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30 DE JANEIRO DE 1952 317

enviou à Imprensa, informando que o Governo decidia que o Ministro do Ultramar siga brevemente em viagem oficial ao Estado da índia, Macau e Timor.
Uma tão grata notícia não pode passar despercebida, não pode ficar no esquecimento, sem que realcemos a sua transcendente importância, sem que acentuemos a larga projecção que - desde já se pode assegurar - terá a visita do Sr. Ministro aos territórios portugueses do Oriente.
Essa resolução do Governo merece o mais caloroso aplauso pelo seu acerto e pela sua oportunidade.

Vozes: - Muito bem!

O Orador:- Revela-se nela, em toda a sua amplitude, o alto pensamento em que o Governo se inspirou para a tomar nesta hora de excepcional gravidade, em que. em toda a parte se discutem, se agitam problemas concernentes ao bem-estar moral e material dos povos.
Ainda há poucos dias tive o grato ensejo de neste mesmo lugar me referir, embora de fugida, às belas iniciativas com que o Sr. Comandante Sarmento Rodrigues vem assinalando a sua passagem pela pasta do Ultramar. Hoje é ainda com maior júbilo que me faço eco da sua decisão de visitar os territórios do Oriente Português.
A notícia despertou vivo entusiasmo em todo o ultramar, como os jornais informam.
Quanto ao Estado da índia, logo no dia imediato ao da publicação da referida nota do Ministério do Ultramar vinha, em telegrama procedente da cidade de Goa, a informação de que reina aí grande satisfação pela próxima visita ministerial.
Era natural que assim fosse. Essa visita vem ao encontro dos desejos do Estado da índia, insistentemente manifestados, quer pela sua imprensa, quer por comunicação directa.
A índia Portuguesa vai, pois, ter a honra e o prazer da visita do Sr. Ministro do Ultramar. Só honra e prazer? Não. Vai ter a fortuna de ser vista e ouvida de perto, ao contrário do que se afirma na histórica e conhecida frase que tem o acento de um doloroso desabafo, de ama amarga queixa de quem se vê na indesejável posição de ser visto e ouvido sempre de longe.
Não podia ser mais oportuna a presença do Sr. Ministro do Ultramar no Estado da índia. S. Ex.ª terá o ensejo de tomar conhecimento directo das nossas mais imperiosas necessidades, de estudar in loco os problemas que mais nos interessam e de colher os elementos necessários que o habilitem a dar-lhes solução adequada.
Mas não é só tanto. É a primeira vez que a índia vai ser visitada por um Ministro.
Nessa honrosa visita eu vejo plasticizada a união que, através dos tempos, tem identificado a metrópole com essa sua remota província ultramarina.
Nessa visita eu vejo uma bela afirmação da unidade da Nação Portuguesa; vejo nela um meio seguro e eficaz de consolidar "a unidade espiritual e afectiva entre o ultramar e a metrópole", estreitando ainda mais os laços que os ligam, numa solidariedade indestrutível.

Vozes: - Muito bem!

O Orador:- Pois, pelo seu alto significado e pelo seu grande alcance políticos, a visita ministerial será um dos factos mais memoráveis da história do Estado da índia.
A índia prepara-se, afanosamente para essa visita.
Não há dúvida: a índia receberá o Sr. Ministro com todas as honras que lhe são devidas.
As manifestações de regozijo com que será acolhido o Sr. Comandante Sarmento Rodrigues não terão talvez a grandiosidade que recorde o esplendor de Goa das eras passadas.
É que a índia não é já a "terra de sonho"; já não é a terra das especiarias e das pedras preciosas. A índia já não deslumbra pelas suas riquezas, pela sua opulência.
Mas o que a essa homenagem escassear em imponência, em brilho, em sumptuosidade, sobrará em espontaneidade, em sinceridade com que ela será prestada ao Sr. Comandante Sarmento Rodrigues em atenção não só à sua elevada posição e à alta missão de que S. Ex.ª vai incumbido, mas ainda às suas nobres qualidades pessoais, que de há muito impuseram o seu, prestigioso nome à consideração pública no Estado da índia.

Vozes: - Muito bem!

O Orador:-O Sr. Comandante Sarmento Rodrigues não é uni desconhecido para a índia. S. Ex.ª esteve aí por pouco mais de um ano. E esse período de tempo foi bastante para ele granjear à volta do seu nome uma aura de profunda simpatia, que tão nitidamente se exteriorizou quando S. Ex.ª foi nomeado Ministro do Ultramar. A índia convence-se de que tem em S. Ex.ª um amigo. E com razão.
Eu sei - e muito grato me é dizê-lo - do apreço em que S. Ex.ª tem a minha terra, do carinhoso interesse que ela lhe merece.
É esta mais uma feliz circunstância que me permite augurar que a próxima visita ministerial será muito proveitosa ao Estado da índia.
As gratas recordações que a índia ainda conserva do convívio com o distinto oficial da nossa Marinha que hoje é Ministro do Ultramar convertem-se em esperança de que da presença de S. Ex.ª advirão para o País reais benefícios.
Como disse, pelo contacto directo com os seus habitantes S. Ex.ª integrar-se-á nas suas aspirações, nos seus anseios, esforçando-se por satisfazê-los na medida do possível.
O Sr. Ministro não desconhece que são fracas as nossas disponibilidades financeiras, que são modestos os recursos do nosso Tesouro.
A terra que S. Ex.ª vai visitar é pequena em extensão. Mas as terras, como os homens, não se medem aos palmos.
À sua precária condição económica, à sua reduzida extensão territorial, o Estado da índia pode, com legítimo orgulho, contrapor o seu valioso património espiritual e cultural.
Pelos seus hábitos e costumes, pelas suas tradições, pela língua, pela religião, pode bem dizer-se, sem que seja preciso forçar a nota, que o Estado da índia é um prolongamento de Portugal.

Vozes: - Muito bem!

O Orador:- Ora uma terra que tem um passado cheio de glórias não pode resignar-se a viver em inércia, sem agir no presente por forma que veja assegurado o seu futuro.
Concluindo, formulo os meus melhores votos porque a viagem do Sr. Ministro do Ultramar ao Estado da índia, Macau e Timor decorra próspera e, assinalando-se por vantajosos resultados práticos, seja uma jornada de novos triunfos para a Nação.
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Sócrates da Costa: - Sr. Presidente: desejo associar-me às palavras com que o ilustre Deputado Mons. Castilho Noronha se congratulou com a decisão