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18 DE ABRIL DE 1952 729

Seguidamente toma p0arte nas operações de N'Giva e do Baixo Cunene e regressa então a Lisboa, em meados de 1910. Em 1916 parte para França; onde se houve por forma tal que lhe é conferida a medalha de ouro das campanhas do Exército português, com a legenda «França-1917-1918». Regressa a Portugal em 1918 e ocupa então os mais altos postos do Exército português. Politicamente serviu os seus ideais em postos igualmente elevados, entre os quais os de Ministro da Guerra e das Colónias. Mas com tal isenção e lealdade o fez que não se suponha fácil a sua missão, pois que muitas vezes teve de agir em situações de perigo para o regime e contra camaradas que muito estimava!
Depois de 1926, com a mesma isenção, a mesma energia e a mesma lealdade, serve o Estado Novo, deixando atrás de si um rasto que, neste campo, bom seria servisse de exemplo a muitos que ainda não tiveram a coragem moral de o fazer!
É este, nas suas linhas gerais, o homem que hoje foi a enterrar, levando por seu acompanhamento uma nítida maioria de adversários políticos, que as suas qualidades há muito haviam transformado em amigos.
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Carlos Moreira: - Sr. Presidente: desejo associar-me expressamente às justas palavras que acabam de ser proferidas pelo ilustre Deputado Sr. Brigadeiro Frederico Vilar.
Percorri, há perto de vinte anos, o vasto território moçambicano, de que guardo perene e amorosa lembrança. Mais do que à novidade das terras e das gentes e à grandeza impressionante da selva africana, devo a perenidade dessa lembrança ao conhecimento dos lugares onde se desenrolaram algumas das mais altas façanhas da nossa epopeia ultramarina, lugares que, pela reminiscência histórica, tanto fizeram ferver o meu peito de português!
Essas campanhas, sob a acção directa de António Enes -um homem de larga percepção política e de apurado conhecimento dos homens- e debaixo da égide suprema do grande rei que foi D. Carlos I, essas campanhas, dizia eu, transformaram um punhado de homens numa galeria de heróis!

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Não lhes faltou o dedicado acolhimento e nobre galardão dessa excelsa Senhora e Rainha que foi D. Amélia de Orléans e Bragança.
A esse número de heróis pertenceu o general Vieira da Rocha, que ontem subiu ao julgamento de Deus.
O seu nome liça na história da nossa ocupação africana,, e, porque é nacional, é nosso. Nada importa para o preito devido que o seu caminho, mais tarde, na vida política tenha sido diferente do que nós sempre trilhámos. Não regateio, por isso, o meu tributo de justiça à sua memória de herói, habituado, como estou, por educação e regra moral, a curvar-me perante o mérito da inteligência, do sacrifício ou da heroicidade.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - No seu livro A Guerra de África em 1895 o grande comissário régio escreveu, a respeito dos nossos combatentes, as seguintes palavras:

A robustez física provou-se especialmente nos soldados; nos oficiais luziram os brios heróicos dos antigos paladinos nacionais. Couceiro, Freire de Andrade, Mouzinho, Vieira da Rocha, se tivessem vivido nos séculos XV ou XVI, poderiam chamar-se Duarte Pacheco ou D. Duarte de Meneses, sem empanar o brilho desses nomes. Em todos os exércitos e em todas as marinhas seriam eméritos.

Sr. Presidente e Srs. Deputados: a Nação perdeu mais um dos seus heróis; ganhou a história pátria mais umas letras de ouro nas suas páginas.
Ao registá-lo, nas modestas palavras que proferi, julguei interpretar o sentir que nos domina e cumprir um dever de justiça, que ninguém alcunhará de suspeitosamente exercido.
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Melo Machado: - Sr. Presidente: eu não gosto de trabalhos sobre a pressão do tempo e da multiplicidade dos assuntos. Neste momento, porém, o caso terá, pelo menos, a vantagem de me livrar do antipaticíssimo papel que é da minha especial embirração.
Anteontem, ao entrar nesta Assembleia, encontrei uma numerosa comissão de industriais de transportes de passageiros em automóveis, que me pediu fosse intérprete nesta Assembleia de uma reclamação que pretendia apresentar a S. Ex.ª o Presidente desta Assembleia e ao Governo e em que reclamava contra medulas publicadas num decreto em que se fez a concessão única à Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses.
Porque julgo, Sr. Presidente, que a função de Deputado é precisamente a de dar voz às reclamações legítimas dos seus eleitores, às ânsias de justiça que os levam a protestar - porque ainda, na minha quantidade de Deputado agrário, entendo que aquilo sobre que reclamam efectivamente pode prejudicar a classe agrícola -, resolvi, Sr. Presidente, trazer a esta Assembleia o eco dessa reclamação.
E um lugar com um, Sr. Presidente, afirmar que o motor de explosão transformou o Mundo. Efectivamente, quando apareceu essa primeira e tímida experiência do primeiro motor de explosão, ninguém supôs até onde essa pequena e rudimentar máquina podia conduzir: a uma transformação completa na vida da Humanidade. De facto, Sr. Presidente, há muito já que começou e continua a luta entre o rail e a estrada. Em Portugal as companhias de caminho de ferro tiveram, todavia, uma vantagem: essa luta chegou ao nosso país muito depois de ter chegado aos outros; e a razão foi muito simples: as nossas estradas, que tinham quase vencido Junot, também tinham vencido o progresso.
Não era possível fazer caminhar os automóveis nas nossas estradas. Recordo ainda, Sr. Presidente, uma desmantelada camioneta, unia velha Ford, atada com arames em muitos sítios, que fazia o transporte da sede do meu concelho ao caminho de ferro.
Poucas pessoas se arriscavam a essa viagem temerosa.
Quando há cinquenta anos fui para a linda vila de Alenquer a grande maioria das pessoas gradas da terra nunca tinha vindo a Lisboa. E, todavia, o comboio nessa altura custava apenas 6 tostões.
A camioneta veio decididamente facilitar por tal forma as comunicações que se tornou deveras aliciante, pois não era como o comboio, que passava distante das povoações, mas vinha, por assim dizer, a casa. E em quase todas as cidades, vilas e aldeias de Portugal como que se abriu uma janela para o Mundo, sendo extraordinariamente facilitadas as comunicações entre os povos.
Assim, Sr. Presidente, não há hoje, pode dizer-se, um trabalhador que não vá aos centros mais impor-