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854 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 158

gastando o que for necessário e comparticipando e estimulando as iniciativas locais.
Sr. Presidente: por mal dos meus pecados, que são muitos, mas também por mercê de Deus, já gozo o direito à vida há sessenta e dois anos e tomei parte em acontecimentos vários no meu país. Uns tristes, que faço por esquecer, outros que recordo com saudade e que ainda iluminam a minha alma, como aquele, a que assisti em 1904, em Braga, por ocasião da comemoração da definição do dogma da Imaculada Conceição, padroeira de Portugal. Tal como no ano transacto em Fátima, como conclusão do Ano Santo, e sem os admiráveis meios de comunicação do presente, juntaram-se no Sameiro, nessa montanha sagrada, sobranceira à cidade de Braga, para cima de trezentas mil pessoas, segundo os cálculos de abalizados peritos, que, conjuntamente com todo o Episcopado Português, aclamaram a sua Rainha, proclamaram a sua Fé e avigoraram a sua esperança em dias melhores para a sua pátria e para os seus filhos.
Aproxima-se o ano de 1954, centenário da mesma gloriosa data, em que Braga, para não desmerecer os seus títulos de Roma portuguesa e forte baluarte do Cristianismo, o vai celebrar com pomposas festas que levarão aos pés da Virgem centenas de milhares de portugueses do continente e milhares de outros espalhados pelo Mundo, junto dos quais se está propagandeando o notável acontecimento.
Por tudo isto necessita o Sameiro do auxilio do Estado, e eu já acompanhei junto do Governo categorizadas personalidades da minha terra que expuseram as suas legítimas pretensões e o auxilio de que necessitavam para o bom êxito de tão momentosa realização.
No meio da confusão em que o Mundo se encontra não é perdido o dinheiro que só gasta no revigoramento da Fé e na união das almas à volta dos princípios que seguimos e defendemos.
Necessitamos trabalhar muito, e desde já com a maior energia, a fim de mostrar aos outros povos o que vale uma nação crente o confiante em Deus e nos homens que a governam!
O Governo também não desconhece que o movimento de 28 de Maio, que transformou radicalmente para melhor todos os lugares onde flutua a gloriosa, bandeira das quinas, foi iniciado lá em Braga, à sombra da Senhora do Sameiro, que passava pela cidade aos ombros dos crentes ao mesmo tempo que saiam dos quartéis os soldados da Revolução Nacional.
E o Governo também sabe que o Minho tem a maior densidade do população de Portugal, que lógica e naturalmente aumenta todos os anos.

A minha região é rica de Fé, de patriotismo e de belezas naturais, mas é pobre de meios e com a sua pobreza vive alegremente.
Com as obras projectadas vamos também levar a muitos lares o relativo conforto que o trabalho lhes pode proporcionar, e por isso ouso pedir ao Governo que ao ler no extracto da sessão de hoje desta Assembleia Nacional as singelas palavras que estou a proferir as tome como vindas das bocas de toda essa boa gente do Minho, que fervorosamente reza nas horas de sofrimento e alegremente canta nas de extenuante labor.
Disse.

Vozes:- Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Pinho Brandão: - Sr. Presidente: em 27 de Abril de l953 completam-se vinte e cinco anos sobre a data em que o Professor da Universidade de Coimbra Sr. Doutor António de Oliveira Salazar tomou posse, como Ministro das Finanças, do Estado Português.
O País deve comemorar condignamente os vinte e cinco anos do Governo e da administração salazarista o esta Assembleia Nacional, que legitimamente representa a Nação, não pode ficar indiferente à comemoração desta data histórica e deve nela tomar parte activa.

Vozes: - Muito bem!

O Orador:- Com efeito, mesmo aqueles que, como eu, por terem sido seus alunos, admiravam em Salazar os dotes de inteligência, servidos por uma sólida cultura humanista, e faziam justiça ao eminente Professor de Finanças e Economia mal poderiam supor que naquela data, hoje histórica para a nação portuguesa - 27 de Abril de 1928 -, se inaugurava no País um período dos mais brilhantes da história do Governo e da administração pública.

Vozes: - Muito bem!

O Orador:- É certo que nas palavras que proferiu no acto da posse se viu logo que ficava à frente do então mais delicado departamento do Estado, além dum técnico de superior competência, um homem de vontade forte, decidido a sacrificar-se pelo País e a normalizar definitivamente a vida financeira do listado Português. E passado pouco mais dum mês, em 9 de Junho, perante a oficialidade do nosso Exército, reunida no Quartel-General de Lisboa, expunha os problemas fundamentais da Nação e a ordem da sua solução, mostrando profundo conhecimento do mal-estar que afligia o País, das causas da péssima situação em que Portugal vivia e dos remédios que era preciso aplicar ao doente. Via-se que despontava no Governo da Nação um estadista eminente com capacidade para enfrentar os grandes problemas nacionais e para os resolver com eficácia e bom senso.
Mas, Sr. Presidente, constituiria o Prof. Oliveira Salazar apenas uma esperança como tantas outras, ou viria a ser uma certeza? Os costumes políticos do País herdados do passado viriam a ser dominados pelo estadista que despontava ou inutilizariam a acção do governante que surgia?
Sr. Presidente: os vinte e quatro anos decorridos mostram-nos que Salazar dominou os velhos costumes políticos que levavam o Poder a transigências e, consequentemente a fraquezas e revelam inequivocamente Salazar, se não o maior, um dos maiores estadistas de toda a história pátria.

Vozes: - Muito bem!

O Orador:- Certamente que tivemos períodos mais brilhantes e gloriosos, períodos em que se afirmaram as qualidades heróicas e guerreiras dos Portugueses, os quais foram determinados, além do mais, pela nossa posição geográfica, de povo debruçado sobre o Atlântico, e por circunstâncias de ocasião. E a nação portuguesa afirmou-se como principal obreira do progresso da humanidade c da civilização "dando mundos novos ao Mundo".
Todos sabem que na era de Quinhentos, Portugal, ao lado da Itália, esteve à frente de todas as nações e concorreu decisivamente, pelas descobertas que empreendeu, para o grande movimento que então surgia - o Renascimento -, descobertas que trouxeram o conhecimento da Terra, na sua forma e na sua extensão, proporcionaram enorme avanço nas ciências da natureza e fizeram emergir das trevas uma grande parte do género humano.
Escrevemos efectivamente então com os nossos feitos ilustres uma história de grandeza, mas não adormeçamos à sombra desses feitos, em excessiva contemplação do