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30 DE JANEIRO DE 1952 319

esqueceram do aparatoso séquito que acompanhava os seus antigos vice-reis e outros mandarins nas suas deslocações.
Os chineses apreciam a sumptuosidade, como será verificado pelo próprio ilustre Ministro quando aí chegar.
Se é certo, Sr. Presidente, que a mais alta autoridade do ultramar vai para uma terra portuguesa, não é menos certo que essa autoridade será aclamada, será festejada por uma grande multidão de chineses, que contribuirão enormemente com o seu dinheiro e com a sua presença para dar maior brilhantismo às solenidades que se realizarão.
Peço licença para lembrar ao Governo, através de V. Ex.ª, Sr. Presidente, que esses mesmos chineses que ovacionarão o nosso Ministro do Ultramar pertencem a um pais de tradições faustosas.
É natural que eles esperem que um tão alto enviado do Poder Central seja acompanhado de uma comitiva que dê realce à primeira visita de Portugal a Macau.
No meu fraco entender, um Ministro do Estado de uma nação próspera que se desloca para uma visita oficial a uma província portuguesa, é certo, mas situada no esplendoroso Extremo Oriente, não deve deixar de ter um acompanhamento que corresponda ao brilhantismo da recepção que lhe vai ser prestada.

Vozes: - Muito bem!

O Orador:-Mais considerações poderia fazer a este respeito, mas basta a enunciada.
Ouso, portanto, rogar ao Governo, por intermédio de V. Ex.ª, que o Sr. Ministro do Ultramar se faça acompanhar de uma comitiva e que esta, se não pode ser rica em quantidade, não seja pobre em qualidade.
Foi pelos motivos expostos que no ano transacto, ao fazer-me eco dos desejos do governador de Macau, Ex.mo Sr. Comandante Albano de Oliveira, e da população da mesma cidade para a visita ministerial que se vai realizar agora, sugeri que uma deputação de membros desta Câmara acompanhasse o ilustre Sr. Ministro.

Vozes: - Muito bera!

O Orador:- Se essa deputação não pode ser maior por uma questão de economia, eu lembraria que, pelo menos, o digno titular da pasta do Ultramar seja acompanhado dos quatro Deputados representantes nesta Assembleia das províncias que vai visitar, três dos quais têm direito às passagens de regresso às suas residências durante o interregno parlamentar.
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!
O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. António de Almeida: - Sr. Presidente: foi com grande júbilo que tomei conhecimento da magnífica iniciativa do Governo decidindo que o Sr. Ministro do Ultramar visite oficialmente o Estado da índia, Macau e Timor. Por isso me associo entusiasticamente às calorosas palavras que os nossos ilustres colegas Castilho Noronha, Sócrates da Costa e António Maria da Silva acabam de pronunciar acerca de tão clarividente acto político, que fez vibrar de profunda alegria e fervoroso sentimento patriótico todos os portugueses de aquém e de além-mar, principalmente os que vivem nos territórios que vão ter a honra de acolher um dos mais qualificados colaboradores de Salazar - o obreiro máximo do ressurgimento nacional.

Vozes: - Muito bem!

O Orador:- É que, em quatro séculos e meio de fecunda acção colonizadora portuguesa no Oriente, pela primeira vez um membro do Governo pisará essas terras sagradas, dando-se assim inteira satisfação ao desejo fremente e instantemente evidenciado pelas populações destas províncias ultramarinas.
A presença do Sr. Prof. Comandante Sarmento Rodrigues nessas longínquas paragens contribuirá para reforçar ainda mais os laços morais e sentimentais que unem indissoluvelmente todas as parcelas do nosso Império e constituirá também merecido preito de gratidão e homenagem a esses portugueses que, a exemplo de seus maiores, continuam infatigáveis na realização da portentosa tarefa civilizadora em que andamos empenhados desde os primórdios da nossa grandiosa expansão.

Vozes: - Muito bem!

O Orador:- Igualmente esta viagem facilitará, por certo, a resolução de problemas de transcendente actualidade; não será inoportuno pensar que entre as mais importantes questões a encarar pelo Sr. Ministro figure aquela que se relaciona com o estabelecimento de uma linha de navegação marítima ligando com regularidade a Mãe-Pátria aos seus territórios do Oriente. Congratular-me-ei, e comigo certamente todo o Império Português, com a efectivação de tão ansiada carreira, cujo alcance mais de uma vez tenho enaltecido nesta Câmara.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Referindo-me especialmente a Timor - a província que muito me orgulho de representar na Assembleia Nacional -, os seus habitantes ainda têm mais motivos para estarem gratíssimos ao Governo da Nação e em particular ao Sr. Prof. Comandante Sarmento Rodrigues, porquanto foi recentemente aprovado, por proposta sua, o plano parcial de reconstrução desta província, a custear pela metrópole e por conta da verba de 10:000 contos, generosamente oferecida no ano corrente.
Sr. Presidente: Timor foi conquistado pelo baptismo, "pela água e pelo sal", como vaidosamente o proclamam seus naturais, pois que entrou na soberania de Portugal pela mão amiga dos Dominicanos e sob a sua benemérita assistência espiritual e cívica se cristianizou e nacionalizou; com os missionários, os timorenses aprenderam a amar a Deus e a louvá-lo em português, a ler, escrever e contar na língua que Camões glorificou, e, se em tempos mais ou menos remotos, incitados por estranhos à sua raça e cultura, alguns indígenas se rebelaram contra a influência portuguesa, a pouco e pouco resgataram essa falta e, habituando-se ao nosso convívio, acabaram por converter-se em portugueses de lei, e a tal ponto que muitos deles por Portugal deram o sangue e a própria vida.

Vozes: - Muito bem!

O Orador:- Recorde-se o sacrifício heróico de D. Aleixo, o chefe prestigioso assassinado pêlos invasores japoneses, e o singular e abnegado procedimento do régulo Mó-Pitine, que, aquando da rectificação da fronteira luso-holandesa, abandonou seus súbditos e parentes, gados e lavras e a terra natal tornada estrangeira e partiu pobre e sem poder para o nosso território, porque, tendo nascido português, não quis viver e morrer senão em terra portuguesa!

Vozes: - Muito bem!

O Orador:- E, para que se alicerçasse e consolidasse a nossa presença para sempre no Extremo Oriente,