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28 DE ABRIL DE 1951 955

defesa da frente interna perante o perigo do comunismo russo, que presentemente é denunciado pelas grandes potências como inimigo comum.
Não é de hoje nem de ontem a nossa atitude perante esse tenaz e mortal inimigo da civilização. Talvez por mais libertos do que outros de determinadas conveniências e utopias, nós pudemos desde há muito, conhecendo a natureza da sua ideologia, apontá-lo como uma espécie de avariose mental da cultura europeia e, sentindo-o na sua actividade desagregadora e demolidora, combatê-lo como fautor de guerras civis e provocador de conflitos internacionais.
Fomos e temos sido, num mundo desorientado pela prossecução de quimeras e eivado de preconceitos ideológicos que permitiram os estranhos conúbios políticos de várias frentes comuns e frentes populares, anticomunistas declarados e militantes.
Por isso tomámos posição contra a admissão da Soviécia na extinta Sociedade das Nações, denunciando a perigosa aventura de se fingir acreditar na colaboração pacifica de um governo que, através do Comintern e servindo-se de todos os meios, prosseguia os seus confessados objectivos da revolução mundial.
Também na guerra civil de Espanha, contra a animosidade de uns e a incompreensão de outros, em plena euforia das frentes populares, nos cansámos por fazer ver e demonstrar qual o verdadeiro carácter do conflito internacional que se travava num terreno nacional e que tremenda responsabilidade nele cabia à Rússia Soviética.
Numa nota oficiosa publicada nos jornais de 23 de Setembro de 1936 o Sr. Presidente do Conselho pôde afirmar:

O comunismo está a travar na península uma formidável batalha, de cujo êxito dependerá em grande parte a sorte da Europa, razão por que por ela se interessam e nela tentarão intervir, na medida permitida em cada Estado, todas as ideologias afins.

E ainda, quando nos primórdios da segunda guerra mundial, muito antes mesmo de o Estado totalitário soviético se juntar às potências democráticas para combater os Estados totalitários da Alemanha e da Itália - oh ironia das coisas! -, já depois de Ribbentrop ter sido agraciado em Moscovo com a Ordem de Lenine, Salazar, coerente com a posição assumida em circunstancias análogas, proclamou a fidelidade aos a princípios eternos da verdade e da vida sociais, que constituem a herança moral da civilização cristã, sob cujo influxo se formaram as nações da Europa e da América, e acrescentou:

Nem nós podemos crer - e bastas vezes o temos afirmado - que uma nação como a Rússia, que exactamente renegou esses princípios, seja quem vem - piedoso Cirineu - ajudar a restabelecê-los na Europa Ocidental...

O que a Rússia pretendeu com a sua intervenção na segunda guerra mundial está bem patente aos olhos de todos, e de tal maneira que julgo não ser preciso avivar os traços do quadro.
Agora os jornais de todos os povos para aquém da pesada cortina de ferro que «de Stetin até Trieste caiu sobre a Europa», assim como os discursos dos seus estadistas, o clamor das rádios e mil e uma publicações, espalham e vulgarizam como trágica e iniludível evidência o que nós há tanto tempo, quase sós, afirmávamos e prevíamos.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Isto é: que o comunismo não é uma doutrina política, social e económica como qualquer outra, mas um conceito do Mundo e uma religião secular que pretende forjar uma nova natureza do homem e da humanidade, e que, portanto, é incompatível com os conceitos fundamentais da nossa civilização.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - E que os partidos comunistas, nos países onde ainda os suportam como coadjuvantes das democracias, mais não são do que agentes da política externa do imperialismo russo, dada a identidade comprovada e incontestável dos comandos do partido comunista russo e do Governo Soviético com os da III Internacional - o Comintern de ontem transmudado no Cominform de hoje.
A estratégia adoptada para alcançar o almejado domínio do Mundo, a cujo eficiente desenvolvimento se têm prestado, pelo menos até há pouco, bastantes ideólogos e alguns Governos, foi magistralmente analisada por Júlio Monnerot no excelente livro Sociologie du comunisme. Ela consiste na apurada sincronização de um trabalho de destruição do chamado mundo capitalista com um trabalho de construção do mundo socialista.
Assim, nos países do tal mundo capitalista o Politburo russo, manejando, como lhe convém, através da III Internacional, os partidos comunistas, os aparelhos subversivos complementares e os simpatizantes, explora o que na gíria da dramaturgia bolchevista se chama «as contradições inelutáveis do capitalismo». Isto quer dizer que se inventam conflitos sociais onde não existem, se agravam os que facilmente poderiam ser resolvidos, se leva o operariado a fazer exigências absurdas, se declaram greves apenas por motivos de táctica revolucionária, para que sofra a economia da Nação, aumente o preço de custo da produção, encareça a vida, se dificulte a exportação, empobreça a colectividade, recaiam os males consequentes sobre todos, o Governo se desacredite e o Estado burguês entre em colapso ...
Entretanto, e conjugada harmònicamente com esta manobra de subversão do Ocidente, o mesmo Politburo russo, no seu mundo socialista, impondo aos trabalhadores uma disciplina férrea que não admite o mínimo reparo, quanto menos greves, e manejando uma policia política feroz e omnipresente, que leva à conta de sabotagem qualquer desfalecimento e à de traição a mais leve dúvida, prossegue afanosamente, por meio de sucessivos planos quinquenais, a industrialização do país para «ultrapassar o capitalismo», conforme apregoam, mas na realidade para bolchevizar o Mundo.

Vozes: - Muito, bem!

O Orador: - O impressionante relato de David Dalin, The Real Soviet Rússia, elucida-nos e à consciência universal dos imortais princípios acerca dos vastos e extraordinários poderes da polícia política, a M. V. D. actual, outrora cognominada Checa e G. P. U., à qual está confiada, entre outras obras públicas, a construção de estradas e caminhos de ferro, e que, para tal fim, se serve da desumana e aviltante exploração daqueles que, por divergências políticas e após as inúmeras purgas do regime - mais de 20.000:000 de desgraçados, segundo insuspeitos depoimentos -, foram sumariamente condenados a trabalhos forçados e vegetam como gado económico, produtor de mais valias, nos vários campos de concentração do paraíso soviético.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Este esforço de sincronização do empobrecimento económico e desarmamento moral das nações do Ocidente com o progresso industrial e o fortaleci-