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558 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 139

Henrique Linhares de Lima.
Henrique dos Santos Tenreiro.
Herculano Amorim Ferreira.
Jerónimo Salvador Constantino Sócrates da Gosta.
João Alpoiin Borges do Canto.
João Ameal.
João Carlos de Assis Pereira de Melo.
João Luís Augusto das Neves.
Joaquim Mendes do Amaral.
Joaquim de Pinho Brandão.
Joaquim dos Santos Quelhas Lima.
Jorge Botelho Moniz.
José Dias de Araújo Correia.
José Gualberto de Sá Carneiro.
José Luis da Silva Dias.
José Piiito Meneres.
Luís Maria Lopes da Fonseca.
Manuel Colares Pereira.
Manuel França Vigon.
Manuel Hermenegiïdo Lourinho.
Manuel José Ribeiro Ferreira.
Manuel Lopes de Almeida.
Manuel de Magalhães Pessoa"
Manuel Maria Vaz.
Manuel Marques Teixeira.
Manuel de Sousa Meneses.
Manuel de Sousa Rosal Júnior..
Mário Correia Teles de Araújo e Albuquerque
Mário de Figueiredo.
Miguel Rodrigues Bastos.
Paulo Cancela de Abreu.
Pedro de Chaves Cymbron Borges de Sousa.
Ricardo Vaz Monteiro.
Salvador Nunes Teixeira.
Sebastião Garcia Ramires.
Teófilo Duarte.
Tito Castelo Branco Arantes.
Vasco Lopes Alves.

O Sr. Presidente: - Estão presentes 72 Srs. Deputados.

Está aberta a sessão.

Eram 16 horas e 1 minuto.

Antes da ordem do dia

O Sr. Presidente: - Enviados pela Presidência do Conselho e para cumprimento do disposto no § 3.º do artigo 109.º du Constituição, encontram-se na Mesa os n.ºs 6O, 6l e 62 do Diário do Governo, l.ª série, respectivamente de 15, 17 e 18 do corrente, que contêm os Decretos-Leis n.ºs .58:677, 38:080, 38:681, 38:682 e 38:684.

Pausa.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra antes da ordem do dia o Sr. Deputado Lopes do Almeida.

O Sr. Lopes de Almeida: - Sr. Presidente: quando me sugeriram que dissesse na Assembleia Nacional algumas palavras antes da partida do Vera Cruz para o Brasil, foi a sugestão tanto de meu gosto que dificilmente pude escusar-me.

Apenas uma circunstância me empresta alguma qualidade para falar: a do ter há poucos meses percorrido grande parte dessa II obro nação fraterna e desde há muito não me serem inteiramente estranhas a sua vida e a sua história.

Todavia, reforça-me o gosto de pronunciar hoje algumas palavras o facto do seguirem viagem alguns colegas da Assembleia Nacional, que de todos nós merecem o justo preito do nosso afecto e distinta consideração.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Dentro de poucas horas um novo barco português irá sulcando antigos mares, bem conhecidos da nossa gente.

Os caminhos dessa viagem, de bom augúrio desde bastantes séculos, não tom segredo para marinheiros de Portugal, mas penso que pela viagem nova lhes freme o coração em seu ponto de honra. Como não havia de ser assim?

Nós, os Portugueses, somos gente cuja vida se embalou com teimosia e graça ao ritmo do mar oceano, esse "dúbio tentador", como lhe chamou Oliveira Martins. Logo ao amanhecer para a vida histórica as nossas populações ribeirinhas puseram com decisão e coragem os pés na tolda de suas frágeis embarcações e fincaram as mãos no remo e no baraço da vela das pobres barcas em que ganhavam o pão de cada dia. Com seus olhos volvidos ao largo o ao longe, ouviam a linguagem intraduzível do mar em noites de cerração e auscultavam o rumor da vida e as promessas de ilhas desconhecidas e terras ignoradas.

A espuma alvinitente da vaga que broslava o recorte fino da nossa costa atlântica era como toalha de promessa feita a Deus para sua maior glória e à Pátria para sua imorredoira consagração.

Os anseios do alto mar ressoavam no peito dos Portugueses com a mesma vivacidade e igual inquietação, e através de todos seus caminhos espargimos o nosso sangue e demos com a nossa fala vozes de domínio e a Deus louvores.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Nenhum país pode desligar-se das raízes profundas que o ligam do presente ao passado. Se o reconhecimento desta verdade não for aceite é evidente que nunca se poderá compreender a psicologia de um povo e avaliar com alguma objectividade a sua capacidade de colaboração na obra comum da solidariedade humana e da justiça na sociedade.

Portugal nasceu para a vida política independente nos finais do século XI, e desde logo certas condições espirituais e geográficas o destinaram para só lançar nos grandes caminhos do mar. Se outras razões não houvesse, o pensamento das cruzadas e o forte carácter de oceanidade da terra portuguesa criaram as disposições propícias à expansão ultramarina.

Os séculos XV e XVI são a época decisiva desta forte afirmação de vitalidade expansionista dos Portugueses, e com razão se pôde chamar então ao Atlântico maré nostrum e Camões dizer de Portugal que "se mais Mundo houvera lá chegara". Esta mesma consciência do destino marítimo do nosso país se afirmou naquele passo das Ordenações Afonsinas em que se lê:

Maravilhosas cousas som os feitos do mar, e assinadamente aqueles que fazem os homens em maneira de andar sobre ele per mestria o arte...

Na época dos Descobrimentos o grande papel dos Portugueses é o da realização do périplo africano, e logo no século seguinte a sua obra eminente na história da civilização é a da expansão da cultura europeia nas terras do África e Ásia. A morte do S. Francisco de Xavier às portas de San chão, na China, em 1552, inicia o período de maior penetração da civilização no Oriente.

Ao terminar o século XVII os soldados, marinheiros e missionários portugueses corriam ainda o Mundo inteiro