11 DE DEZEMBRO DE 1952 259
ministrado no ensino agrícola. Tudo isto caberia talvez dentro dos 15:000 contos.
A soma de 45:OUO contos para reconstruções subdivide-se em 30:000 para a 'cidade de Dili e 13:000 para o interior, devendo incluir edifícios na capital e edifícios para serviços públicos e missões católicas 110 interior.
Seria interessante unia discriminação entre os dois objectivos, dado mie as missões, embora, com assistência :do Governo da província, vivem e trabalham com autonomia os dois objectivos são plausíveis.
O Colégio Missionário da Mardiana, por exemplo, que está em construção, poderá porventura custar um terço da verba. Há outros colégios missionários em construção e reconstrução. Mas seria conveniente também, para prestígio da autoridade portuguesa, que fossem mandadas construir casas de alvenaria paru funcionários que vivem no interior da ilha em casas de palaba e capim. Não seria possível um reforço da verba consignada ou um esforço complementar por subsídio metropolitano ou por verba orçamental? Seria óptimo.
Por certo não se prevêem despesas com a produção p fornecimento de energia eléctrica a Díli, o que é pena.
Além do mau aspecto das ruas da capital do Timor português, imersas à noite em profunda escuridão, há a ponderar que têm ali muitas iniciativas particulares esbarrado com a falta de energia eléctrica.
Sugerem-me que talvez meia dúzia de milhares de contos bastasse para solucionar o problema. Poderia ser transferida da soma de 30:000 contos para reconstrução da capital?
Sem dúvida, embora, sobretudo para reconstrução, as verba» agora destinadas a Timor tenham benéficos resultados. Oxalá novos empreendimentos, embora modestos, possam ser encarados em futuros planos e sobretudo, num índice bem expressivo, 'encontrem o necessário financiamento ou parte dele no» saldos de contas da própria província.
Não está presente cairo nós o Deputado por Timor, nosso ilustre colega Prof. António de Almeida, que ainda se encontra em missão científica em longínquas paragens angolanas. Muito estimarei que as minhas singelas considerações sobre a parte do Plano referente a Timor mereçam a sua esclarecida concordância.
A Guiné, S. Tomé, Angola, Moçambique, índia e Macau têm aqui quem haja, mais de uma vez, pugnado pelas principais realizações requeridas por essas províncias e volte a fazei-lo ainda. Eu próprio já tive a honra, nos anos anteriores, de me referir especialmente a problemas importante -mesmo para a Guiné e Moçambique, por impressões colhidas directamente - da colonização, da política indígena, do fomento, da investigação científica, etc.
Não reeditarei agora considerações já feitas. Limito-me a exprimir o meu júbilo de português pêlos vultosos empreendimentos projectados ou já em curso, sobretudo em Angola c Moçambique, que, como é natural implicam, só as duas, mais de cinco sextos da totalidade dos encargos previstos no Plano paira o ultramar.
Apenas ainda duas rápidas notas. Acaba de se fundar em Hong-Kong na respectiva Universidade um instituto para estudo dos problemas da pesca.
Não seria interessante, apesar das restrições naturais e regionais a esta junto de Macau, fazer na nossa cidade; do Extremo Oriente qualquer centro de investigação com objectivo paralelo ou análogo e Julgo que sim.
Também considero urgente a necessidade da existência de investigadores portugueses jia estação de biologia marítima da Inhaca, mi baía de Lourenço Marques Sei que essa necessidade é reconhecida pelo
Governo - Geral da província Até. agora só ali têm trabalhado cientistas estrangeiros.
Registarei por fim que os orçamentos de Angola e de Moçambique para o ano corrente já proviam verbas pura instalação de centros ou institutos de investigação científica nos dois territórios.
E uma iniciativa perfeitíssima, para indispensável - útil cooperação de investigadores locais c metropolitanos e pura o desenvolvimento cultural das duas províncias.
Esses institutos, análogos aos franceses e belgas, terão maior indicação e oportunidade do que a criação de Universidades ultramarinas, as quais são por enquanto substituíveis com vantagem por bolsas de estudo numerosas a estudantes do ultramar para frequência das Universidades metropolitanas.
Eis um dos capítulos em que a unidade, a interligação entre a metrópole e o ultramar se podem e devem intensificar mais depressa, se podem devem afirmar e fortalecer, com vantagens políticas evidentes com utilidade incontestável para o inventário desenvolvimento dos recursos e possibilidades naturais e humanas de todo o Portugal, para a conexão integral e indispensável dos interesses e aspirações dos Portugueses da metrópole e de além oceano.
Estou convencido de que um tal espírito animou a elaboração e fecundará a execução do Plano de fomento que só por si deve ser uma garantia dos mais gloriosos destinos pura a Pátria u pura u gente portuguesa .
Não vim proclamar que o Plano é perfeito, maravilhoso, mirífico. Acho-o mesmo longe da perfeição. Nem sequer ele corresponde, em amplitude o pormenor, ao que se delinearia noutras mentes também sem ambições desmedidas.
Mas considero-o sério, honesto, útil, em grande parte viável, e, sobretudo, necessário, indispensável, e recebo-o por este motivo com júbilo, entusiasmo e louvor, aceites naturalmente os princípios da sua flexibilidade e do prosseguimento em larga escala dos estudos a que me referi.
Finalizo deste modo com palavras de aplauso caloroso à iniciativa tomada pelo Governo e de estímulo a todos os aperfeiçoamentos que se reconheçam aconselháveis. As modificações, esses aperfeiçoamentos estão na natureza destas coisas.
Os estudos não param. Os processos evoluem. Entre o começo e o fim da 'construção de lima barragem podem variar as técnicas e até indicações. Porém, hesitar, cruzar os braços, na expectativa de uma perfeição inatingível, seria desolador, horrível. Parar è morrer.
Não nos devem atemorizar as dúvidas que subsistem, algumas objecções pertinentes, limitações dos nossos recursos. O estudo e a reflexão ditarão o melhor caminho, em face das dúvidas e objecções, no decurso da execução do Plano.
Quanto a recurso:-, ainda os temos de sobra se os buscarmos e valorizarmos com inteligência e perseverança. Aliás, a fé, o espirito humano valem mais do que todo o ferro, todo o petróleo, todo o ouro do Mundo.
Serenamente, cônscio das virtualidades lusitanas, nunca me resignaria, como português, a admitir que a nossa acção futura se confinasse, tímida e apartadamente, em proporções mesquinhas.
Benvindo seja, pois tudo o que ofereça perspectivas largas, justas belas e fecundas ao papel de Portugal no porvir.
Tenho dito.
Vozes: - Muito bem, muito bem!
O orador foi muito cumprimentado.