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320 DIÁRIO DAS SESSÕES N.° 128

quantos bravos marinheiros, soldados e hábeis administradores da têmpera de Celestino da Silva e de Filomeno da Gamara, filhos da metrópole ou de outras regiões portuguesas de além-mar, não sacrificaram tudo por Timor! Para essa plêiade de heróis, conhecidos ou ignorados, nesta hora de exaltação nacional, vai toda a admiração e o reconhecimento dos portugueses do nosso tempo.

Vozes: - Muito bem!

O Orador:-Sr. Presidente: em Timor, no país "que o lenho manda sândalo salutífero e cheiroso", no doce cantar do nosso Poeta, lavra febril entusiasmo pela próxima visita ministerial. Começou já intensa azáfama entre os nativos, ocupando-se na preparação das vistosas festas a celebrar em honra do enviado da Pátria-Mãe lusitana. Afinam-se pequenas e afuniladas "tibas" ou "tabas"
- cujo monótono e comunicativo ressoar é indispensável ao ritmo das suas
danças-, e mãos femininas, a quem pertence tamborilá-las, experimentam novos e estranhos acordes musicais; limpam-se os gongos que hão-de retinir sonora e calorosamente por quebradas e montanhas; ensaiam-se apropriadas letras de "Loroçá" ou cântico do sol nascente - majestoso e arrepiante hino guerreiro; em cada povoado projectam-se construções de floridos arcos alegóricos - elemento decorativo tão pitoresco e que jamais falta em recepção de personalidades de relevo; revistam-se cuidadosamente os lindos panos de tecido regional, os cordões de encantadoras mutiçalas, as sedutoras luas de oiro, as artísticas pulseiras de prata e os alfinetes de cabelo de fabrico local com que hão-de enfeitar-se os timorenses no desejado dia da chegada do Sr. Ministro do Ultramar. E nessa data faustosa, massas compactas de indígenas, a pé ou em álacres e movimentadas cavalhadas, irão acolher o Sr. Prof. Comandante Sarmento Rodrigues com frenéticas "haclalas", manifestações mistas de estrepitosas vozearias e de aclamações apoteóticas-maneira expressiva e caracteristicamente timorense de saudar as autoridades portuguesas. Tudo se prepara, enfim, para receber condignamente o chefe do ultramar português.
Sr. Presidente: faço votos para que o Sr. Prof. Comandante Sarmento Rodrigues tenha uma excelente viagem e para que a sua alta missão seja coroada de pleno êxito - porque S. Ex.ª o merece e vai a bem da Nação!

Vozes: - Muito bem!

O Orador:-Queira Deus que a esta visita oficial outras se sucedam e que, em dia não afastado, S. Ex.ª o Sr. Presidente da Republica, enamorado fiel e esclarecido do ultramar, realize também uma peregrinação ao Estado da índia, Macau e Timor - padrões luminosos da nossa incomparável epopeia em prol da dilatação da Fé e do Império por terras do Oriente!
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!
O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Morais Alçada: - Sr. Presidente: tornou-se público, pelas notícias dos jornais, que os ilustres Deputados a esta Assembleia Nacional pelo distrito de Coimbra, com notável auscultação das realidades pertinentes ao seu digno mandato, representaram oportunamente a S. Ex.ª o Sr. Ministro das Obras Públicas a necessidade instante de ser concluída, com a maior brevidade, a Estrada das Pedras Lavradas, que ficará então a assegurar mais fácil e mais rápido acesso das regiões norte da Beira Baixa, compreendidas no distrito de Castelo Branco, com todas as do distrito de Coimbra, e, por conseguinte, até com um futuro porto, que, pela sua maior proximidade, estará em situação de melhor facultar as comunicações marítimas da parte central do País, isto é, com o porto da Figueira da Foz.
Porque os interesses que presidiram a essa categorizada representação são recíprocos a ambos os distritos e se transmudam em necessidades comuns dos povos dessas regiões, é meu desejo reforçar esse apelo ao muito digno titular da pasta das Obras Públicas, sublinhando que, ainda nesta parte, me continuam a dar a honra e a força da sua companhia moral e espiritual os demais representantes do distrito de Castelo Branco nesta Câmara.

Vozes: - Muito bem!

O Orador:- Deste traçado, cuja idade dos planos e início de obras remonta a 16 de Outubro de 1873, faltam apenas executar-se 19 ou 20 quilómetros.
Estão quase perfeitos dois terços de século sobre a data em que o Ministro e Conselheiro Cardoso Avelino, o Par do Reino Vaz Preto e o Deputado Pinheiro Chagas desejaram, com as suas1 presenças, reconhecer a seriedade da obra então encetada; e o que já era nessa altura necessidade, declarada por via oficial, continuou até hoje, na simples expectativa do carácter sofredor e paciente dos beirões, como solução definitiva que havia de chegar um dia de melhor derrame de justiça.
O que está feito deve-se a vários golpes de mão-de-obra, e, embora excessivamente compassados e muito distanciados uns dos outros, é de legítima verdade reconhecer-se que o grande e mais custoso avanço se imprimiu já nesta quadra do ressurgimento nacional.

Vozes: - Muito bem!

O Orador:-Ficaria, portanto, prejudicada a sua larga finalidade económica e social, seria amputado o objectivo que, desde logo, se reconheceu e que, infelizmente, subsiste, de desafrontar a Beira Baixa da deficiente rede de comunicações que a conduzem aos grandes centros comerciais e industriais do País, se este traçado rodoviário das Pedras Lavradas continuasse à espera das idades e das gerações futuras.

Vozes: - Muito bem!

O Orador:-Por outro lado, a solicitação em que vivamente desejamos colaborar aparece, assim, não só em interesse comum e recíproco com o distrito de Coimbra, mas, porventura, com mais justificadas razões em se prover e atender uma região distante é mal servida de comunicações, e tanto que nela foi enquadrada já a acção literária de uma obra premiada, que tem o nome de O Calcanhar do Mundo ...
Termino, pois, solicitando a S. Ex.ª o Ministro das Obras Públicas a costumada atenção para o caso representado e afirmando ainda a minha esperança nos resultados úteis - aliás fundamentada no passado de uma acção governativa indiscutivelmente inteligente e forte -, dado que no assunto intervirá, por fim, o critério de justiça, pronto e sem peias, de Sua Excelência.
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.