29 DE OUTUBRO DE 1952 855
passado, antes comem que pelo exercício de virtudes cívicas nos tornemos dignos deles.
Fomos efectivamente grandes nessa época e ainda hoje podemos sê-lo no exercício das virtudes cívicas próprias dos novos tempos. Mas podem rolar os séculos e dar-se as transformações que se quiserem no mapa do Mundo que a empresa dos Portugueses, iniciada e mantida pelo Infante de Sagres, há-de constituir sempre o nosso maior título de glória.
Mas fomos tão longe em tal empresa, Sr. Presidente, que excedemos as próprias possibilidades. E daí o cairmos de golpe, porque tamanho esforço exauriu a Nação, além de que não soubemos aproveitar as utilidades materiais que derivavam dos nossos feitos e levávamos até à Índia os produtos das outras nações, em vez de com o paralelo desenvolvimento da produção nacional, agrícola e fabril, conduzirmos os próprios produtos.
Por isso, pode afirmar-se que essa obra das descobertas em que se empenhou a Nação e que nos dá glória só traduziu para nós, nos aspectos materiais, na vida económica da Nação e no bem-estar dos seus habitantes, numa autêntica desgraça!
E assim o previu o infante D. Pedro, esse notável estadista do século XV, morto em Alfarrobeira, ao afirmar que não devíamos sacrificar a cultura da metrópole às empresas do ultramar, porque isso significaria, dizia ele, "trocar uma boa capa por um mau capelo". E até na epopeia nacional, e no preciso momento em que a armada, do Vasco da Gama se despede da terra portuguesa em demanda da Índia, aparece o velho do Restelo a expressar, com sabedoria c experiência, a político, sensata daqueles que preconizavam em primeiro lugar o desenvolvimento económico da Nação.
Período foi este, sem dúvida, Sr. Presidente, de esplendor e de glória para Portugal, mas não só pode dizer certamente que tivesse sido de sã e equilibrada economia metropolitana, de desenvolvimento das riquezas nacionais e do fortalecimento das suas forças produtivas - da sua agricultura, e da sua indústria.
Por isso, a esse período seguiu-se a própria perda da independência pátria e, com isso, a concorrência dos Holandeses e dos Ingleses, que nos batiam nos marés, no Oriente e no Brasil.
Tivemos, Sr. Presidente, mais tarde, na segunda metade do século XXVII, um estadista de mérito, sob certos aspectos, e de pulso firme, que reformou as finanças do Estado, desenvolveu economicamente a Nação e procurou colocar o País a par do progresso das demais nações europeias - o marquês de Pombal.
Mas o grande Ministro de D. José, que realizou no País uma obra notável em que avulta a reedificação desta nobre cidade de Lisboa após o terramoto que a arrasou, sepultando no Tejo tanta riqueza artística e destruindo grande parte das obras de arte da capital; a reforma da instrução pública, com o novo plano de estudos dado a Universidade de Coimbra, paru onde chamou professores estrangeiros de grande mérito, e com a criação do Colégio dos Nobres, tentando executar no ensino as ideias de Luís Verney e procurando integrar o País no pensamento europeu da época: a protecção à agricultura, à indústria e ao comércio, sob várias formas; o apetrechamento da nossa marinha de guerra e mercante, e a reorganização do nosso exército e a defesa do País com a construção de fortificações -, o grande Ministro, repito, durante cerca de vinte e sete anos do seu governo praticou, além dessa obra, que o inculca como estadista enérgico e de larga visão, alguns actos de estreiteza de espirito que o inferiorizam, como o incêndio da Trataria e as execuções dos Távoras e do padre Malagrida!
Salazar, por isso, Sr. Presidente, supera, sem dúvida, como estadista, o marquês de Pombal, porque, com mais equilíbrio de faculdades, é infinitamente mais compreensivo, mais humano, mais justo, e é mais fiel intérprete da consciência nacional.
Vozes: - Muito bem, muito bem!
O Orador:- Eu creio mesmo. Sr. Presidente que Salazar é o maior estadista da nossa história, de certeza, do Portugal moderno, o maior de todos, e que o País sob o seu governo atingiu a maior prosperidade até boje alcançada.
Com efeito, se não fora Salazar, o movimento da força armada de Maio de 1926 não passaria duma nobre intenção do Exército português de pôr termo à ruinosa administração pública que se vinha exercendo e à política dos partidos, feita somente de habilidades, e de criar as condições necessárias a um governo estável que tratasse a sério dos problemas nacionais: e este gesto de puro o acendrado patriotismo do nobre Exército de Portugal, gesto que nunca é demais colocar no merecido relevo, acabaria numa mera esperança do ressurgimento nacional.
Vozes: - Muito bem, muito bem!
O Orador:- Mas Salazar intervém a tempo no Governo da Nação. E é ele quem vai dar estrutura constitucional e política à nova vida pública portuguesa, e com essa estrutura cria-se o regime necessário a um Governo estável e a uma administração profícua.
Vozes: - Muito bem!
O Orador:- E então, com a necessária restauração do prestígio da autoridade, firma-se a ordem pública: equilibram-se os orçamentos do Estado; restaura-se o crédito público; dignificam-se os poderes do Estado: moraliza-se a administração pública: dá-se satisfação à consciência religiosa do País; consertam-se estradas e abrem-se outras de novo: constroem-se hidroeléctricas de grande vulto: dotam-se os portos com as obras necessárias à função que desempenham: reorganiza-se o Exército e faz-se o seu rearmamento: dota-se a Marinha com navios de guerra; aumenta-se a frota da marinha mercante: fortalece-se a unidade imperial; coloniza-se o ultramar português; restaura-se o nosso património artístico: fomenta-se a agricultura e a indústria, e Portugal assume o lugar honroso que lhe compete no concerto das nações, cobrindo-se de prestigio internacional.
Vozes: - Muito bem, muito bem!
O Orador:- E toda esta obra notável, que apenas ligeiramente se aflora aqui, deve-se a Salazar, eminente estadista de renome mundial, que alia às mais esclarecidas faculdades do entendimento a vontade forte e persistente de servir os interesses da nação portuguesa e da civilização do Ocidente.
Vozes: - Muito bem, muito bem!
O Orador:- Retomando a política de colonização interna dos reis da primeira dinastia e a do fomento da agricultura e da indústria do 3.º conde da Ericeira. Salazar abre aos Portugueses novos campos de actividade. Orgulhoso da sua qualidade de português, sente o desprestígio do País por causa da nossa incapacidade governativa e, graças à obra notabilíssima que realiza, conquista para Portugal o respeito de todas as nações e mercê da sua larga visão e do seu génio político, conservando aliás antigas alianças, desenvolve e firma a política externa no elevado plano de todo o Ocidente.
Vozes: - Muito bem, muito bem!