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956 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 104

mento militar do império russo resulta, conforme os planos do Cominform, na medida em que o permitem as reservas morais dos povos, a capacidade defensiva das instituições políticas e sociais, a unidade nacional e a vontade de resistir dos Governos.
E assim é que a III Internacional se incorpora e encabeça todas as campanhas ideológicas e projectos de frentes que se propõem manter a democracia nos povos latinos, e com tanta mais fúria patrioteira quanto mais avançada se encontra a decadência dessa democracia pela proliferação de partidos e o paroxismo de luta de classe, que tornam impossível a formação de qualquer governo estável e profícuo.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - O verdadeiro significado da luta, contra os fascismos consiste na aversão a qualquer tentativa, embora desesperada, de unificação nacional que se oponha ou entrave a interferência cancerosa do comando-moscovita. O totalitarismo integral do bolchevismo não admite a concorrência de outro totalitarismo que lhe não esteja subordinado, porque, neste caso, passará logo a ser ... uma pacífica e progressiva democracia popular!
Os planos da III Internacional só poderão ser frustrados por meio da defesa enérgica e implacável da frente interna dos povos ameaçados, de forma a evitar a terrível conjuntura da subversão nacional com a invasão estrangeira, como foi tentado sem êxito em Espanha, mas resultou nos países da Europa Oriental e Central, hoje transformados em míseros satélites do império russo.
É este perigo que temos de conjurar, descobrindo, vigiando e vencendo todos os inimigos internos que, consciente ou inconscientemente, se transformaram em aliados e cúmplices dos inimigos externos da nossa civilização comum.

Vozes: - Muito bem!

O Orador:- Sr. Presidente: com quem conta a III Internacional em cada país para executar o seu plano de domínio do Mundo através da subversão interna?
Forque não desejaria exceder o tempo regimental que me é concedido, procurarei responder sucintamente a esta pergunta.
Se a guerra, segundo o conhecido tema de Clausewitz, é a outra forma de continuar a política, a III Internacional, que adoptou e completou este pensamento, considera, na sua actividade subversiva, a política como a outra forma de continuar a revolução mundial.
Para tal fim, o Cominform movimenta em cada país verdadeiros exércitos revolucionários, que outra coisa não são os partidos comunistas, cuja constituição e estrita obediência às ordens que dimanam do estado-maior de Moscovo são assaz conhecidas.
A actividade subversiva dos partidos comunistas, desenvolvida nos quadros da democracia naqueles países que os consentem ou de forma subterrânea nos que os eliminaram da sociedade política, é completada e reforçada por um aparelho ilegal, cuja existência muitos desconhecem, porque este trabalha sempre secretamente. A organização deste aparelho ilegal obedece aos seguintes propósitos, marcados pelo próprio Lenine:

Nós devemos ter em toda a parte e sempre os nossos homens, em todas as camadas sociais e em todas as posições, de forma a podermos conhecer as engrenagens internas do mecanismo do Estado.

Os elementos do aparelho ilegal, formados, quando possível, nas escolas revolucionárias tipo da de Lenine, em Moscovo, ou por correspondência, conforme as necessidades tácticas, ao contrário das atitudes dos membros do partido comunista, mascaram a sua ideologia e propósitos e procedem como agentes dum corpo de espionagem- aparentemente muito boas pessoas e prestáveis, comerciantes com farto crédito que são bafejados pela sorte, podendo assim dar a mão a outros mais infelizes, economistas com cultura de vara e meia, caixeiros viajantes da ciência que chegam a fazer conferências na Universidade de Taprobana, professores muito camaradas dos seus discípulos e romancistas que se vêem traduzidos até em sânscrito, etc....

Vozes: - Muito bem!

O Orador:- Tudo isto, porém, partido comunista e aparelho ilegal, desdobrado em tantos aparelhos A, B, C, etc., conforme os meios em que se tem de operar, não seria de temer, e bastaria a polícia para desventrar e aniquilar a organização, se não fossem os aliados e cúmplices, que, mobilizados, estruturados e comandados por aqueles, se transformam numa espécie de tropas mercenárias do Cominform...
Não foi sem razão que Lenine assegurou que elementos da burguesia ajudariam estupidamente a destruir a própria burguesia. A triste figura histórica de Kerenski simboliza o acertado fundamento de tal asserção.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Neste caso a máquina de subversão comunista limita-se a tomar conhecimento, a registar e a arregimentar como aliados e cúmplices aqueles que, com o juízo embebido em abstracções igualitárias do século das luzes, se manifestam descontentes perante os contestados resultados da democracia política e suspiram pela democracia económica, e também os reformistas sociais de todas as castas e feitios que não querem ficar a meio caminho e anelam pelas realizações progressivas das utopias que animaram as doutrinas socialistas do século XIX.
O Cominform apresenta-se e procede como o herdeiro universal de todas as abstrações libertárias, igualitárias e humanitaristas que menosprezam a realidade e, segundo Carlyle, tem por efeito apenas a destruição.
No mesmo sentido trabalham em todos os países as várias Inteligentsias que Lenine cultivava cuidadosamente como os melhores «bacilos revolucionários». Entre estes avultam os filósofos que pretendem enfabular todos os ramos dos conhecimentos humanos segundo os métodos do materialismo dialéctico, especialistas que exploram na política - onde raciocinam e procedem como primários - uma notabilidade alcançada no mundo científico, ensaístas do «muito humano» que transbordam sentimentalidade sem o correctivo de uma sólida cultura filosófica e, sobretudo, os romancistas do social que exploram a imaginação dos sofrimentos alheios e que até às vezes - quem o diria? - se vêem galardoados por algumas academias ...

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Sr. Presidente: resta-me ainda dizer algumas palavras acerca das condições indispensáveis à organização de uma defesa eficiente contra o grande inimigo da nossa pátria e da civilização cristã.
Mais do que nunca, nesta emergência, a condição primordial da defesa da nossa frente interna contra as maquinações revolucionárias do comunismo é, sob a égide do Estado forte na Nação corporativamente organizada, a unidade moral dos portugueses.

Vozes: - Muito bem!