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29 DE OUTUBRO DE 1952 853

Os elementos fornecidos pelo Ministério das Comunicações em satisfação do requerimento apresentado pelo Sr. Deputado Galiano Tavares e outros Srs. Deputados na sessão de 1 de Abril.
Os elementos fornecidos pelo Ministério das Comunicações em satisfarão do requerimento apresentado polo Sr. Deputado Pinto Barriga na sessão de 1 de Abril.
Chegaram hoje à Mesa os elementos fornecidos pelo Ministério das Corporações e Providencia Social em satisfação do pedido do Sr. Deputado Manuel Lourinho.

Pausa.

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados: tenho de levar ao conhecimento da Assembleia um facto que sem dúvida a vai impressionar dolorosamente: no interregno das sessões parlamentares faleceu o antigo parlamentar Dr. Correia Pinto. O Dr. Correia Pinto ocupou nesta Assembleia um lugar do merecido relevo. Ele foi, sem dúvida, um dos mais ilustres representantes não só da tribuna sagrada, mas da oratória parlamentar em Portugal.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Sr. Presidente: - E, porque aliava a estas qualidades as de um sacerdote bondoso e exemplar o as do mais esclarecido patriotismo, creio interpretar os sentimentos da Assembleia fazendo exarar na acta de hoje o profundo pesar da Câmara.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Sr. Presidente: - Está na Mesa um ofício do 2.º juízo da comarca de Setúbal solicitando autorização da Câmara para o Sr. Deputado Miguel Bastos poder depor naquele juízo no dia 4 de Dezembro, pelas 14 horas.
Informo a Câmara do que aquele Sr. Deputado não vê inconveniente na satisfação do mesmo pedido.
Consultada a Câmara, esta concedeu a autorizarão solicitada.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra antes da ordem do dia o Sr. Deputado Alberto Cruz.

O Sr. Alberto Cruz: - Sr. Presidente: ninguém em Portugal desconheço, por mais rudimentar que seja a sua ilustração, que. há séculos, conjuntamente com os vizinhos do lado, descobrimos, percorremos, civilizámos, ou, melhor, cristianizámos, mais de metade do Mundo e, após essa extenuante tarefa, adormecemos longos anos à sombra da História, a sonhar com as glórias do passado, esquecidos de tudo e todos, neste recanto ocidental da Europa!
Muito poucos, fora das nossas fronteiras, conheciam as belezas incomparáveis das nossas terras, a doçura do nosso clima e a afabilidade da nossa gente, tão hospitaleira, e acolhedora.
Mas nos últimos tempos, por razoes bem conhecidas, tudo mudou. A miséria física a moral, que campeou durante alguns séculos, foi veranear por outros países, para ceder o lugar a este quase inconcebível renascimento que canalizou as atenções do Mundo, cujos povos não estão agora a descobrir, percorrendo as nossas magnificas estradas, extasiando-se perante deslumbrantes panoramas que se lhes desenrolam a todos os momentos e gozando fartamente a delicio-a o incomparável segurança em que vivemos, por mercê de Deus e também dos homens.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Ora. Sr. Presidente, em face destes incontestados factos, têm o Governo, as autarquias locais e a imprensa falado no desenvolvimento da. entro nós, incipiente indústria de turismo, que inteligentemente orientada pode, sem demasiado esforço, traduzir-se nas ambicionadas divisas, tão de agrado de financeiros e economistas e dos responsáveis pelo bem-estar dos povos.
Cada vez são mais os visitantes, e por isso cada vez é maior a propaganda de Portugal em todos os recantos da Terra, tendo nós de aproveitar tudo o que possuímos, desde Melgaço ao Algarve, para corresponder à preferência que nos dão.
Vivo numa região, Sr. Presidente, que parece um recanto do Paraíso, tantas são as tentações paisagísticas que lá, se encontram. É Viana do Castelo e o seu monte de Santa Luzia, com panorama do sonho; é Barcelos, com o monte da Franqueira, onde o alcaide de Faria, imolou a vida no amor e fidelidade à Pátria e ao seu senhor; é Guimarães, laboriosa, com o monte da Penha, no mais alto do qual Pio IX domina e abençoa as terras circunvizinhas; é Santo Tirso, ainda quase no coração do Minho, com o seu monte da Assunção, do vastos e deslumbrantes horizontes que alcançam a cidade do Porto, o mar e as serranias minhotas: é, finalmente, Braga, das igrejas católicas e dos arcebispos, que pela sua fé e pelo seu reino pelejaram bravamente com a empada, ostentando a cruz. Também Braga tem a sua montanha, a que chamam sagrada, onde se encontram o Bom Jesus, o Sameiro e a Falperra.
O Bom Jesus, maravilhosa estância de repouso, onde a arquitectura majestoso, do artista, do génio se casa admiravelmente com a exuberante natureza do local e onde só ouve por todos os recantos o murmúrio cantante das fontes aos pés dos profetas de granito desse, divino bosque.
O Sameiro centro de peregrinação e de Fé, onde não se passa um só dia do ano, chova ou neve, haja frio e vento de enregelar ou calor ou sol de escaldar, em que os crentes se não acerquem do seu templo, para ajoelhar aos pés da Virgem e agradecer benesses recebidas ou pedir graças e auxílios para as aflições da sua vida.
Finalmente a Falperra, já despida de lendas de bandoleiros e ladrões que se acoitavam por trás das suas altas penedias o que hoje oferecem aos visitantes um vastíssimo observatório das belezas sem par da redutora região minhota.
É interessante notar que no cimo de todos estes montes se erguem templos grandiosos em honra de Cristo ou de Sua Mãe, construídos em fortes blocos de granito regional, que debatiam o tempo e as intempéries, simbolizando bem a perenidade da nossa civilização!
Tenho acompanhado muitas vezos destacadas personalidades nacionais e estrangeiras por todos esses enfeitiçantes lugares e deles colhido impressões que tenho pena de não poder, por não saber, reproduzir.
Mas, Sr. Presidente, neste país, quando se fala em turismo, parece que ele se confina a Lisboa, com a linha dos Estoris, Cascais e Sintra e ultimamente, Alcobaça, Batalha e Fátima.
Sim, Sr. Presidente, esses maravilhosos recantos do nosso país são bem dignos do muito que por eles tem feito o Governo da Nação, e eu bendigo tudo o que ainda se possa e deva fazer para os valorizar cada vez mais, mas peço também olhares misericordiosos para as terras do Norte, que imprimem em quem as visita recordações que jamais se apagam e julgo acto de boa administração e óptima aplicação dos dinheiros públicos o estudo cuidadoso de tudo o que diga, respeito a desenvolvimento turístico desses privilegiados lugares.