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260 DlÁRIO DAS SESSÕES N.º 177

O Sr. André Navarro: - Sr. Presidente: as minhas primeiras palavras são de louvor. Mas, digamos já, não é para louvar o que representa sequência de um estado que passou a ser normal neste pais sob o signo de Salazar. E, por consequência, se há que louvar, já não o propriamente o novo passo que se vai dar em fronte para a melhoria das condições de vida da grei, mas tão- somente a melhor estruturação do novo plano de investimentos, por forma a puder continuar-se a realizar o que é necessário em matéria de fomento, nas condições da mais perfeita economia de recursos e de esforços. È esta a única razão de ser do aplauso, e este não pode deixar de ser caloroso pelo valor excepcional da empresa que se continua.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Refere-se o Plano de Fomento a realizações das mais diversas, que vão desde o campo da produção de energia às várias fases do seu aproveitamento, todas elas de larga projecção na vida económica do País e dizendo respeito u aspectos que interessam toda a extensão do território de aquém e de além-mar.

A sua larga projecção na economia nacional criará assim, decerto, reflexas em todos os pontos onde palpitam corações de portugueses, nesse grande espaço que constitui o mundo lusíada.

Serão progressivamente aproveitados novos mananciais de energia hidroeléctrica; aumentar-se-á, por forma sensível, a área beneficiada pela hidráulica agrícola; serão estabelecidas novas indústrias- base e ampliada a produtividade de outras; novos estímulos serão dados não actividades manufacturarias; serão melhorados e ampliados os meios de transporte terrestres, marítimos e aéreos, por forma que estes possam satisfazer as necessidades crescentes do ritmo circulatório; será ainda aumentado sensivelmente o rendimento do labor dos trabalhadores dos vários misteres.

E tudo isto será feito sem delapidar capital e apenas tornando mais caudalosas as fontes do rendimento. Tornar-se-ão assim, mais íntimos os laços que nos prendem, os que ligam irmãos do mesmo sangue das várias partes do império, e menos sensíveis os desníveis que nos separam, no conjunto da grande família lusa.

Numa palavra: passaremos assim, com o decorrer do tempo, a sua mais fortes e mais unidos.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - E isto tudo, que é imenso, prevê-se poder ser efectuado num tempo que dá à geração do resgata possibilidades de assistir à maturação dos primeiros frutos do seu próprio sacrifício. E ainda -o que é de realçar- grande parte do que é necessário realizar se--lo-á baseado quase exclusivamente aio esforço financeiro da Nação.

E, finalmente, se formeis bem sucedidos, como tudo leva a crer tendo em atenção a elevada mística que nos anima, teremos conseguido ter neste Mundo revolto um exemplo salutar, que muito bem poderá vir a dar os seus bons frutos numa época em que a Humanidade, procurando uma luz que a ilumine, só encontra a penumbra da mediania ou a sombra do génio do mal, que luta por fazer do homem simples galho entre os muitos que constituem a frondosa árvore da criação.

A Lei de reconstituição Económica, que constitui o fundamento legal preambular do grande esforço de fomento do século que decorre, permitiu-nos colher na sua objectivarão larga soma de conhecimentos para melhor desbravar os raminhos ainda confusos do futuro, no sentido de elevar as condições de existência material do povo português.

Foram despendidos durante a sua vigência cerca de 14 milhões de contos, e dessa importância 10 milhões no fomento económico do País. Ao cabo deste apreciável investimento An capitais, que deve ser considerado como notável por ter sido realizado num momento bem difícil da vida económica do Mundo, o rendimento nacional deverá ler aumentado sensivelmente.

Contudo ele ainda é semelhante ao dos povos de vida modesta que habitam a orla do mar Mediterrâneo.

Tratou-se, pois e julgo que dentro de uma sã orientação, em primeiro lugar -permitam-me a expressão- de vitalizar um corpo doente de há muitos Insiro, procurando dar-lhe novas energia. Estimulou-se ao mesmo tempo a circulação nesse organismo depauperado.

E agora, para prosseguir na cura. que terá de ser lenta, é lógico que se continue com a terapêutica já traçada.

A cada novo afluxo de energias corresponderá, decerto, um novo passo em frente para a cura radical da maleita, que de início se julgou impossível debelar.

Vida de alto nível, nível baixo de existência. Povos ricos e povos pobres. Nações muito ou pouco evoluída». Alto ou baixo rendimento nacional, etc., são tudo expressões que hoje correm mundo em muita, e variados sentidos e postas a correr com vários fins, conforme, o vento que as sopra.

Direi mesmo que muito ou pouco, alto ou baixo, grande ou pequeno, tudo ou nada significam no mundo da economia, tudo dependendo dos desejos de, quem diz ou das intenções de quem ouve. 'E qualquer destes estados se situa nas posições mais diversas perante a opinião pública, conforme o ângulo de visão em que o mesmo é posto por quem governe, isto é, a perspectiva do fenómeno considerado.

Dizem os economistas, por exemplo, que o carvão fóssil e o ferro foram o volante da civilização industrial, e que essa força atirou para o arranha-céus do 'evoluído - latinos, germanos e anglo - saxões. Estes tiveram, assim, para atingir posição de realce, apenas de possuir a virtude de terem nascido onde nasceram.

Não será, porém, errado também dizer com ,alguns pensadores que a ausência desses mesmos factores não impediu o levantamento, fora das antigas florestas do carbónico, de notáveis edifícios dos grandes ideais humanos. E que esse mesmo material que gerou a Europa, do cavalo-vapor seria simples imaterial do construção acumulado se não fosse o facto de a sua ausência ter criado noutros lugares o imponderável que tudo animou. E o exemplo, embora camuflado, está hoje patente para além da cortina ide ferro.

E assim não é possível aceitar como boas comparações feitas, possivelmente muitas delas com a boa intenção de dar à Humanidade dias mais felizes, e que hoje cobrem resmas de papel, mas entre coisas que não são da mais subjectiva comparação.

Assim. também é hoje uso aferir o nível ide existência de um povo pelas capitações maiores ou menores, e que vá o desde o kilowatt de energia utilizável ao quantitativo de calorias disponíveis para o sustento.

Mas despreza-se sempre, nos juízos a fazer, aquela energia que não pode ser expressa em kilowatts e que representa, por exemplo, nas nações agrárias, todo o viço do uma população trabalhadora e quanto ao sustento, aquelas calorias nem conta que não chegam às estatísticas, mas que não deixam, por isso, de aquecer os corpos.

E assim direi, para completar o meu pensamento sobre este assunto, que tanto preocupa políticos de várias cores e toda uma multidão de técnicos, que vai desde o economista mais ou menos matemático ao médico mais ou menos fisiologista, que, conforme o adágio