ao Sr. Presidente do Conselho.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador:-Abster-me-ei de adjectivações por demais fáceis.
Quando se atinge a culminância, pode dizer-se universal, do seu nome, os adjectivos esfumam-se, na inutilidade das palavras vãs, ante a magnífica obra concluída.

Vozes: - Muito bem!

O Orador:-Falem, portanto, os factos. E passemos objectivamente a recordar um ou outro passo da carreira triunfal do maior dos portugueses dos últimos séculos, para rapidamente tirarmos as conclusões que de todos eles dimanam!

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador:-Mestre dos mais doutos, elevado ao grau de professor catedrático da prestigiosa Universidade de Coimbra mercê, exclusivamente, dos seus méritos próprios, Salazar, tão depressa chamado a sobraçar a pasta das Finanças no Governo da Revolução Nacional, evidenciou as suas faculdades de realizador, de estadista que aplicava imediata, eficaz e praticamente os seus vastos conhecimentos nas árduas ciências financeiras. O equilíbrio orçamental veio, o saneamento das contas